“Muitas crianças têm como única alimentação a merenda escolar”

 

Da Redação

 

O que é a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e por que a atual Presidência brasileira do G20 está conduzindo o mundo para esta agenda ministro?

Wellington Dias – A Aliança Global é um mecanismo prático para mobilizar mais recursos financeiros, conhecimentos e apoio técnico onde estes são abundantes e garantir que sejam canalizados para onde são mais necessários. O objetivo é então utilizar estes recursos para apoiar a implementação de ações, políticas e programas impactantes a nível nacional e global. A Aliança Global possui uma abordagem inovadora que permite custos de transação reduzidos, flexibilidade e colaboração. Por exemplo, quando temos membros que procuram assistência ao desenvolvimento ou apoio para acelerar a implementação e execução de políticas públicas, eles podem ligar-se a parceiros dispostos a oferecer experiência ou apoio financeiro para fazer avançar estes esforços. O modelo mobiliza e articula diferentes parceiros na luta contra a fome e a pobreza. Além disso, também oferece mitigação de riscos como uma “cesta de políticas” de políticas públicas rigorosamente avaliadas e garante que os investimentos dos doadores sejam direcionados para iniciativas rentáveis ​​e de alto impacto.

 

E em relação aos recortes econômicos?

Wellington Dias – Há também um aspecto de economias de escala e de âmbito – ao favorecer a partilha de recursos e conhecimentos, a Aliança Global permite maior impacto e eficiência do que esforços individuais e fragmentados. E então, algumas pessoas podem perguntar: por que pensamos assim? Isto porque, apesar do progresso ao longo dos anos, a fome e a pobreza continuam a ser desafios globais persistentes. Ainda estamos longe de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável sobre a erradicação da pobreza e a erradicação da fome. Até hoje a fome ainda afeta mais de 730 milhões de pessoas em todo o mundo e isto é um grande motivo de preocupação global! Como todos sabemos, quando as pessoas têm fome, não são produtivas, pelo que os países não podem desenvolver-se, as crianças não podem estudar, não haverá um futuro significativo sobre o qual escrever para casa e, todos os dias, pessoas morrem devido à fome e a doenças relacionadas com a desnutrição. Esta é uma agenda tão importante porque fala da própria vida. E é por isso que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a presidência brasileira do G20, está defendendo e impulsionando esforços para acabar com a fome e a pobreza, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.

 

Os programas de merenda escolar são uma das políticas do Conjunto de Políticas da Aliança Global e estão entre os seis “Sprints 2030” que irão acelerar a acção nos próximos cinco anos. Você pode nos dizer por que as refeições escolares são um investimento fundamental nos esforços para acabar com a fome e a pobreza?

Wellington Dias – As refeições escolares são cruciais porque em muitas escolas em todo o mundo temos milhões de crianças que dependem da única refeição que comem na escola. E é por essa razão que também enfatizamos que a merenda escolar deve conter todos os nutrientes de que uma criança necessita para se desenvolver e ter um bom desempenho na escola. As refeições escolares incentivam as famílias mais pobres a enviarem os seus filhos à escola, dando-lhes uma oportunidade de sucesso na vida e quebrando o ciclo intergeracional de pobreza. Gostaria de sublinhar que as refeições escolares estão, de fato, a ajudar a manter as crianças na escola em muitos países, impedindo-as de casar cedo e de terem filhos que terão dificuldade em criar. Quando as meninas permanecem na escola, também fazemos progressos na redução da disparidade de gênero. Significa que no futuro teremos mais mulheres líderes e em posições de tomada de decisão!

 

Projetar ações futuras.

Wellington – Os programas de alimentação escolar, especialmente aqueles produzidos localmente, oferecem muito mais do que nutrição às crianças. Também tornam as comunidades mais resilientes, apoiam as economias nacionais e promovem a estabilidade social. O relatório State of School Feeding Worldwide 2022, por exemplo, conta-nos como as refeições escolares criaram quatro milhões de empregos diretos em 85 países. Ora, isso é algo que chama imediatamente a atenção da Aliança Global! O que é ainda mais interessante é que são sobretudo as mulheres locais que beneficiam dos empregos criados por estes programas. Com muitos benefícios que os países podem obter quando investem em refeições escolares, todos nós precisamos de nos unir em torno destes programas e estendê-los para chegar a todas as crianças até 2030.

 

Perfil

Wellington Dias – José Wellington Barroso de Araújo Dias GOMM é um bancário, escritor e político brasileiro, filiado ao Partido dos Trabalhadores e atual ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome do Brasil.

 

Breve biografia
– José Wellington Barroso de Araújo Dias é filho do caminhoneiro Joaquim Antônio Neto e da professora Teresinha Araújo Dias. Nasceu na cidade de Oeiras, Piauí, em 5 de março de 1962 e foi criado em Paes Landim, no Vale do Fidalgo. É casado com Rejane Ribeiro Sousa Dias e tem quatro filhos: Iasmin, Vinicius, Daniele e Jáiro. Estudou Letras na Universidade Federal do Piauí (1982). Cursou Políticas Públicas e Governo, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1998) e especializações no exterior.

Posição atual
– Wellington Dias iniciou na política em 1992, como vereador de Teresina. Em 1994, elegeu-se deputado estadual, chegando à presidência do diretório regional do PT, onde ficou de 1995 a 1997. Em 1998, foi o primeiro deputado federal eleito pelo PT no Piauí. Renunciou ao mandato de deputado federal em 29 de novembro de 2002 e foi eleito, em primeiro turno, para o cargo de governador do Piauí pela coligação A Vitória que o Povo Quer, tendo Osmar Ribeiro de Almeida Júnior como o vice-governador.
O governador Wellington Dias foi reeleito em 2006 com 61,7% do total, obtendo 266.579 votos a mais do que na sua primeira disputa para governador, e deixou o cargo em março de 2010 para disputar as eleições ao Senado Federal, sendo eleito com votação histórica (997.513 votos).

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