Cidades

Mais de 3 mil pessoas foram às ruas de Macapá neste domingo

Organizadores do protesto afirmam que público atendeu às expectativas


Mais de 3 mil pessoas foram às ruas de Macapá neste domingo, pedindo o impeachment da Presidente Dilma Roussef e em apoio à Operação Lava Jato, comandada pelo juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal de Curitiba, que já levou vários políticos e dirigentes de grandes empresas para a cadeia, apontados como protagonistas do maior escândalo de corrupção no Brasil, que resultou em desvios bilionários de recursos da Petrobras.
 
Em entrevista ao programa LuizMeloEntrevista na manhã desta segunda-feira, 14, um dos coordenadores do movimento #esse Impeachment é meu, Rafael Pimenta, o público atingiu as expectativas: “Mais de 3 mil pessoas atenderam ao nosso chamamento e mostraram a sua insatisfação. Aparentemente é um público pequeno, mas para a realidade de Macapá é um número significativo, considerando que ultrapassou a quantidade de participantes nos quatro protestos de 2015. Consideramos que foi uma grande vitória para a democracia. Quando não tem participação de partidos e de políticos, quando não tem interesses sociais, quando há interesse coletivo as pessoas part icipam; foi tudo dentro do esperado; foi um movimento pacífico, ninguém deu trabalho para a Polícia Militar, fomos até elogiados pelo capitão Davi, que comandou o esquema de policiamento, enfim, a participação popular foi muito satisfatória”.
 
Para Rafael Pimenta, a grande mobilização feita em todo o país, inclusive no Amapá, foi um recado direto para o Palácio do Planalto de que a população não está satisfeita: “O Brasil todo, inclusive o Amapá, já deu o recado para o atual governo, isto é, que quer o impeachmentda presidente Dlma. Resta, agora, ao Congresso Nacional fazer ecoar a voz do povo”.
 
‘Governo é legítimo’
 
Para o advogado criminalista Marcos Roberto, também ouvido no programa, as manifestações que ocorreram em todo país, inclusive em Macapá, são ‘inoportunas’ porque, na opinião dele, refletem o descontentamento da oposição, e não o pensamento da maioria da população: “Não concordo com o posicionamento do Rafael quando ele generaliza ao dizer que essa é a mensagem do povo brasileiro; graças à democracia o Brasil está livre para se manifestar; agora, em relação ao que aconteceu na manifestação, especificamente com relação às pautas, o Brasil está dividido, assim como aconteceu nas eleições de 2014, mas a maioria escolheu a Dilma pra governar o país; esse governo é legítimo, e apenas a oposição participou desse movimento”.
 
Na opinião do advogado, os maiores incentivadores do impeachment estão envolvidos em casos de corrupção: “É difícil a gente compreender que os que gritam contra a corrupção e estimulam o afastamento da Presidente Dilma são citados na Lava Jato; o Aécio, por exemplo, é citado; o Alckmin (Geraldo, governador de São Paulo) está sendo investigado em São Paulo legalidade; claramente a Presidente Dilma não tem culpa formada”.
 
Questionado pelo apresentador do programa, o jornalista e radialista Luiz Melo sobre as chamadas ‘pedaladas fiscais’, que podem resultar em cassação do mandato da Presidente da República, cuja ação está tramitando no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Marcos Roberto minimizou: “Essa questão das pedalas ainda vai ser avaliada pelo Congresso Nacional e pela Justiça. Agora, eu não vejo como gritar ‘fora PT’, não há razão, não há sentido; tem tantos que estão comprometidos, como o Cunha (Eduardo, presidente da Câmara dos Deputados) que não vivem gritarem ‘fora Cunha’, que já é réu no STF (Sup remo Tribunal Federal); nós lutamos pela democracia, por isso queremos garantir estado democrático de direito, queremos garantir o fortalecimento das instituições, tanto que no próximo dia 18 também terá manifestação em prol da democracia, em prol do PT, do governo e da Presidente Dilma”, pontuou.
 
O advogado também criticou o PMDB por não ter decidido se abandona ou não a base aliada do governo durante a convenção nacional do partido realizada no último sábado, 12: “A gente aguardou uma posição do PMDB, mas (o partido) ficou em cima do muro, aguardando o que vai acontecer nas manifestações da oposição que ocorreu ontem (domingo) e na de apoio ao governo que vai acontecer no dia 18; não dá pra entender os gritos ‘fora Lula’, porque é a primeira vez que vejo alguém querer cassar um ex-presidente; e é bom lembrar que o Lula foi aprovado 67% pelo povo brasileiro como o melhor presidente e aparece bem para 2018 (quando oco rrerão as eleições gerais); uma coisa é manifestação, outra, o conteúdo; vamos combater a corrupção em todos os níveis, em todos os partidos, nos níveis municipal, estadual e federal; que ele (Rafael Pimenta) aproveite a força da mobilização para levar toda essa multidão que ele levou às ruas ontem para o movimento que vamos fazer no dia 18”, desafiou.
 
Não houve debate entre Rafael Pimenta e Marcos Roberto, porque um não foi instado pelo outro ao embate, mas Rafael retrucou logo em seguida, sem qualquer manifestação do advogado: “De repente o doutor marcos do PT não conheça o nosso trabalho; o nosso Movimento Brasil Livre não é subordinado a nenhum partido; nosso foco é o combate à corrupção; tanto que já fomos lavar a calçada da Assembleia Legislativa do Amapá, como símbolo de lavagem da corrupção; talvez o partido ou grupo dele (Marcos Roberto) não conheça o movimento, que está na trincheira há quase dois anos, lutando contra a corrupção no estado”.
 
‘Congresso Nacional está desmoralizado’
 
Por telefone, o senador Randolfe Rodrigues (REDE) também se posicionou sobre o protesto deste domingo: “A participação maciça da população, em todos os estados, reflete o forte desgaste do governo; obviamente existe sentimento grave nas ruas contra o governo, e isso deve ser encarado por todos os políticos, não só pelo governo, por isso fica como um forte alerta”.
 
Questionado se o movimento pode influenciar em eventual impeachment de Dilma Roussef, Randolfe afirmou que o simples afastamento da Presidente, seja pelo impeachment ou através da justiça não é a melhor medida a ser adotada; “Eu acho o melhor caminho a essa altura seria a convocação de novas eleições; há instrumentos para isso, como a revogação popular de mandato; não considero o impeachment a via mais adequada, porque o Congresso Nacional está desmoralizado; os presidentes das duas casas foram denunciados e dezenas de outros parla mentares também são acusados de prática de corrupção; levar o povo a ser consultado se o atual governo pode continuar ou não é a solução”, sugeriu.

Deixe seu comentário


Publicidade