Entrevista

“Dizer que lá em Brasília o mapa mostra a nossa BR toda asfaltada é um mito”

Mais uma estação do invermo amazônico se inicia e os motoristas e passageiros que percorrem as duas rodovias federais do Amapá se perguntam sobre até quando terão que encarar os trechos de terra da via, considerada uma das mais antigas estradas em construção no país. O superintendente do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes] Fábio Vilarinho, foi ao rádio ontem ser sabatinado pela equipe do programa Conexão Brasília, além de responder a questionamentos de ouvintes e internautas. Ele arrisca – de novo – um palpite para quando a BR 156 poderá finalmente estar concluída. O ano e sobre como isso será possível você acompanha neste resumo que o Diário do Amapá preparou para esta edição. Fábio também discorre a respeito da bela obra de urbanização do trecho urbano da BR 210 que está ganhando nova iluminação.


CLEBER BARBOSA
DA REDAÇÃO

Diário do Amapá – Esta semana o sistema de iluminação de LED no perímetro urbano da BR 210 passou por testes, e a gente sabe que esse é uma obra há muito tempo esperada, tanto que existe uma comissão de moradores acompanhando, não é?
Fábio Vilarinho – Exatamente, essa comissão é formada por moradores dos bairros adjacentes, como Boné Azul, Brasil Novo, Infraero e Açaí, que tem acompanhado, tem ajudado e tem cobrado e com uma mulher à frente, de forma muito atuante mesmo. Isso é muito importante porque quando existe um comprometimento da sociedade, um comprometimento das comunidades, fica até mais gostoso fazer as coisas porque você sente o quanto aquela obra é importante para a comunidade, o município e o estado como um todo.

Diário – Esse trecho em questão vai ali do quilômetro 0 da BR 210, no bairro do São Lázaro e vai até onde exatamente superintendente?
Fábio – É um trecho de seis quilômetros e meio, uma obra dividida em quatro fases, sendo que a primeira foi de restauração entre Macapá e a localidade do Tracajatuba, em torno de 150 quilômetros, e depois veio a segunda fase, da duplicação, feita entre 2015 e 2015; depois disso veio também a etapa da iluminação e das passarelas. A fase da iluminação pública já passou da metade, alcançando ali o IFAP, mas ela vai até depois da Polícia Rodoviária Federal, onde termina a duplicação. As passarelas serão quatro, uma em frente ao [bairro] Boné Azul, outra em frente ao Açaí, a terceira em frente ao Brasil Novo e outra em frente ao IFAP.

Diário – E qual a previsão para serem entregues essas obras?
Fábio – A gente está querendo entregar dentro do prazo estipulado, que é março deste ano; no caso da iluminação, que chegou ali em frente ao Macapaba, que foi exatamente o trecho que a gente iluminou essa semana para testar o sistema, pois quando a gente ligar em definitivo não pode haver falhas, pois ali é um sistema totalmente independente, onde além da iluminação a energia é separada dos bairros, tem transformadores próprios que estão regulados para manter a energia estável e assim aumentar a vida útil das luminárias, sem correr o risco de queimar alguma lâmpada, pois o Led tem previsão de durar mais de dois anos, podendo chegar a três ou até quatro anos se a gente conseguir manter uma energia estabilizada nesse trecho, onde são utilizadas 460 lâmpadas.

Diário – Muita gente que mora por lá está se perguntando se as vias marginais, ou locais, serão também iluminadas, afinal os postes estão sendo colocados apenas no canteiro central. Como será?
Fábio – Bem, essa área é local, pertence ao município, e a gente faz a iluminação na rodovia, então a parte urbana fica a cargo da prefeitura, do estado ou da própria CEA.

Diário – Outra dúvida é sobre os problemas com furto de fiação, existe esse risco?
Fábio – Pois é, já tiveram casos como na ponte do Matapi e da Sérgio Arruda, então a gente optou por usar a ligação por via aérea para evitar a ocorrência de furtos. Então daí a importância dos testes, tanto que estamos formalizando um convênio com a prefeitura e também com a CEA para a manutenção futura, pois o DNIT só constrói, então após a conclusão das obras da iluminação a gente vai passar a manutenção e a conservação para o município. Mas isso também está bem avançado, tanto que a gente já passou para a Procuradoria dar seu aval para a gente assinar o convênio.

