Entrevista

“Ajuda dos pais é fundamental para os filhos memorizarem as matérias da escola”.

Primeiro brasileiro a receber o título de Melhor Memória do Brasil, este especialista dá dicas valiosas para melhorar o rendimento dos alunos na escola ou faculdade, concursos ou simplesmente saber em que votou nas eleições.


Cleber Barbosa
Da Redação

 

Diário do Amapá – De acordo com seus estudos, que levaram à fundação da Memory Academy e da MemoKids, existem técnicas capazes de criar memórias de longa duração nas criança.

Renato Alves – São curiosos os caminhos da memória e podemos tirar valiosas lições a respeito de seu funcionamento. Por exemplo, em tempos de debates acalorados, nos quais os candidatos se acusam de terem memória curta e de se esquecerem “do que fizeram no verão passado”, não custa lembrar o funcionamento básico dos nossos mecanismos de memória. A memória visual de um ser humano pode registrar cerca de 860 mil imagens todos os dias, 400 mil sons e mais de um milhão de sabores, odores e sensações táteis. Diante de um poder tão grande de retenção na memória, não faria sentido os candidatos carregarem uma pasta cheia de folhas e anotações para usar nos debates. Quando falamos na memória do eleitor, é de causar estranheza ver pessoas levando suas memórias artificiais para a urna de votação para conseguir lembrar míseros números de dois a cinco dígitos de seus candidatos. Afinal, o que está acontecendo com a nossa memória? Será que estamos vivendo os efeitos da COVID 19, já que os relatos de lapsos de memória por parte de quem contraiu a doença têm aumentado consideravelmente? É possível que a afirmação popular de que brasileiro tem memória curta para política realmente se sustenta. A melhor resposta para esta pergunta é, depende.

 

Diário – A trajetória como escritor auxiliando gerações a otimizar o uso da própria memória.

Renato – Faz 25 anos que escrevo livros, artigos, pesquiso e dou palestras sobre o tema memória. Neste período, já atravessei diversas eleições e sempre trago à tona, no período eleitoral, a discussão sobre memória curta para os assuntos da política. Qual foi o candidato a deputado que você votou na última eleição? Qual era o partido político e o número de votação dele? Quais eram as propostas que ele apresentou para te convencer? Deparados com essas perguntas, a maioria esmagadora dos eleitores não conseguia se lembrar, ou seja, admitia que no assunto política, tinha a memória curta. Mas, afinal, como gravamos as informações na memória? Por que o tema “política” geralmente cai na “caixa de spam” ou na “lixeira cerebral”?

 

Diário – E onde a política entra nesse processo?

Renato – A lógica é bem simples: o tema política causa dor? Resposta: não! Nos enche de prazer e vontade de ficar falando a respeito? Resposta: também, não! Nesse caso, por não atender aos critérios básicos de memorização, o tema política e tudo que o envolve, como o nome dos candidatos, nome de partido, número e demais detalhes vão parar na lixeira da memória.
Pergunte a um eleitor se ele se lembra o nome e número dos candidatos que votou na última eleição, e você facilmente irá constatar o fenômeno da memória curta. A boa notícia é que percebo uma mudança de comportamento na população. A memória curta para a política está começando a se transformar em memória forte, de longa duração. O fato é que o jeito dos políticos se apresentarem, as plataformas de comunicação e especialmente a narrativa criada estão impactando a memória das pessoas e imprimindo com mais força as experiências.

 

Diário – A volta às aulas e o aproveitamento da memória a favor de um bom rendimento.

Renato – Diversos fatores são imprescindíveis para o bom desempenho de um aluno e, para conseguir resultados melhores, é importante utilizar técnicas de memorização que serão fundamentais para fixar as matérias e estudar de forma mais eficiente.
Neste sentido, os pais podem ajudar ao apresentar técnicas para que seus filhos demonstrem interesse no próprio desenvolvimento, aumentando o rendimento escolar e criando uma rotina diária de estudo, com cronogramas e monitoramento das atividades. Muitas crianças não sabem como ou por onde começar a estudar, e muitas vezes os pais como mensurar, se ela está pronta ou como testar o conhecimento. Então é muito importante, antes de cobrar, ensinar como as coisas devem ser feitas. Eles devem estar presentes e ajudar a memorizar as matérias, pelo menos até que elas consigam autonomia nos estudos para trilhar seu caminho por conta própria.

 

perfil

Renato Alves é pesquisador cognitivo e principal autor brasileiro nas áreas de aprendizagem, concentração e memória com 9 livros publicados.

 

Formação acadêmica
– Estudou Ciências Cognitivas e Filosofia da Mente pela UNESP, foi membro do GAEC (Grupo Acadêmico de Estudos Cognitivos) e tornou-se principal autor brasileiro nas áreas de aprendizagem, concentração e memória com 9 livros publicados, dentre eles: O Cérebro com Foco e Disciplina; Os 10 Hábitos da Memorização; Faça seu Cérebro Trabalhar para Você e Não Pergunte se ele Estudou, que juntos já conquistaram mais 1 milhão de leitores..

Atividade profissional
– Em 2004 fundou a Humano Educação, que hoje é a maior escola online de memorização do mundo. Neste período capacitou mais de meio milhão de estudantes levando milhares deles ao topo na lista dos aprovados em concursos públicos e vestibulares.

Livros publicados
Dentre eles O Cérebro com Foco e Disciplina; Os 10 Hábitos da Memorização; Faça seu Cérebro Trabalhar para Você, todos eles figurando nas listas dos mais vendidos do Brasil. É fundador da Memory Academy instituição que tem por objetivo ajudar pessoas com déficit de aprendizagem, foco, memória e concentração e, desde a fundação, já atendeu mais de 120 mil pessoas.

 

 


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