Seminário reúne especialistas e educadores para discutir o uso abusivo de telas por crianças e adolescentes
Além dos riscos no desenvolvimento mental, social e físico, os palestrantes reforçaram sobre o perigo de acesso a conteúdo inadequado para a idade, como de teor sexual, e da influência nos casos de ansiedade e depressão
Especialistas em comportamento humano, fisioterapia e educação foram unânimes em afirmar que o uso excessivo de telas, principalmente de celular, é prejudicial para a saúde mental e física, especialmente em crianças e adolescentes. O assunto foi debatido no Seminário “O Perigo do Abuso das Telas no Aprendizado Infantojuvenil”, uma iniciativa do Ministério Público do Amapá (MP-AP), por intermédio dos Centros de Apoio Operacional de Educação (CAO-EDU) e da Infância e Juventude (CAO-IJ), e das Promotorias de Justiça da Infância e Juventude de Macapá. Educadores, gestores e especialistas estiveram presentes nesta segunda-feira (18), no auditório da Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ).
Os promotores Iaci Pelaes, da PJ da Educação e coordenador do CAO-EDU, e as promotoras da Infância e Juventude de Macapá, Neuza Barbosa e Samile Alcolumbre, estão à frente da ação que visa conscientizar e estimular o debate para a criação de ações pedagógicas e normativas que tragam esclarecimentos acerca do uso de celulares nas escolas, trazendo conscientização às famílias, e provoque a regulamentação da Lei estadual nº 2009/2016, sobre o uso de aparelho celular e outros equipamentos eletrônicos em ambientes de estudos nas escolas públicas e particulares do Amapá.
Participaram da mesa de abertura o procurador-geral de justiça, Paulo Celso Ramos; os promotores relacionados ao seminário; a secretária-adjunta da Secretaria de Estado da Educação (SEED), Antônia Andrade; a presidente do Conselho Municipal de Educação, Rosylene Cunha; o vice-presidente do Conselho Estadual de Educação, Railton Aparecido; e o secretário municipal de Educação, Madson Millor. Os promotores Jorge Canezin, José Barreto, Miguel Ferreira e Alexandre Flávio Monteiro, secretário-geral da PGJ, também estiveram presentes no evento.
Foram convidados para palestrar quatro especialistas. A educadora Gisele Brás, diretora da Escola Mário Quirino, fez a palestra inaugural com o tema “Conexão Consciente MQS”, com base na proposta em desenvolvimento na escola para incentivar o uso responsável de celular. A psicóloga Mayana Lacerda explorou o tema “Os Limites entre o Entretenimento e Sofrimento Emocional pelo Uso de Telas”. “Os Impactos do uso de Telas no Neurodesenvolvimento”, foi abordado pelo fisioterapeuta especialista em reabilitação neurológica funcional Gláucio Silveira. O promotor Iaci Pelaes falou sobre os aspectos jurídicos do tema central do seminário.
O PGJ Paulo Celso disse ser este momento imprescindível para mudarmos o modo como estamos lidando com esta situação, que influencia diretamente na vida familiar e social. “Quero agradecer o empenho de todos que atenderam a este chamado do Ministério Público e estão aqui, neste importante seminário. É preciso estabelecermos parâmetros e normativas para que a saúde física e mental não sejam tão afetados”.
A psicóloga Mayana Lacerda apresentou uma pesquisa da Fiocruz que indica que muitas crianças, de até cinco anos, ficam, em média, quatro horas olhando para telas, e que adolescentes ultrapassam as oito horas. “Tem ainda a hora de dormir, estudar e outras atividades extraclasse. Chamo para a reflexão sobre quem está educando essa geração? Os pais ou as redes sociais, televisão e influenciadores? Essa realidade precisa ser debatida, mesmo que os pais digam que eles têm controle sobre os filhos”, afirmou.
Mayana alertou ainda sobre os prejuízos do uso exagerado de telas na primeira infância, que influenciam no desenvolvimento da linguagem, que atrasa por falta de experiências reais. “Geralmente celular e tablet estão entre os primeiros brinquedos, o que poupa a criança de viver experiências, explorar objetos e afeta na atenção, concentração, no tempo de permanência sentado e também na socialização e aprendizagem”.
Além dos riscos no desenvolvimento mental, social e físico, os palestrantes reforçaram sobre o perigo de acesso a conteúdo inadequado para a idade, como de teor sexual, e da influência nos casos de ansiedade e depressão.
Para a promotora Samile Alcolumbre esta temática deve ser implementada no currículo escolar e este novo modelo de metodologia deve ser construído com a colaboração de todos. “Famílias e educadores precisam saber os danos e consequências do uso exagerado de telas, em qualquer ambiente”, disse a promotora Neuza Barbosa. O promotor Iaci reforçou a importância da regulamentação da Lei 2009/2016, como base para a implementação de políticas públicas, que visem conscientizar a comunidade escolar sobre o perigo do uso abusivo de celulares em sala de aula e levantou o questionamento se a restrição do uso desses aparelhos celulares no âmbito escolar é invasão à liberdade.
As influências, danos e alternativas discutidas e apresentadas no seminário serão usadas na formulação de propostas para aprofundamento do debate sobre o uso abusivo de telas.
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