Ocupações irregulares ameaçam e mudam a paisagem do Canal do J
Entrou em colapso nos últimos anos por causa de assoreamento e de ações do homem
Com extensão de 2,1 quilômetros desde a embocadura do rio Amazonas até à divisa dos bairros Pacoval e São Lázaro, na região norte de Macapá, que é ligada à zona sul pela ponte Sérgio Arruda, o Canal do Jandiá entrou em colapso nos últimos anos por causa de assoreamento e de ações do homem que degradaram o meio ambiente naquela região. O canal é um dos mais importantes na drenagem das águas pluviais.
Além do assoreamento natural, causado pelo movimento de terras durante a cheia e vazante da maré, outro problema foi revelado nessa semana com a limpeza do trecho do canal próximo à ponte Sérgio Arruda. A ocupação irregular do leito do canal. Centenas de casas vêm sendo erguidas há anos desde o perímetro da avenida José Tupinambá, no Jesus de Nazaré, até à divisa entre os bairros Pacoval e São Lázaro.
O tamanho do problema pode ser visto em sua magnitude após a derrubada da vegetação de várzea próxima à ponte.
O caos social está instalado naquela região. Os impactos ambientais são os piores possíveis, já que além da ocupação irregular, os dejetos humanos são despejados diretamente no canal, sem falar no lixo acumulado na extensão do corredor de águas. Pelo menos 8 barracos – de acordo com os próprios invasores – foram erguidos próximo a tubulação da Caesa nas três últimas semanas, sem qualquer tipo de impedimento. O que mais impressiona são algumas construções erguidas já em alvenaria dentro do canal.
Muitas dessas casas têm placas de ‘Vende-se’ e estão sendo oferecidas por até R$ 50 mil. A Prefeitura de Macapá disse recentemente que estuda a transferência dessas pessoas para conjuntos habitacionais, e que as invasões haviam sido reprimidas. Urge a necessidade de uma intervenção rápida para resolver a situação conflitante.
Assoreamento
Sem a função natural de drenar a água o canal se torna uma ameaça à população que habita as margens do Jandiá. O assoreamento está aliado à falta de limpeza do canal que não é feita há anos. Isso provocou o crescimento de vegetação aquática que aliada ao esgoto despejado das casas e o lixo depositado às margens e no leito do canal praticamente fecharam o curso d’água.
O canal também é utilizado pelo setor madeireiro que está ameaçado. “Não temos mais onde atracar as embarcações. Várias madeireiras já fecharam ai pra dentro porque as embarcações não conseguem navegar. Com isso, eles têm que pagar frete, o que acaba encarecendo o preço final. É uma situação extrema de crise. Se nada for feito, em mais um ano todos aqui já terão fechado as portas”, disse o madeireiro Luiz Eduardo de Sena, 48 anos.
A resolutividade do problema está na dragagem do canal. No ano passado, a Secretaria de Estado dos Transportes (Setrap) anunciou um projeto de dragagem do canal do Jandiá. A meta era iniciar os trabalhos tão logo a draga concluísse os trabalhos no canal do Igarapé das Mulheres, o que acabou não ocorrendo por uma série de fatores como a falta de licenças ambientais, conforme divulgou a própria Setrap. A reportagem do Diário tentou contato ontem à tarde com a Setrap, mas as ligações não foram atendidas.
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