Diário – A estação das chuvas já chegou e sempre existe a preocupação com relação a registro de atoleiros nos trechos não pavimentados das nossas rodovias federais do Amapá. Como está a situação superintendente?
Fábio – Bem, não temos atoleiros, nem no trecho que vai para Laranjal do Jari, que são 248 quilômetros, como no trecho para Oiapoque, com pouco mais de 100 quilômetros. Nós temos seis contratos de manutenção, as empresas estão mobilizadas e estão cada uma num trecho. A gente não pode dizer que não vai ter atoleiro, claro, porque quando você mantém uma estrada não pavimentada isso depende muito da chuva. Mas naqueles pontos que houve registro no ano passado a gente fez um trabalho reforçado, então só se acontecer em outro lugar, só que a gente vai fazer o possível para que isso não aconteça e se acontecer que as empresas mobilizadas possam resolver o mais rápido possível e garantir assistência a quem precisar.

Diário – E quando as chuvas passarem, há programação para retomar as obras de asfaltamento desse trecho de terra?
Fábio – Sim, a bancada federal, através do deputado Vinícius Gurgel, conseguiu vários recursos, não através de emendas [parlamentares], mas através do Ministério dos Transportes, do Planejamento e também dentro do próprio DNIT, para a gente dar início à obra em si, pois o projeto executivo já está em fase de aprovação. A gente vai começar pelo último trecho, que vai lá do final da rodovia, no sentido de Calçoene para Oiapoque, até o primeiro, sendo que 27 quilômetros destes já estão no DNIT [aprovados] só que a gente precisa de recursos e a obra em si foi licitada em R$ 252 milhões e além disso nós temos a supervisão ambiental e a supervisão da obra, então o total da obra vai ficar em R$ 280 milhões, daí nossa luta em liberar os recursos. Hoje nós já temos um recurso, na ordem de R$ 40 milhões, sendo que R$ 13 milhões já estão alocados, empenhados para a empresa que ganhou [a licitação] o lote 2 e o lote 3, e mais R4 3 milhões para fazer o projeto executivo do lote 4, além de outra questão relacionada às aldeias [indígenas].

Diário – O que precisa ser feito com essas aldeias?
Fábio – São obras de construção das aldeias, objeto de acordo prévio, a título de compensações, num total de 11 aldeias, sendo que a gente já construiu 5 e ainda faltam 6 aldeias e se a gente não fizer temos que parar as obras 11 quilômetros antes de chegar até essas reservas indígenas, então no verão a gente vai iniciar sim algumas obras, mas pode acontecer também de agora mesmo no inverno a gente iniciar algumas das chamadas obras de arte especiais, que são as pontes de concreto.

Diário – Daí a importância dessa forte articulação junto à bancada federal, não é?
Fábio – Sim, pois a nossa bancada pode conseguir os recursos para os dois trechos da rodovia, a 156 Norte e a 156 Sul, pois se fala sempre no trecho para Oiapoque, mas a gente precisa tocar também o trecho para Laranjal do Jari, que inclusive é objeto de convênio aqui com o Governo do Estado, que vai do quilômetro 21 até o Vila Nova, convênio assinado em dezembro de 2013 e que agora vamos licitar o segundo trecho, que vai do Vila Nova até mais 60 quilômetros. Isso a gente este prevendo que a bancada possa alocar recursos esse ano para executarmos em 2019.

Diário – Superintendente, o senhor certamente já deve ter ouvido muita gente dizer que lá em Brasília, no mapa, como se diz, essas rodovias federais já estariam todas asfaltadas. O que dizer para quem acredita nisso?
Fábio – De forma alguma… [risos] isso daí é um mito, mas até 2020 a gente termina.

 

Perfil…

Entrevistado. Fábio Vilarinho tem 59 anos de idade, nasceu na cidade de Ituiutaba (MG). É divorciado e pai de três filhos. Iniciou a atividade profissional após se formar no Curso de Técnico Agrícola, pela Escola Técnica Federal de Uberlândia. Trabalhou na Codemin (hoje pertencente à poderosa Anglo American) até ser aprovado em concurso público para o Banco do Brasil. Como bancário, onde fez carreira, atuou nos estados de Goiás, Tocantins, Amapá, Ceará e retornou ao Amapá. Em setembro de 2013 assumiu o cargo de superintendente para o Amapá do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), onde já atuava como assessor. É formado em Administração de Empresas e vem estruturando o órgão no Estado.


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