Cidades

HU-Unifap registra três casos de malária em 2025 e reforça cuidados com a prevenção

No Dia Mundial da Luta contra a Malária, hospital de referência alerta sobre riscos da doença, que concentra 99% dos casos na Amazônia


 

Silenciosa e potencialmente grave, mas tratável e curável se diagnosticada a tempo, a malária segue como um desafio para a saúde pública no Brasil. Referência no tratamento da infecção, o Hospital Universitário da Universidade Federal do Amapá (HU-Unifap), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), registrou três casos da doença ao longo deste ano, todos oriundos da capital do estado e sem óbitos. Em 2024, foram contabilizadas 22 ocorrências, com uma morte confirmada. Nesta sexta-feira (25), quando se celebra o Dia Mundial da Luta contra a Malária, o alerta é para que a população reforce as medidas de prevenção e contribua para conter a transmissão da doença.

 

A malária é causada por parasitas do gênero Plasmodium e transmitida pela picada da fêmea do mosquito Anopheles, com 99% dos casos concentrados na Amazônia Legal, segundo o Ministério da Saúde. Para Cynthia Martins, infectologista do HU-Unifap/Ebserh, a realidade da malária na região amazônica está diretamente ligada ao ambiente propício ao mosquito vetor e à negligência com medidas de proteção. “Aqui existe a presença constante do vetor e, infelizmente, nem sempre há a preocupação com o uso de repelentes, mosquiteiros ou telas nas residências”, pontua.

 

 

A médica também explica que os criadouros se formam em áreas de água limpa, parada e sombreada, muito comuns nos estados da Amazônia. “O mosquito costuma picar ao amanhecer e ao entardecer, mas também age durante a noite. Com esse comportamento, o risco de transmissão aumenta se as pessoas estiverem desprotegidas”, alerta.

 

A especialista destaca, ainda, que a prevenção deve ser uma prioridade. “Recomendamos o uso de mosquiteiros, roupas que cubram braços e pernas, telas nas portas e janelas, além do uso frequente de repelentes. São cuidados simples que salvam vidas”, garante.

 

Diagnóstico rápido pode evitar agravamentos

Os principais sintomas da malária incluem febre alta, calafrios, suor excessivo, dor de cabeça, fadiga e dores musculares. Em muitos casos, as manifestações ocorrem de forma cíclica, com crises intercaladas. Outros sinais, como náuseas, vômitos, mal-estar e falta de apetite, também são comuns. Quando não tratada adequadamente, a doença pode evoluir para formas graves, com risco de anemia severa, confusão mental, convulsões, insuficiência respiratória e até óbito.

 

 

Segundo Martins, o diagnóstico da malária é realizado por meio do teste de gota espessa, considerado o padrão-ouro. “Esse exame é a principal ferramenta para identificar a infecção e está disponível no Sistema Único de Saúde, o SUS. O diagnóstico precoce é o que permite iniciar o tratamento e evitar complicações graves”, explica.

 

A médica também destaca que o tratamento é gratuito e padronizado pelo Ministério da Saúde. A escolha do medicamento depende da espécie do parasita, da idade e do estado de saúde do paciente. “O Plasmodium vivax é o mais frequente na nossa região e costuma ser tratado com uma associação de medicamentos. Já o Plasmodium falciparum, embora menos comum, pode causar formas mais graves da doença e exige antimaláricos específicos”, afirma a médica. “O início imediato do tratamento, logo após o diagnóstico, é essencial para garantir a cura e interromper a cadeia de transmissão”, complementa.

 

Sobre as perspectivas futuras, Cynthia lembra que, embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) tenha aprovado duas vacinas contra a malária, elas ainda não estão disponíveis no Brasil. “Por enquanto, esses imunizantes estão restritos a alguns países africanos e são aplicados em crianças pequenas. Seguimos acompanhando os estudos e esperando a inclusão futura no nosso sistema também”, finaliza.

 


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