“A proposta do parlamentarismo reflete a crise de confiança”
O deputado federal Vinícius Gurgel (PR-AP) fez ontem uma avaliação a respeito do primeiro semestre no Congresso Nacional. Avaliou como positivo o período, especialmente pela decisão política de seu amigo e aliado Eduardo Cunha (PMDB) de colocar para votação algumas das mais esperadas propostas de reformas políticas e eleitorais no país. O parlamentar amapaense também defende a mobilização da classe política local em torno de se buscar alternativas para o enfrentamento da crise econômica que assola o país neste momento. Diz estar fazendo sua parte, conseguindo emendas parlamentares para o estado, municípios e instituições. Vinícius também repercute a proposta de adoção do regime parlamentarista, coisa que ganha corpo em Brasília, onde uma frente com 225 deputados promete debater o tema à exaustão.
Diário do Amapá – O Congresso Nacional fechou esta etapa mais uma vez sendo o centro das atenções, e como foi o primeiro semestre para o senhor deputado?
Vinícius Gurgel – Bem, o Congresso Nacional conseguiu avanços importantes, diria até históricos, pois recuperou o protagonismo político, digamos assim. Então fazer parte desse momento é especial, principalmente para um político ainda jovem como eu.
Diário – Mas que já tem pinta de veterano, afinal da atual bancada federal é um dos poucos reeleitos no ano passado. Como é isso?
Vinícius – Normal, faz parte. Mas temos parlamentares de primeiro mandato que são políticos experientes, como é o caso do deputado Roberto, que foi parlamentar de vários mandatos e também prefeito. Além disso os demais que estão chegando agora demonstraram também muita vontade de trabalhar e produzir resultados. No Senado temos o senador Capiberibe, também experiente, que foi governador.
Diário – E como tem sido essa convivência entre todos vocês?
Vinícius – Tem sido boa, muito boa, em que pese sermos cada um de partidos diferentes, com ideologias diferentes, interesses também, mas o que nos une é o Amapá. Então quando são os interesses do estado que estão em jogo a gente consegue mobilizar toda a bancada e vamos em bloco, seja aos ministérios, seja ao governo federal ou aos dirigentes das duas casas, Senado e Câmara.
Diário – Por falar em dirigentes, um grande personagem desse semestre foi Eduardo Cunha. O que o senhor achou desse início de mandato dele?
Vinícius – Olha, ser presidente da Câmara imagino que deva ser uma função muito difícil, além do que não dá para ficar em cima do muro, nunca, pois até o mandato é limitado, não cabe reeleição. Tem que ser um tiro só, digamos assim. Mas é aquela coisa, só erra pênalti quem bate…
Diário – E ele mais errou ou mais acertou?
Vinícius – Acertou mais, claro! Afinal assumiu o compromisso de tocar as reformas que estavam a anos paradas na Câmara dos Deputados e conseguiu. Houve avanços. Disseram que ele perdeu algumas de suas propostas, mas acredito que ele foi o grande vencedor, pois a proposta era colocar para andar, debater mesmo, o que aconteceu e ainda está acontecendo.
Diário – As propostas especialmente propondo mudanças nas regras das eleições sofreram mudanças na Câmara, mas ainda ficaram aquém da expectativa de setores da sociedade. Houve corporativismo?
Vinícius – Veja, o Congresso é uma casa plural, existem lá os representantes dos mais diversos segmentos da sociedade, assim preconiza a nossa Constituição e a democracia que escolhemos para seguir. Tudo é no voto, com muito debate, claro, mas é tudo deliberado e a maioria é que vence. As reformas aprovadas na Câmara tiveram o respaldo do Senado na semana passada, portanto ainda estão em discussão.
Diário – Os críticos do Congresso Nacional dizem que é uma casa pautada pela opinião pública. O que o senhor acha?
Vinícius – Sinceramente que bom que seja assim, para que os congressistas não fechem os olhos para o que acontece aqui fora, ou que não escutem o que se convencionou chamar de a voz rouca das ruas. Se virasse uma casa hermeticamente fechada, uma confraria ou algo parecido é que seria péssimo para o país. Ao contrário, somos abertos e nossas reuniões acompanhadas pela sociedade, pois tudo é transmitido pelo rádio, pela televisão e pela imprensa e pela sociedade que diariamente está lá.
