Diário na Copa

Salas sensoriais nos estádios da Copa ajudam na inclusão dos torcedores

.Ambientes permitem que espectadores assistam às partidas em um espaço mais silencioso, equipado com tecnologia assistida e gerenciado por uma equipe especializada.


 

A organização da Copa do Mundo Catar e a Fifa criaram salas sensoriais para torcedores com necessidades especiais em três estádios do Mundial: Al Bayt, Lusail e Education City. Os espaços permitem que os torcedores assistam às partidas em um espaço mais silencioso, equipado com tecnologia assistida e gerenciado por uma equipe especializada. Esta edição da Copa conta com a maior implantação de salas sensoriais em um megaevento esportivo da história.

 

Várias salas móveis também foram instaladas em todo o Catar para dar aos fãs a oportunidade de se afastar de grandes multidões ou música alta. Os locais incluem a Corniche, onde o Comitê Organizador da Copa organizou um grande número de ativações culturais, e as Fan Fests.

 

Para Yassine Chahboub, é o sonho de toda a vida participar de uma Copa. No entanto, o torcedor marroquino de 35 anos tem necessidades sensoriais que dificultam a participação em partidas ao vivo. Grandes multidões, fãs barulhentos e luzes brilhantes são muito desconfortáveis para Chahboub. Graças à disponibilidade de salas sensoriais, seu sonho se tornou realidade.

 

“Nunca pensei que poderia torcer para meu time da arquibancada, ainda mais em uma Copa do Mundo. Quando soube que o Catar estava oferecendo espaços tranquilos para os quais posso me refugiar se tudo se tornar demais, imediatamente reservei minhas passagens”, disse Chahboub, em entrevista ao site da Fifa. Ele voou de Budapeste para o Catar com seu amigo de longa data, Badre Bedrkich.

 

Para Adel Al Awad, trazer seu irmão de 13 anos, Ibrahim, para a Copa, é uma experiência importante. “Ele adora futebol e sempre fica animado quando vamos ao estádio. Embora ele ame as imagens e os sons de estar nas arquibancadas, às vezes eles podem ser um pouco demais para ele. Como uma criança com autismo, seus sentidos podem ser sobrecarregados, mas essas salas sensoriais tornam a experiência muito administrável”, disse Al Awad. “Mais importante, esses tipos de instalações dão a Ibrahim a oportunidade de vivenciar grandes eventos e ganhar confiança para se integrar melhor em ambientes sociais”.

 

“Nosso compromisso com a acessibilidade faz parte do nosso planejamento para o torneio desde o início. Ao trabalhar com o Fórum de Acessibilidade, garantimos que as pessoas com deficiência tenham um papel direto na determinação de quais tipos de serviços estarão disponíveis para elas durante o torneio e como a Copa do Mundo pode deixar um legado acessível duradouro para o país e a região como um todo”, disse Khalid Al Naama, diretor executivo de Engajamento Comunitário e Desenvolvimento Comercial do Comitê Organizador.

 

Além das salas sensoriais, a organização da Copa do catar também apresenta uma série de novidades para torcedores com deficiência, incluindo a disponibilidade de comentários descritivos em áudio em árabe em todas as partidas. O torneio também está sendo aclamado como a edição de um Mundial mais acessível da história – com todos os oito estádios sendo equipados com instalações para torcedores com deficiência.

 

Espaço no Brasil

A lista é pequena, mas há clubes brasileiros preocupados com seus torcedores autistas. Na Neo Química Arena, por exemplo, existe um espaço destinado a acomodar corintianos com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Situada no setor Oeste Superior, a sala tem paredes e janelas com isolamento de som, bem como atividades desenvolvidas para autistas e deficientes intelectuais. Além disso, o portador de autismo tem direito a um ingresso gratuito e até três bilhetes com desconto de meia-entrada para seus acompanhantes.

 

No Paraná, o Couto Pereira, estádio do Coritiba, inaugurou em agosto uma sala de acomodação sensorial. O espaço é destinado para pessoas autistas e seus familiares. O clube levantou recursos para construir a estrutura por meio de um leilão das camisas, utilizadas pelos jogadores nas finais do Campeonato Paranaense deste ano, com o símbolo do autismo.

 

No Sul, o Internacional não tem ações direcionadas especificamente aos autistas, mas dispõe de um grupo de autônomos que atua sob a coordenação e supervisão da gerência de operações para facilitar o acesso de torcedores com deficiência física (PCD), desde a chegada ao estádio, acomodação na área específica e saída. No Recife, o Náutico reservou uma área no Estádio dos Aflitos para torcedores com TEA.

 

Fonte: Estadão Conteúdo

 


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