Pesquisadores da Alemanha avaliam roças infestadas pela vassoura-de-bruxa da mandioca no Amapá
A praga afeta roças de mandioca em cinco municípios do Amapá: Tartarugalzinho, Pracuúba, Amapá, Calçoene e Oiaopque
Pesquisadores do Instituto Leibniz DSMZ, da Alemanha, referências mundiais em doenças de plantas, avaliaram in loco sintomas da nova vassoura-de-bruxa da mandioca em roças localizadas no Amapá. Esta praga, inédita no continente americano, foi identificada no extremo norte do Brasil em 2024. Com autorização do Ministério da Agricultura e Pecuária, o fitopatologista Stephan Winter e a melhorista Samar Sheat também coletaram materiais vegetais para serem analisados em laboratório na instituição de pesquisa sediada na Alemanha.
Esta atividade faz parte das ações da Embrapa, junto com instituições parceiras, visando o controle da nova vassoura-de-bruxa da mandioca. De acordo com registros oficiais, a praga atualmente afeta roças de mandioca em cinco dos 17 municípios do Amapá: Tartarugalzinho, Pracuúba, Amapá, Calçoene e Oiaopque.=
“Os pesquisadores da Alemanha vieram avaliar os sintomas da doença, e comparar com os sintomas que afetam mandioca fora do Brasil, especialmente em Laos, no Vietnã, e também coletar material para avaliação do fungo causador da vassoura-de-bruxa da mandioca”, afirmou o pesquisador Adilson Lopes Lima, da Embrapa Amapá.
Missão científica no Amapá
A missão científica de três dias no Amapá -11 a 13 de dezembro de 2024, contou também com o pesquisador Eder Oliveira, especialista em melhoramento genético, lotado na Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas,Bahia); e colaboração da virologista Rosana Blawid, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
No primeiro dia da visita técnica, 11/12, foi realizada uma reunião de alinhamento na sede da Embrapa Amapá, em Macapá, com os gestores e equipe técnica do centro de pesquisas, e com órgãos locais que atuam no monitoramento da praga, como a Superintendência Federal do Ministério da Agricultura e Pecuária no Amapá; e a Agência Estadual de Defesa e Inspeção Agropecuária do Amapá (Diagro).
A viagem de campo aconteceu no dia seguinte, 12/12, reunindo as equipes em duas localidades do Amapá atingidas pela doença vassoura-de-bruxa: comunidade da Montainha, do município de Tartarugalzinho, e Projeto de Assentamento Cujubim, no município de Pracuúba. No último dia, 13/12, os visitantes e técnicos locais reuniram-se na Embrapa Amapá, para alinhar os encaminhamos de ações para controle da nova vassoura-de-bruxa da mandioca.
O Instituto Leibniz DSMZ é parceiro da Embrapa na identificação do fungo causador da vassoura-de-bruxa-da-mandioca – Ceratobasidium theobromae, também conhecido como Rhizoctonia theobromae, e nos estudos voltados para o entendimento da epidemiologia da doença. A diversidade única das coleções biológicas e o gerenciamento de qualidade dos biorrecursos, além da abordagem de digitalização, bem como os serviços científicos abrangentes fazem do DSMZ um provedor de serviços de renome internacional para ciência, laboratórios de diagnóstico, centros de referência nacionais e parceiros industriais.
Participaram da viagem de campo, pelo Instituto Leibniz DSMZ, os pesquisadores Stephan Winter e Samar Sheat; pela Embrapa Mandioca e Fruticultura, o pesquisador Eder Oliveira; pela Embrapa Amapá, os pesquisadores Adilson Lima e Gilberto Yokomizo, e o analista Jackson Araújo; pela SAF do MAPA no Amapá, Liliam Pastana Monteiro, chefe do Serviço de Inspeção, Fiscalização de Insumos e Defesa Vegetal; pela UFRPE, a professora e pesquisadora Rosana Blawid; e pela Diagro, Tiago Baltazar Cardoso, Charles Ferreira Brito e equipe.
Doença no estado do Amapá
A nova vassoura-de-bruxa da mandioca foi constatada inicialmente em plantios de mandioca das terras indígenas de Oiapoque (AP), localizado na fronteira do Brasil com a Guiana Francesa. A presença do fungo Ceratobasidium theobromae representa alto risco na redução na produtividade das plantas de mandioca afetadas. Até o momento, este fungo não foi detectado em outros hospedeiros no Brasil.
A dispersão do fungo pode ocorrer por meio de material vegetal infectado, ferramentas de corte, além de possível movimentação de solo e água. “A movimentação de plantas e produtos agrícolas entre regiões pode facilitar a dispersão do patógeno, aumentando o risco de infecção em novas áreas”, alerta a Nota Técnica da Embrapa.
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