Entrevista

“Não podemos ser escravos ambientais de quem já devastou suas terras”

Lucas Barreto (PSD) / Senador da República pelo Amapá


Desde que chegou ao Congresso Nacional este ano, como senador eleito pelo Amapá, Lucas Barreto (PSD/AP) tem sido uma voz forte em defesa do desenvolvimento do Estado, não pipocando mesmo em temas delicados e tidos como tabus, como a questão da preservação ambiental. Favorável à exploração de petróleo e gás na Costa do Amapá, defende ainda a abertura da Reserva Nacional do Cobre e Associados (RENCA) e o agronegócio, como áreas que podem gerar os empregos e a renda que os amapaenses tanto se ressentem. Esta semana ele falou durante um evento de lançamento de um Fórum de Logística de Transporte, em Macapá, sobre como projeta destravar a economia falando ao mercado para atrair investidores. Na ocasião, concedeu a entrevista que o Diário do Amapá publica a seguir.

 

 

Diário do Amapá – O senhor chegou ao Senado federal este ano dizendo uma frase de que o Amapá iria ter voz e repetiu isso nesse evento que debate a vocação portuária do Estado. É importante para o agente público falar para o mercado?
Lucas Barreto – Com certeza. Todos nós sabemos da vocação portuária do Amapá, mas há cinquenta anos o Canal Norte não muda nada, esse é o primeiro fator positivo do Amapá. O segundo é a logística, pois daqui para Cuiabá são mil quilômetros; de Cuiabá para Paranaguá são dois mil e duzentos [quilômetros]; mas para um navio ir para Paranaguá são três mil e duzentos de ida e três mil e duzentos na vinda, e eles têm noção do que é isso. Nós também temos energia para gerar a cadeia produtiva, eles podem exportar por exemplo a torta de soja, sem os subprodutos, que poderão ser produzidos aqui, embalados aqui no Amapá e criando com isso uma cadeia produtiva de trabalho e renda. Então é essa a nossa busca, mostrar para o mundo a capacidade e o potencial do Amapá, pois capital não tem pátria, ele vai onde dá lucro, e a gente tem que trabalhar para atrair esses investimentos, pois temos toda essa potencialidade e somos tão carentes de investimentos porque não nos viam, não nos enxergavam.

Diário – Então muito importante participar de um encontro com tamanha visibilidade como é a proposta da chegada do Brasil Export ao Amapá?
Lucas – Sim, por isso a gente fez questão de falar nesse foro que é o Brasil Export, que realizou um encontro em Brasília e que depois o primeiro lugar que eles marcaram para fazer seu evento regional foi aqui, com o Norte Export, que acontecerá no dia 23 e 24 de abril do próximo ano, num evento em que virão empresários do mundo todo, lideranças da logística e produtores de grãos que tem interesse em baratear também o seu custo, vão vir ao Amapá para ver esse logística disponível aqui e é esse o nosso objetivo, levar essa potencialidade do Amapá ao conhecimento do mundo.

Diário – O senhor também tem atuado muito forte se contrapondo ao que se convenciona chamar de discurso ecoxiita, defendendo que para o Amapá se desenvolver não é preciso deixar de preservar sua natureza, não é?
Lucas – Nós somos o estado mais preservado do mundo! O problema é que querem preservar mais ainda! Em São Paulo, cinquenta e seis por cento de suas terras são para a agricultura, ou seja, eles leram Ha-joon Chang, com “Chutando a Escada”, todo mundo devastou tudo e quando chegou no Amapá disseram “chuta a escada e deixa eles serem escravos ambientais, para não poluírem o ar e para garantir o clima, da agricultura, da Amazônia, da Europa Ocidental, eles vão garantir as condições climáticas”. Enquanto isso eles podem aproveitar para gerar emprego e renda para todo mundo, aumentar o PIB [Produto Interno Bruto], melhorar a renda per capita e o Amapá vai ficando para trás.

Diário – Daí o senhor ser essa voz contra tudo isso?
Lucas – Sim e ninguém me contesta, por isso digo que agora temos voz, pois tenho falado inclusive sobre abrir a RENCA [Reserva Nacional do Cobre e Associados] pois isso significaria apenas quatro por cento de uma área de quatro milhões e meio de hectares no Amapá. E seria ainda uma ação localizada, onde tiver mina com responsabilidade social, ambiental! Eu nunca falei que nós vamos tirar uma reserva aqui outra ali, nada! Nós queremos o que foi separado para desenvolver, nós vamos guardar essa riqueza para quem? Para qual outra geração? Para gerações de outros países?

Diário – E há quem defenda que para isso não seria necessário regulamentar, pois já temos uma legislação ambiental considerada muito avançada, com previsão de reserva legal e tudo mais, o senhor concorda?
Lucas – Sim, com certeza. E tem outra coisa, o presidente [Bolsonaro] poderia muito bem autorizar por decreto, mas eu pedi a ele que não fizesse isso para que a gente tenha um estudo a respeito, que primeiro façamos o georreferenciamento geológico, saber onde tem, o que tem, pois do lado do Pará são quase duzentos milhões de toneladas de fosfato orgânico e hoje o Brasil importa noventa e cinco por cento do fosfato que utiliza da Rússia, o que é um absurdo por estarmos a 134 quilômetros do porto, então é dessa logística, dessa produtividade que estamos falando desde que cheguei ao Congresso Nacional e é também o que está atraindo esses investimentos para o Amapá.

Diário – E falando agora para o cidadão e a cidadã de bem do Estado nessa reta final do ano senador, o senhor com toda essa argumentação poderia transmitir uma mensagem de otimismo aos amapaenses?
Lucas – Sim, quero deixar uma mensagem de Natal e fim de ano que foi muito difícil sim, não só para o Amapá, mas para o Brasil, mas eu penso que a nossa bancada unida conseguiu avançar bastante. Nós conseguimos quase R$ 80 milhões para a segurança [pública], foram 1,5 mil casas para o [residencial] Miracema, aliás, foi o único projeto do Minha Casa Minha Vida que andou no Brasil, também junto com a bancada [federal] liberamos quase R$ 40 milhões para a saúde, mas também temos as emendas programadas para o ano que vem, temos a construção do novo pronto-socorro que eu, a deputada Marcivânia e o deputado Acácio colocamos R$ 25 milhões e que também estamos trabalhando com o presidente Davi [Alcolumbre] para potencializar essas duas para o ano que vem, assim como os R$ 50 milhões para a estrada [BR 156], então são muitos investimentos transformados em obras, como está sendo o da segurança pública, que está gerando emprego e renda em quinze obras.

Diário – Daí essa mobilização da bancada em torno de garantir o aporte de recursos federais para ajudar o estado e os municípios?
Lucas – Exatamente. E ainda deveremos ter em breve o anúncio de mais uma obra grande, que deverá ser a nova penitenciária de segurança máxima do Amapá, que também vai gerar emprego na sua construção, um trabalho do coronel Carlos [secretário de segurança pública] juntamente com o Ministério da Justiça.

Diário – Obrigado pela entrevista.
Lucas – Eu que agradeço, desejando um feliz Natal e que Deus nos abençoe, nos proteja para que o Ano-Novo trabalho, renda e que a gente consiga desenvolver mais e mais o Amapá.


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