“É a reforma da Previdência o primeiro grande passo para nós”
Entrevista / JAIR MESSIAS BOLSONARO – Presidente do Brasil
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, tem utilizado de um expediente bem curioso para quebrar a imagem de sisudo e duro com a imprensa. Toma café com os profissionais chamados de setoristas do Palácio do Planalto. Mas também tem sido comum se encontrar com âncoras de telejornais que se deslocam da sede das emissoras para Brasília, para acompanhar esses encontros matinais. Se por um lado isso possibilita estreitar as relações e oportuniza fazer perguntas diretas ao mandatário máximo da República. O Diário do Amapá teve acesso a um desses encontros, cuja extratificação dos diálogos está destacada a seguir. Mas o presidente do Brasil havia delimitado o tema para a sabatina, seria economia, tanto que escalou o ministro Paulo Guedes para estar a seu lado e responder se necessário.
Jornalista – Presidente, as estimativas de crescimento para a economia estão despencando semana a semana. O senhor pode comentar?
Jair Bolsonaro – Assim que aprovadas as reformas, o Brasil retoma o seu caminho de crescimento econômico sustentável. O crescimento está aí em torno de 1,5%, mas nos últimos 10 anos o crescimento é meio por cento. Então, não há novidade nenhuma nessa desaceleração econômica. O Brasil está prisioneiro de uma armadilha de baixo crescimento e nós vamos escapar disso com as reformas. A reforma da Previdência abre um horizonte de 10 a 15 anos de recuperação do crescimento, na mesma ordem disparam as ondas de investimento interno, atraem também os investimentos externos. Nós vamos começar a simplificar e reduzir os impostos. Vamos fazer a descentralização de recursos para estados e municípios. E o Brasil, de julho em diante, já está crescendo de novo. Essa é a verdade a respeito do crescimento.
Jornalista – O movimento externo, hoje, com o presidente dos Estados Unidos em relação à China, reflete no Brasil. Isso também atrapalha todos os planos, não?
Bolsonaro – O mundo depois de crescer por vários anos estimulado pelos bancos centrais, está em desaceleração, em franca desaceleração. E o Brasil, ao contrário, o Brasil, que era prisioneiro de uma armadilha de baixo crescimento dos últimos 10 anos, em meio por cento ao ano, vai recuperar o seu crescimento econômico pelo caminho das reformas.
Jornalista – Presidente, o governo está tendo que fazer contingenciamento em algumas áreas como, por exemplo, educação. Preocupa o governo ter que contingenciar esses recursos? Como o senhor avalia essa questão?
Bolsonaro – O ideal é que o Orçamento seja cumprido em sua íntegra, mas a expectativa de receita tem caído, não é? Uma coisa na educação: não é contingenciamento essa última ação do respectivo ministro. É realocação de recursos para outra área.
Jornalista – O Minha Casa, Minha Vida, como é que faz para a faixa um?
Ministro – O Minha Casa, Minha Vida é um programa que o presidente sabe da importância. Só que tinha 70 mil casas devolvidas, 60 mil casas não terminadas. Então, é um programa que precisa passar por reavaliações. Dito isso, a Caixa Econômica Federal está seguindo nas liberações e não houve da parte da economia nenhum contingenciamento, nada disso. Está livre para operar e está seguindo normalmente o curso.
Jornalista – Presidente, deixa eu fazer uma pergunta. Eu fico de joelho. São perguntas do dia.
Bolsonaro – Jamais. Eu que fico de joelho para você.
Jornalista – Porque é o seguinte: tem um movimento dos militares insatisfeitos com o que tem passado o ministro Santos Cruz e a reclamação é que o senhor não sai em defesa dele. O que o senhor tem a dizer? Para a gente não especular.
Bolsonaro – O que eu tenho falado é que de acordo com a origem do problema a melhor resposta é ficar quieto. Essa é a orientação que eu tenho falado. Porque temos coisas muito, mas muito mais importantes para discutir no Brasil. Aqueles que porventura não tenham tato político, estão pagando o preço junto à mídia. Agora, não existe grupo de militares, nem grupo de Olavos aqui. Tudo é um time só.
Jornalista – Mas o senhor está vendo ele sofrer, não é?
Bolsonaro – Acompanho. Estamos numa guerra. Eles, melhor do que vocês, estão preparados para a guerra.
Jornalista – Sobre a campanha da reforma da Previdência. O senhor tem… o objetivo é o quê? É mostrar para a população que ela é necessária?
Bolsonaro – Olha, outra alternativa, se o Brasil continuar tendo déficit ano a ano, é imprimir moeda, não é, Paulo Guedes? Eu acho que se for imprimir moeda, você sabe o que vem atrás, vem a inflação. Outra é conseguir empréstimo aí fora. Será que querem emprestar para nós? Com que taxa de juros? Nós não temos outra alternativa. É a reforma da Previdência o primeiro grande passo para nós conseguirmos, aqui, a nossa liberdade econômica.
Jornalista – Perdão por insistir. O ministro Santos Cruz continua recebendo respaldo do senhor?
Bolsonaro – Completamente. Ele está agora em São Bernardo da Cachoeira tratando de assuntos fundiários indigenistas. Estive com ele ontem à noite, conversei uma hora e meia, vários assuntos, vários aspectos, como faço com vários ministros, aqui no Alvorada fim de semana.
Jornalista – Ele chegou a pedir demissão?
Bolsonaro – Não, ninguém pediu demissão. Não. Assim como Damares não pediu demissão também e publicaram que havia pedido demissão.
Jornalista – Essa crise não foi assunto da reunião de ontem à noite no Alvorada?
Bolsonaro – Não. Não continha disso aí, porque essas coisas menores o pessoal sabe que eu não dou… não perco tempo com isso, porque nosso objetivo é outro e temos de despender nossa energia para outras áreas.
Jornalista – Ele reclamou e o senhor respondeu?
Bolsonaro – Ahn?
Jornalista – Ele reclamou?
Bolsonaro – Não, não reclamou não.
Jornalista – O general Villas Bôas hoje fez crítica.
Bolsonaro – Olhe, eu não tenho nada haver com Villas Bôas, é um comandante que eu respeito, está certo? E o nosso Brasil está no caminho certo. Os ministros estão todos fazendo aquilo que é determinado. Essa vinda minha aqui com o Paulo Guedes, a semana retrasada estive no Ministério da Educação. A semana que vem é outro ministério. E estaremos fazendo essa incursão por aqui para exatamente olhar os funcionários, os servidores, trocar uma ideia com eles, dar um estímulo, ouvir alguma coisa que porventura não estamos no rumo certo. E o Brasil está aí. Nós aqui não podemos, por coisas menores, sacrificar o destino de 208 milhões de pessoas.
Jornalista – O senhor está preocupado com o risco de solidão, presidente? Se não aprovar a cobertura (…)
Bolsonaro – Obrigado, pessoal.
Jornalista – Obrigada, presidente.
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