Ministério confirma “vassoura de bruxa” em plantio de mandioca no Amapá
É a primeira vez que o fungo é detectado em lavoura no Brasil; a doença tem potencial para causar grandes prejuízos econômicos
Cleber Barbosa
Da Redação
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou a presença do fungo “Ceratobasidium theobromae”, causador da vassoura de bruxa da mandioca, em lavouras no Amapá. Conforme técnicos, é a primeira vez que essa ameaça é detectada no Brasil. A doença tem potencial para causar grandes prejuízos econômicos.
O fungo foi inicialmente identificado por técnicos da Embrapa Amapá nas plantações de mandioca nas terras indígenas de Oiapoque, na fronteira com a Guiana Francesa. Posteriormente, foi encontrado nos municípios de Calçoene e Amapá, ao sul de Oiapoque.
Edilene Cambraia, diretora do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas, alerta para o risco de redução significativa na produtividade da mandioca. Os sintomas da doença incluem ramos secos, deformados, nanismo e proliferação de brotos fracos. Com a evolução, surgem clorose, murcha e seca das folhas, além da morte apical e descendente das plantas.
A dispersão do fungo pode ocorrer por meio de material vegetal infectado, ferramentas de poda, solo e água contaminados. A Embrapa destaca que a movimentação de plantas e produtos agrícolas entre regiões pode facilitar a disseminação do patógeno.
Ações de defesa fitossanitária
Com a confirmação da presença do fungo pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Goiânia, técnicos do Mapa foram ao Amapá para discutir ações de defesa fitossanitária com autoridades locais e especialistas da Embrapa.
As medidas adotadas incluem intensificação do monitoramento das áreas de cultivo, implementação de quarentena para restringir a movimentação de material vegetal, uso de manivas sadias produzidas em regiões sem a doença, aplicação de fungicidas específicos, remoção e queima de plantas doentes, assepsia de ferramentas, e comunicação local.
Pragas quarentenárias
As pragas quarentenárias ausentes (PQA) são aquelas com importância econômica potencial e que não estão presentes no território nacional, conforme a Convenção Internacional para a Proteção dos Vegetais (CIPV). No Brasil, cerca de 700 espécies ou gêneros são regulamentados como PQA, de acordo com a Instrução Normativa nº 39, de 01/10/2018.
Cada praga apresenta riscos específicos e exige ações de controle diferenciadas. O Programa Nacional de Prevenção e Vigilância de Pragas Quarentenárias Ausentes foi instituído para evitar a entrada dessas pragas no Brasil. O programa mantém um sistema de vigilância para detecção precoce e aplicação de medidas de mitigação de risco.
Deixe seu comentário
Publicidade