Cidades

Técnicos federais avaliam os impactos da estiagem em aldeia indígena do Amapá

Mais de 80 indígenas da Aldeia Urunai, no Parque do Tumucumaque, sofreram prejuízos decorrentes da estiagem. Acesso restrito à água e à alimentação estão entre as dificuldades


 

Cleber Barbosa
Da Redação

 

A semana está sendo marcada pela chegada de uma equipe técnica da Saúde que está em missão no Amapá, por meio da Sala de Situação Nacional de Emergências Climáticas em Saúde, visitou a aldeia Urunai, na Terra Indígena do Parque do Tumucumaque. O intuito era ouvir a população local e coletar informações sobre os danos causados pela seca, estiagem e queimadas na região Norte.

 

De acordo com o Distrito Sanitário Especial Indígena do Amapá e Norte do Pará (Dsei AMP), que cuida da rede de saúde, das práticas sanitárias e desenvolve atividades administrativo-gerenciais necessárias à prestação da assistência, a estiagem agravou a falta de água para os 86 indígenas da aldeia.

 

Os técnicos vão produzir um diagnóstico situacional dos impactos da emergência climática no estado.  O documento servirá para subsidiar as ações e estratégias que o Ministério da Saúde deverá adotar para atender as necessidades identificadas e implementar soluções para melhorar a saúde da população.

 

Daniela Junqueira, técnica da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), reforça que as comunidades indígenas são bastante afetadas nessa situação de emergência climática. “A principal fonte de água da aldeia é o rio Marapi. Ele não secou completamente, mas o nível do rio baixou, gerando maior dificuldade no acesso à água, e a pesca de peixe foi reduzida. O problema ambiental também afeta a saúde mental dos indígenas”, destaca.

 

Nesta semana, por sinal, a aldeia Urunai recebe a capacitação do eixo da Educação Permanente do DSEI AMP. Uma das atividades abordadas é o protagonismo dos agentes indígenas de saúde e de saneamento na promoção do bem-viver, na qual é discutida a importância da saúde mental em eventos climáticos extremos.

 

Por conta da estiagem, as plantações de mandioca, batata, cará, banana e milho foram afetadas e a alimentação foi comprometida. “O clima está muito seco. Nós plantamos no roçado e não conseguimos colher. A terra está mais quente do que no ano passado. Queremos que a plantação cresça para que nossa alimentação possa melhorar”, traduziu o agente indígena de saúde da aldeia Missão Nova, Lúzio Kxuyana, as palavras do cacique Amisipa Kapai Tiriyó.

 

Acesso à saúde

Na região, os atendimentos à comunidade continuam sendo realizados pela equipe da Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI), que se desloca por via aérea. De acordo com os relatos da população, a principal dificuldade no momento é a assistência aos povos que são acessados pelos rios, cuja navegação está comprometida pelo baixo nível da água.

 

Um dos focos das equipes é conscientizar a comunidade sobre a importância do uso do hipoclorito de sódio na higienização da água e dos alimentos para evitar doenças diarreicas agudas (DDA). O insumo é disponibilizado pelo Ministério da Saúde.

 

Ao todo, existem 103 aldeias com mais de 10 mil indígenas no Dsei Amapá e Norte do Pará. Dessas, 71 foram atingidas pela estiagem, afetando 4.137 indígenas, ou seja, 38,8% da população aldeada no estado, de acordo com a Sesai.

 

 


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