Diário – E o que dizer da proposta de se adotar o parlamentarismo no Brasil deputado, o que o senhor acha dela?
Vinícius – Assim como se diz que o Congresso é movido pela opinião pública, acrescento que o momento também, a conjuntura. Para mim a proposta de adotar o parlamentarismo reflete a crise de confiança que o país vive em relação à Presidência da República. Com o parlamentarismo o poder não seria concentrado nas mãos de apenas uma pessoa. A proposta na verdade não é recente, tanto que a Frente Parlamentar lançada na quinta-feira leva o nome de André Franco Montoro, ex deputado e governador de São Paulo que durante toda a sua vida política defendeu e lutou pelo parlamentarismo.
Diário – E o senhor, o que acha dessa proposta de um novo regime no Brasil?
Vinícius – Como disse, acredito que a volta dessa proposta é um reflexo do momento delicado da República, mas é uma proposta que tem sim vantagens comparativas. O regime presidencialista está em vigor no Brasil desde 1891 e está gerando insatisfação há muito tempo. A frente de parlamentares que quer a adoção do parlamentarismo já reúne 225 deputados, então é algo a se considerar. Acho que a sociedade precisa ser consultada a respeito.
Diário – E o seu mandato em particular, deputado, como está sendo conduzido nesta nova etapa de sua carreira?
Vinícius – Estou bastante à vontade, pois a renovação do mandato nos leva a muitas reflexões e aprendizado. A gente conhece mais profundamente as engrenagens, o fluxo das matérias e também a dinâmica das emendas parlamentares, aliás, uma valiosa ferramenta que nos aproxima de ser Executivo, afinal é a possibilidade concreta de garantir obras estruturantes, como temos conseguido para diversos municípios do interior e também para Macapá. Assim como para o estado, os Poderes Constituídos e várias instituições.
Diário – Tem vontade de ser do Executivo? Tem uma candidatura aí pintando?
Vinícius – Olha, não vale fazer tipo, ser demagogo, quem entra para a política é porque algum dia na vida já pensou em ser prefeito, governador ou até presidente. Mas acho não é o momento de falar nisso não. Estou focado no mandato de deputado federal. Tenho trabalhado intensamente com minha equipe e interagido com as prefeituras para atender as exigências dos ministérios para ver a liberação desses recursos das emendas. Que é bom lembrar são do orçamento da União, dinheiro federal que faz falta para o Amapá. Agora mesmo conseguimos empenhar as emendas para Macapá, para a área da saúde, o que é muito importante e necessário para nossa população.
Diário – Obrigado por esta entrevista deputado e boa sorte no segundo semestre.
Vinícius – Eu que agradeço a atenção de vocês, então acho oportuno parabenizar ao jornalista Luiz Melo pelo belo trabalho que realiza com seu grupo de comunicação, com o jornal, a rádio, o site e as redes sociais que recebem diariamente aquilo que é produzido nesses veículos. É um trabalho de vanguarda que vem recebendo a aprovação da sociedade. Aos demais cidadãos e cidadãs do estado a minha mensagem de otimismo e confiança em dias melhores, pois temos um novo governo arrumando a casa para garantir respostas aos anseios de todos. São tempos difíceis, é bem verdade, mas no que depender de mim e tenho certeza da classe política, haveremos de conseguir alternativas econômicas que nos façam atravessar essas turbulências econômicas e políticas que o país está experimentando.
Perfil…
Entrevistado. O amapaense Vinícius de Azevedo Gurgel, filho de Hildebrando Carneiro Gurgel Junior e Telma Lúcia de Azevedo Gurgel, é casado, pai de dois filhos, é empresário e formado em Ciência Contábeis, pelo Centro de Ensino Superior do Amapá (Ceap) , no período 1996-2000. Está em seu segundo mandato parlamentar, mas já na estreia obteve a façanha de ser o mais votado deputado federal do Amapá, com 21.479 votos, sendo que fora eleito pelo PRTB. Atualmente se encontra no PR. É membro titular da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, suplente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle além de membro titular do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.
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