Cidades

Pesquisas do Amapá são selecionadas para evento nacional

Trabalhos científicos com foco no açaí e na mandioca serão apresentados na 7ª Conferência Brasileira de Arranjos Produtivos Locais


Trabalhos científicos de pesquisadores da Embrapa Amapá, como foco no açaí e na mandioca, foram selecionados para compor uma publicação a ser lançada durante a 7ª Conferência Brasileira de Arranjos Produtivos Locais (APLs), que acontecerá em Brasília, nos dias 9 e 10 de dezembro deste ano. O evento tem como objetivo aprimorar as políticas públicas e estimular o desenvolvimento local, promovendo a troca de informações e de experiências no desenvolvimento das empresas e empreendedores organizados em APLs. A programação constará de painéis, mesas temáticas, casos de sucesso, lançamento de publicações e oficinas com minicursos.

Entre as 14 propostas selecionadas para a publicação editada pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), duas são de estudos realizados no âmbito da Embrapa Amapá. Uma delas tem como título “Caracterização e Análise Econômica do Arranjo Produtivo Local do Açaí Nativo No Estado do Amapá”, resultante de estudos conduzidos pelos pesquisadores Antonio Claudio Almeida de Carvalho e Jorge Segovia, da Embrapa Amapá; e Francisco de Assis Costa, da Universidade Federal do Pará.

Também foi selecionado o trabalho “Os Arranjos Produtivos Locais como Política Pública de Desenvolvimento no Brasil e o Arranjo Produtivo Local de Mandioca no Estado do Amapá”, submetido pelo pesquisador José Adriano Marini. De acordo com os organizadores da 7ª GTP APL, iniciativas como esta incentivam os pesquisadores a desenvolverem seus estudos em territórios organizados em APLs, além de ampliar as referências sobre os temas selecionados.

APL do açaí
No resumo apresentado para a publicação, o pesquisador Antonio Claudio de Carvalho destaca que a cadeia produtiva do açaí no estado do Amapá, contribui com quase 2% do Produto Interno Bruto do estado (PIB) estadual, representando o 5º produto na pauta de exportação e gera anualmente cerca de R$ 500 mil na economia local. “O açaí nos estados do Pará e Amapá é uma das mais importantes fontes de alimento da população rural, em muitos casos também da população urbana, e representa um hábito alimentar típico, característico da sua própria identidade cultural”, acrescentou Antonio Claudio.

O pesquisador ressalta ainda que, paralelo ao incremento do mercado consumidor fora da Amazônia, inclusive no exterior, o consumo local do produto in natura, processado de forma artesanal, ainda é a base de sustentabilidade dessa cadeia produtiva. “A valorização do açaí tem ocorrido sobretudo com a expansão do consumo como produto energético de base natural amazônica. Tanto no mercado nacional, quanto no mercado exterior, a demanda por polpa de açaí tem sido crescente na última década, ano após ano”, afirma Antonio Claudio de Carvalho.

Na publicação, ele chama a atenção para o fato de que, o aumento da demanda tem produzido efeitos distintos nos sistemas de produção do açaí nos estados do Pará e do Amapá. Enquanto no Pará há expressivo investimento no cultivo do açaí em terra-firme, no Amapá a maior opção tem sido pela ampliação das áreas manejadas de açaí nativo das áreas de várzea.

O açaizeiro (Euterpe oleracea) planta nativa da Amazônia é a espécie arbórea de maior frequência nas florestas das várzeas do estuário do Rio Amazonas. A polpa extraída dos frutos dessa palmeira, que até a década de 90 era restrita à alimentação das populações ribeirinhas, é hoje um dos principais componentes da economia dos estados do Pará e do Amapá. “No Amapá é certamente o mais importante produto de base agrária e representa e o mais expressivo produto do extrativismo vegetal desta região”, pontua o pesquisador da Embrapa.

APL da mandioca
No trabalho selecionado para publicação do IPEA, o pesquisador Adriano Marini ressalta que o estado do Amapá é, pela experiência histórica, um expressivo produtor de mandioca, com participação superior a 80% na produção agrícola estadual, prioritariamente praticada por agricultores de base familiar. No entanto, a adoção de tecnologias inovadoras ainda é incipiente entre os produtores de mandioca, observa o pesquisador.

Tradicionalmente, o cultivo da mandioca tem um papel importante no Brasil, tanto como fonte de alimento como geradora de emprego e renda, notadamente nas regiões Nordeste e Norte. Nessas regiões, para famílias com renda mensal de menos de um salário mínimo, o consumo de farinha de mandioca representa em torno de 10% das despesas anuais com alimentação, o que confirma a importância desse produto para a população de baixa renda.

De acordo com os estudos, esses dados justificam a estruturação do APL de Mandiocultura no estado do Amapá, abrangendo os municípios mais produtivos significativamente da raiz e de sua farinha. “A opção estratégica pela atuação em APLs decorre, fundamentalmente, do reconhecimento de que políticas de fomento a empreendimentos individuais, pequenas e médias empresas são mais efetivas quando direcionadas a grupos de empresas e não a empresas individualizadas”, defende o pesquisador Adriano Marini.


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