Buscamos soluções para alto gasto com exames médicos.
Dados mostram que o Brasil realiza mais que o dobro de exames em relação a países como a Holanda. Este especialista ajuda o setor médico na busca por soluções para alto gasto dos brasileiros com os exames médicos.
Cléber Barbosa
Da Redação
Diário do Amapá – Independente de estarmos no período de pandemia, o brasileiro é mesmo um recordista em buscar fazer exames laboratriais professor?
Tiago Lázaro – O Brasil é um dos países que mais realizam exames médicos complementares em planos de saúde. Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) mostram que são feitos por ano mais de 900 milhões de exames no país.
Diário – Nesse levantamento é possível dizer que tipos de exames são os mais procurados?
Tiago – O exame mais realizado é o de radiografia, com 679 a cada mil beneficiários. Em segundo lugar ficam os exames de sangue (337/mil), seguidos da ressonância magnética (179/mil) e tomografia computadorizada (164/mil). Na Holanda, por exemplo, são realizadas cerca de 52 ressonâncias e 95 tomografias a cada mil beneficiários, enquanto no Chile esse número cai para 31 ressonâncias e 96 tomografias, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Diário – E o que pode ser feito?
Tiago – Para mudar essa realidade, o mercado nacional vem buscando ano a ano pela verticalização no atendimento, ou seja, os planos de saúde, percebendo o exacerbado número de exames realizados, estão gradativamente centralizando os serviços médicos.
Diário – Ainda se falando de enxugar custos desnecessários como equilibrar as contas, receita e despesa como se costuma dizer?
Tiago – Uma das principais razões para o desperdício no setor de saúde está no modelo de remuneração praticado. O sistema fee-for-service, em que os pagamentos são realizados por serviço prestado, é um estímulo à solicitação de exames e procedimentos por vezes desnecessários. A tendência é que haja uma transição para modelos de remuneração mais enxutos, com corte de desperdícios, que valorizem medidas com impacto real na saúde dos usuários.
Diário – Otimizar recursos, o senhor diria?
Tiago – No modelo de verticalização, o primeiro passo foi a aquisição de clínicas e hospitais pelas operadoras de planos de saúde. Outra medida foi a redução do número de médicos autônomos credenciados, centralizando os serviços nos planos de saúde, reduzindo, assim, os gastos com pagamentos de exames externos. “Ao buscar a verticalização, as operadoras passam a ter um controle maior sobre os seus custos”, diz Lázaro.
Diário – Para o senhor, a tecnologia estará cada vez mais presente no dia a dia do médico, em todos os aspectos, gerando melhorias significativas em suas atividades?
Tiago – Esse movimento tende a permanecer forte para 2021 e próximos anos. Como especialista da Mitfokus, posso afirmar que o próximo passo para a consolidação desse modelo é o investimento por parte das operadoras de planos de saúde em sistemas de análise de big data e algoritmos de Inteligência Artificial, que possam ajudar os médicos a definirem com maior precisão a necessidade de exames e tratamentos.
Diário – Matemática pura então…
Tiago – Isso certamente minimizaria o número de exames complementares e tratamentos desnecessários, gerando economia às operadoras e melhores resultados para os pacientes. O uso dessas ferramentas revolucionará toda a cadeia de saúde, reduzindo custos, melhorando a precisão dos diagnósticos e a experiência do usuário.
Diário – A sua companhia é um exemplo de como a tecnologia pode auxiliar na gestão financeira e gerar mais receitas aos profissionais da área médica.
Tiago – Grandes empresas inclusive já têm voltado seus olhos para esse mercado. A IBM, por exemplo, desenvolveu o Watson Health: um software com inteligência artificial (AI) de diagnósticos, que tem o objetivo de tornar a medicina mais precisa. Ele traz informações de outros pacientes com a mesma enfermidade, alguns aspectos do estilo de vida e quais tratamentos foram mais eficazes naqueles casos.
Diário – E o que isso representa em valores?
Tiago – De acordo com o “Custômetro dos Planos de Saúde” disponibilizado pela Associação Brasileira de Planos de Saúde, apenas nos primeiros dias de 2021 foram movimentados mais de 9 bilhões de reais no mercado de medicina privada.
Perfil
Tiago Lázaro – O especialista é economista e CEO da Mitfokus, empresa ‘fintech’ especializada em soluções tributárias, financeiras e contábeis da área médica. -Sócio, responsável pela área comercial e CEO.
Formação Acadêmica
– Formação acadêmica Graduação em Economia da USP.
– Especialização em Finanças, pelo Instituto Dom Cabral.
– Especialização em Finanças do Agronegócio, em Wageningen Holanda.
Experiência Profissional
– Mais de 19 anos em instituições como CITIBANK, Banco Votorantim, Banco Santander e FG/AGRO..
A empresa de consultoria
– Através da união de profissionais formados nas melhores universidades do país e experiência corporativa em grandes multinacionais, desenvolvemos uma equipe multidisciplinar capaz de guiar profissionais e empresas da área da saúde a encontrarem as melhores soluções para as questões tributárias, contábeis e financeiras.
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