Morre Illan do Laguinho: um poeta da música
E a voz calou…e as composições ficaram órfãs….e o músico partiu em sua última viagem. Ele agora é a própria letra da canção da despedida
Morreu no fim da tarde desse domingo, 10, em Belém (PA), aos 54 anos de idade, Illan Rosa da Silva. Segundo médicos, ele teve complicações pós-operatórias depois da retirada de um rim. Illan sofreu duas paradas cardíacas seguidas e não resistiu.
“Illan do Laguinho”, assim batizado no meio artístico, era músico, cantor e compositor, tendo participações em vários festivais de música no Amapá, em outras cidades do país e no exterior (Guiana Francesa). Durante sua trajetória na música, Illan deu sua contribuição em muitos projetos: foi um dos criadores do “Grupo Sambarte”, em 1991, no Primeiro Festival de Samba e Pagode do Amapá, e até domingo era líder do grupo; compôs sambas de enredo para diversas escolas de samba do Amapá, como Boêmios do Laguinho (escola do coração); Piratas da Batucada; Império da Zona Norte (ex Jardim Felicidade), da qual também foi um dos fundadores; Piratas Estilizados; Maracatu da Favela; Império do Povo e outras.
Até morrer, Illan do Laguinho integrava a “Banda Afro Brasil”, como compositor e intérprete, com rítmica de valorização à cultura negra amapaense.
No projeto Macapá Verão – década de 90 – a Prefeitura de Macapá realizou o Primeiro Festival de Música, chamado de “Pagode de Praia”, em Fazendinha. Illan do Laguinho foi o vencedor desse festival com a música “Tia Sinhá”, defendida por ele com participação do grupo Bandeira do Samba.
Foram muitas músicas de composição própria e com parceiros como Nonato Soledade, Aureliano Neck, Carlos Pirú, Adelson Preto, Heraldo Almeida, Meio Dia da imperatriz e seu irmão Claudiomar Rosa.
Nos últimos três anos (2013 a 2015), Illan do Laguinho participou dos festivais de samba de enredo carioca da Imperatriz Leopoldinense, fazendo parte da ala dos compositores da escola juntamente com Meio Dia da Imperatriz (cantor da agremiação), Nonato Soledade, Aureliano Neck e Claudiomar Rosa.
No projeto de mostra musical “Sescanta Amapá”, também teve participação em várias edições, como compositor e cantor.
A obra mais conhecida, a mais tocada e a mais cantada de Illan do Laguinho é a música “Negro de Nós”, que originou o nome da “Banda Negro de Nós”, há 16 anos, formada por Silmara Lobato (cantora), Walber Silva (teclados), Taronga (baixo), Alex Fogo (guitarra) e Fabinho Mont’Alverne (bateria).
Em suas composições, o artista sempre fez questão de destacar seu amor à raça negra e ao seu bairro querido, o Laguinho, onde nasceu e morava, com frases nas letras das músicas. O nome artístico Illan do Laguinho é uma homenagem ao bairro de origem e à sua escola de samba do coração, Boêmios do Laguinho, homenageada em sua última composição com o samba “Exaltação à Boêmios do Laguinho”: “Quem é de sorrir vai sorrir, quem é de chorar vai chorar, quando Boêmios do Laguinho na avenida desfilar…” (Illan do Laguinho). Essa música é cantada na concentração da escola, antes de entrar na avenida.
O corpo de Illan está sendo velado na sede da Universidade de Samba Boêmios do Laguinho, na avenida General Osório, e o sepultamento ocorre nesta terça-feira, 12, às 9h, no cemitério Nossa Senhora da Conceição – Centro.
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