Cidades

Produtos com referências negras são sucesso de venda em feira

A porta do Museu do Negro, no Centro de Cultura Negra, foi aberta ao público e, desde então, o movimento é intenso. 

O tenente Manoel Delgado foi o primeiro visitante. Ele veio de longe, das Ilhas Canárias, na África, e teve a oportunidade de ver a exposição “Negros e Negras: a construção de uma identidade cultural”. De férias, teve a sorte de chegar no tempo do Encontro dos Tambores, maior festa comemorativa do povo negro amapaense.
 
“Estou de férias e o taxista que me acompanha está me levando a lugares importantes da cidade. Ele me contou desta grande festa e quis conhecer”, disse Manoel. O espaço está sempre cheio de gente querendo conhecer um pouco das tradições desta terra, seja em sua arte ou religiosidade.
 
“Aqui está cheio de bons fluídos. Somos recebidos pelas entidades do candomblé e por nossos queridos e tão estimados Tia Chiquinha, Dica, Gestrudes, Illan do Laguinho. Não podemos perder nossas memórias. Hoje é um dia alegre, cedi uma das minhas roupas para a exposição; mas, para mim, também é um dia triste, choro porque não poderei dançar este ano, minhas pernas não aguentam mais”, contou emocionada Tia Irene, também mestre do saber muito querida e respeitada, matriarca de família tradicional do Marabaixo no Amapá, do grupo Azebic, Marabaixo da Favela.
 
Gente de todas as idades e credos entram no museu para apreciar a exposição e querem registrar o momento, como o casal Ana Cristina e Sidney Oliveira. “Sem dúvida este espaço é o grande diferencial deste ano. Sempre participamos do Encontro dos Tambores e nunca tínhamos vistos o museu aberto. Está lindo e por isso temos que fazer um selfie para lembrar deste momento que estivemos aqui”, falou Ana Cristina. Os filhos de santo do templo religioso Ny Ogum Toja Loran também quiseram fotografar as imagens das entidades, que ganharam um espaço especial na exposição. Da casa da mãe Ray, Raimunda Silva saldou as entidades, em sinal de respeito.
 
Tão pequena, Bibi, uma criança de apenas três anos de idade, ficou impressionada, arregalava os olhinhos a cada peça que percebia no salão. “Ela é atenta a tudo e acho que está encantada para ver cada detalhe, e salta os olhos e ri alto quando gosta de alguma coisa em específico”, fala a mãe.
 
“Eu nasci no Marabaixo e ao entrar aqui relembrei dos meus ancestrais, da minha história, dos nossos velhos, pai, mãe, avós, todos estão aqui representados de alguma forma. As pinturas estão lindas, vi as louças, vindas do Maruanum, e identifiquei algumas amigas, tudo aqui faz muito sentido para o nosso povo negro”, contou Tereza Almeida, 75 anos, da Comunidade do Coração.
 
A coordenação da exposição, que é uma iniciativa da Prefeitura de Macapá, por intermédio do Instituto Municipal de Políticas para Afrodescendentes (Improir), em parceria com a UNA, estimou o horário de funcionamento do Museu das 14h às 22h, durante todo o período do XIX Encontro dos Tambores. Porém, como as visitações estão intensas, o fechamento está acontecendo somente à 1h ou 2h da manhã. A exposição ficará no Museu do Centro de Cultura Negra até o dia 25.

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