Entrevista

“A tecnologia será mais aliada que concorrente no pós-pandemia”

Como será o mercado de trabalho pós-pandemia? Conversamos com Luciana Calegari, especialista em Recrutamento e Seleção, que fala sobre o aumento do trabalho em home office e a novas relação entre pessoas no ambiente corporativo.


Cleber Barbosa
Da Redação

 

Diário do Amapá – Em relação a essas mudanças no mercado de trabalho pós-pandemia, a senhora acredita que surgirão outras formas de trabalho?

Luciana Calegari – Neste momento, a gente não tem certeza de nada, mas vou dar um pouco da minha visão. Acho que o mercado de trabalho vai passar por uma mudança porque nós mesmos estamos passando por uma mudança como pessoas. Mudanças de hábito, flexibilização do trabalho, por exemplo. Estamos tendo novas experiências profissionais e pessoais. Eu mesma não tinha hábito de pedir supermercado por delivery, mas neste momento de pandemia fui forçada a ter essa experiência e está sendo incrível. Dificilmente, quando tudo voltar ao normal eu vou deixar de consumir dessa forma. Da mesma forma, estamos experimentando o home office. Algumas empresas já ofereciam essa oportunidade, mas elas eram minoria. Hoje, são maioria. No nosso caso, todo mundo fazia um ou outro dia de home office, agora, está todo mundo 100% trabalhando de casa.

 

Diário – E sob a ótica do empregado, como deve estar sendo essa experiência?

Luciana – Recentemente, a gente fez uma pesquisa com os colaboradores para saber como ele gostariam que fosse a retomada. 70% dos colaboradores disseram que querem fazer home office de 3 a 4 vezes por semana. Por outro lado, precisamos pensar que impacto essa mudança terá na empresa. Por enquanto, nós estamos com impacto positivo, conseguimos tomar decisões mais rápidas, manter a produtividade.

 

Diário – Para as empresas já se fala em economia proporcionada pelo advento da tecnologia nessa relação com os seus colaboradores.

Luciana – Eu tenho conversado com profissionais de RH de outras empresas que estão seguindo o mesmo caminho. Algumas tinham um escritório maior e estão reduzindo o espaço considerando que ele vai ser menos utilizado, empregando esse dinheiro em outras frentes. Acredito, sim, o futuro do mercado de trabalho trará mudanças.

 

Diário – E a senhora diria então o mercado de trabalho pós-pandemia será mais tecnológico?

Luciana – Essa é uma questão que nós estamos falando há algum tempo. Eu acho que a crise do coronavírus acabou acelerando isso. A maioria da população já estava habituada à tecnologia, pelo menos pensando em redes sociais e whatsapp e uso para lazer em geral. O que muda agora é que a tecnologia passa a ser utilizada para outros fins. A educação mesmo, eu vejo muitos profissionais que conseguiram evoluir e começaram a aprender de uma forma mais autônoma, por apps, webinars e lives. Tem muito conteúdo gratuito à disposição e eu vejo os profissionais se responsabilizando mais pelo seu auto-desenvolvimento. Também vejo pessoas estreitando a relação com outras pessoas, sem vergonha de fazer networking, o momento está favorecendo essas trocas.

 

Diário – A concorrência pode acirrar?

Luciana – O trabalho como um todo, pensando nesse movimento mais digital, havia muito receio de como seria usar a tecnologia de forma maior, tinha receio de que ela tirasse o espaço do profissional, mas estamos vendo que ela é mais aliada do que concorrente. Ela tem nos ajudado e não nos prejudicado.

 

Diário – Quais competências profissionais precisam ter para competir no mercado pós-pandemia?

Luciana – No passado, a gente falava muito sobre competências técnicas, ou seja, como você usa uma ferramenta etc. Isso já vem mudando, as competências comportamentais vêm tomando mais espaço e sendo mais evidenciadas no momento da contratação. Falamos bastante também das competências do futuro, que para mim são as que a gente está vivendo hoje e tem que aprimorar. Quais seriam elas? Comunicação clara e objetiva, gestão de tempo e de atividades, criatividade, adaptabilidade e resiliência e a inteligência emocional.

 

Diário – Aliás em relação a isso, muito se fala, mas poucas pessoas já sabem o significado da inteligência emocional.

Luciana – Tudo está muito ligado à inteligência emocional, à forma como você consegue se equilibrar no meio de tudo isso e de todas essas mudanças, de todas as pressões que vêm de todos os lados e com todas as incertezas. Cada vez mais a gente vai viver num mundo incerto e a gente precisa se inteligência emocional para saber o que vai entregar e estar tranquilo com suas decisões.

 

Perfil

Luciana Calegari – A especialista Luciana Calegari Medeiros é natural de Florianópolis, em Santa Catarina. Business Partner, Talent Acquisition / Pessoas e Cultura

 

Formação acadêmica
-Bacharelado em Administração de Empresas · (1999 – 2002), pelo Centro Universitário Moura Lacerda.

– Especialização e, Recrutaento e seleção na hotelaria; 2002;

– Trabalho de Conclusão de Curso; (Graduação em Administração Hoteleira)

– Centro Universitário Moura Lacerda; Orientador: Nara Lúcia Facioli;

– Experiência com estratégia e execução de Recrutamento e Seleção, Employer Branding, Diversidade, Candidate Experience, Onboarding, Pessoas e Cultura e Business Partner.

– Vivência com projetos e metodologias de Inovação.

– Foco na estratégia do Business.

Apresentação pessoal

– Atuo como Business Partner da área de experiência do cliente, minhas principais responsabilidades são facilitar, mediar e identificar oportunidades do alcance das estratégias, através de pessoas. Tendo uma responsabilidade com a saúde do Negócio e cuidado com as pessoas.

 


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