Governo do Amapá participa de encontro internacional sobre emergência sanitária da cultura da mandioca, em Belém
Objetivo do evento é desenvolver estratégias na região amazônica para prevenir o impacto e a propagação da doença conhecida como ‘vassoura-de-bruxa’

O Governo do Amapá participa até esta quinta-feira, 27, em Belém, do Workshop Internacional sobre Emergência Sanitária da Cultura da Mandioca na Amazônia. O evento internacional reúne órgãos do Brasil, Suriname, Colômbia e Guiana Francesa, para desenvolver ações integradas de pesquisa e extensão nas áreas afetadas pela ‘vassoura-de-bruxa’.
O evento tem por objetivo desenvolver uma estratégia na região para prevenir o impacto e a propagação da doença, causada pelo Rhizoctonia Theobromae na mandiocultura, visando interromper o ciclo de transmissão a outras regiões e espécies, além de garantir a soberania alimentar e a conservação do patrimônio biocultural da região.
Representando o Governo do Amapá, o diretor presidente do Instituto de Extensão, Assistência e Desenvolvimento Rural (Rurap), Jorge Rafael, falou sobre as frentes de trabalho deflagradas pela gestão em 2024 e anunciou as próximas medidas implantadas ainda em 2025:
- 1 – Frente de controle fitossanitário
o Instalação de barreiras fitossanitárias pela Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária do Estado do Amapá (Diagro);
o Busca ativa de produtores de mandioca priorizando as áreas de risco (Rurap);
o Coleta e envio do material para análise laboratorial (Diagro).
- 2 – Frente de Assistência Social
o Doação de kits de alimentos às famílias indígenas e não indígenas afetadas pelas secretarias de Estado da Assistência Social (Seas), Extraordinária dos Povos Indígenas (Sepi) e Defesa Civil;
o Aquisição de manivas, sementes de alto rendimento e sementes de outras culturas alimentares e distribuição às comunidades afetadas, pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural (SDR), Sepi e Rurap.
- 3 – Frente de educação e comunicação
o Reuniões públicas e palestras nas redes dos municípios e comunidades rurais (Rurap);
o Produção de cartilha educativa em línguas indígenas, francesa e portuguesa pelas secretarias de Estado da Ciência e Tecnologia (Setec), Comunicação (Secom) e Sepi;
o Criação de grupos de WhatsApp entre técnicos e agricultores por município para socialização de informações e ações (Rurap).
- 4 – Frente de Apoio à Pesquisa e extensão
o Apoio a implantação do campo de multiplicação de manivas resistentes nas terras indígenas (Embrapa, Funai, Sepi, SDR, Rurap);
o Implantação de estufas termoterápicas hidropônicas para multiplicação rápida de manivas sementes nas comunidades rurais de todos os municípios (Rurap);
o Incentivo ao plantio de culturas frutíferas, leguminosas e grãos em substituição em áreas de mandiocultura afetadas (SDR, Rurap e Afap);
o Reforma administrativa do órgão de extensão rural do estado e investimento na infraestrutura e logística de campo e no acesso a tecnologia e conectividade (Rurap)
o Criação de uma unidade de gestão específica para o atendimento às populações tradicionais – ATER Indígena (Rurap);
Próximos passos do Governo:
- Implantação de biofábrica de micro propagação de materiais genéticos resistentes;
- Implantar campo de multiplicação de manivas resistentes em área não indígena;
- Implantação de mais estufas termoterápicas em todo o interior do estado;
- Testes de uso de fungicidas certificadas nas áreas afetadas;
- Intensificar a busca ativa de observação e registro de plantios de mandioca nos 16 municípios.
Após as discussões desse primeiro encontro, ficou definido que os representantes governamentais e não governamentais dos diversos países presentes no evento vão buscar meios de cooperação e captação de recursos em conjunto, a fim de compartilhar estudos e conhecimento científico sobre a doença e atrair recursos para a prevenção e o combate, sobretudo na propagação de materiais genéticos comprovadamente resistentes aos efeitos do fungo.
“Para evitar que essa doença tomasse grande proporção, o Governo organizou uma verdadeira força tarefa, combinado: ações de controle sanitário para evitar a expansão da doença; ações de educação e comunicação para a prevenção e o combate à praga; apoio as ações de pesquisa e extensão para a produção de manivas resistentes e incentivo a outras culturas agroalimentares; e ações de assistencial social às famílias afetadas”, diz Jorge Rafael.
Tratativas conjuntas
Para combater a doença, setores ligados à cadeia produtiva da agricultura familiar do Governo do Amapá se reuniram em fevereiro, com cerca de 60 lideranças indígenas em Oiapoque, onde foram apresentados projetos e benefícios estaduais e federais oferecidos aos indígenas e tratativas de defesa fitossanitária contra a praga ‘Rhizoctonia theobromae’, durante Conselho de Caciques.
Entre as diversas políticas públicas e oportunidades apresentadas, foi destacada a política de ATER Indígena, com uma abordagem dialógica que respeita as características e tradições culturais e promove uma assistência técnica diferenciada com foco na valorização cultural, fortalecimento organizacional e segurança alimentar dos povos indígenas. No anúncio o Governo garantiu e já cumpriu a contratação de 10 agentes ambientais indígenas para atuar como agentes de educação e extensão rural no combate a praga conhecida como “vassoura de bruxa” da mandioca.
Base alimentar
Em Oiapoque existem três terras indígenas, a Uaçá, Juminá e Galibis, ontem vivem povos originários de 68 aldeias, todas atendidas pela Secretaria Extraordinária dos Povos Indígenas (Sepi), Rurap, Diagro, Seas, Defesa Civil e demais órgãos dos Eixos Econômico e de Cidadania do Governo do Amapá, com diversas ações de atendimento sócio assistencial, de políticas de saúde e educação indígenas, e de controle fitossanitário, pesquisa e extensão rural, sempre atuando em parceria com órgãos do Governo Federal.
Segundo dados do Mapa, Embrapa e Rurap, o aparecimento da doença iniciou no município de Oiapoque, nas terras indígenas, seguindo para Calçoene (Vila Carnot), Amapá, Pracuúba, Tartarugalzinho e Pedra Branca do Amapari, com sério risco de expansão para o Leste e Sul do Amapá, além do Pará.
A mandioca está entre as plantas mais importantes para região norte por ser a base da alimentação de grande parte da população, sendo o cultivo de maior importância depois do trigo, arroz, milho, batata e cevada, no centro-sul do país.
Sintomas
O encontro também evidenciou que os principais sintomas causados nas plantas, em função da doença, são ramos deformados e secos, nanismo, brotos fracos e finos nos caules, além de clorose, murcha e morte das plantas. Sua dispersão pode ocorrer mediante material vegetal infectado, ferramentas de poda, solo, água e movimentação de plantas entre regiões.
Deixe seu comentário
Publicidade