“Nossa expectativa é que 3 milhões de brasileiros se inscrevam”
A ministra da Gestão, Esther Dweck, concedeu entrevista em que falou sobre assuntos relacionados à pasta, como o Enem dos Concursos, reajuste de servidores, negociações com categorias, reforma administrativa e déficit público.
Cléber Barbosa
Da Redação
Diário do Amapá – Falando sobre o Concurso Nacional Unificado, o Enem dos Concursos, que recebeu esse apelido e até de uma forma carinhosa. Queria que a senhora falasse um pouco então, sobre o que dá pra aproveitar, o que vai ser aproveitado da experiência do Exame Nacional do Ensino Médio, do Enem, por exemplo, tendo em vista que o Brasil tem quatro fusos horários e é possível, vai ser aplicado em mais de 200 cidades. Como que vai ser aproveitada essa experiência do Enem no Concurso Unificado nessa primeira edição?
Esther Dweck – Olha, a experiência do Enem foi totalmente aproveitada. Na verdade, o Enem, ele foi passando por um processo de se tornar cada vez mais seguro, cada vez mais sem nenhum tipo de questionamento. A gente aproveitou muita experiência. Acho que ele tem desde a parte de segurança, elaboração de provas, seleção da banca. Então a gente tem um esquema de segurança que já começou. Como eu falei, ele começou antes, inclusive do período de inscrição com a área de inteligência da Abin, da Polícia Federal, com o sistema de segurança que a gente faz em parceria com o Ministério da Justiça, com a Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Federal, com a Abin e também com os órgãos estaduais, com as secretarias estaduais de Segurança, com todas essas forças da Polícia Federal, Polícia Militar, Civil, bombeiros, defesa Civil, também, para as cidades que podem ter algum tipo de problema climático. Então a gente vai estar realmente, em todo o processo de elaboração das provas de distribuição, que tem todo um sistema de segurança. Tudo isso está indo super bem. Então a parte segurança é muito, muito igual, idêntico ao Enem.
Diário – E a abrangência em relação à lotação?
Esther – Obviamente também a lógica de você pensar em quais cidades fazer. Para a gente foi um pouco diferente do Enem. O Enem, ele acaba sendo feito em mais cidades, em mais de 1.000 cidades, porque é um público mais jovem, com mais dificuldade também de deslocamento, etc. Então, a gente achou melhor concentrar em 220 cidades, dos quais você tem 95% da população a 100 quilômetros de distância. Ou seja, é uma distância razoável que dá pra ir no dia da praia, de carro, ou qualquer transporte terrestre. Então é possível fazer esse deslocamento no dia da prova.
Diário – Ministra, mais de 700 mil pessoas já se inscreveram no concurso. A estimativa continua em 3 milhões ou esse número pode aumentar?
Esther – Olha, a gente já chegou a 800 mil pessoas, na madrugada do dia 25 [de janeiro]. E a gente tem a expectativa que até o fim de semana, no dia 27, 28 [de janeiro], chegue a 1 milhão. E a nossa expectativa ainda é de 3 milhões, 3,5 milhões de pessoas. Porque a gente sabe que tem um ritmo que é muito forte no início, dá uma freada no meio, depois acelera de novo, no final das inscrições. Acho que é até bom lembrar às pessoas que não deixem para as últimas horas do dia 9 de fevereiro. Nessa semana do dia que começaram as inscrições, a gente teve uma expectativa grande do público que tem direito à isenção. Então porque a data, o dia para presença era até dia 26 janeiro. As inscrições acabam dia 9 de fevereiro. Por isso que tem uma expectativa grande nessa primeira semana, que essas pessoas que têm direito à isenção, que estão já fazendo os seus pedidos, aí elas vão ter uma resposta ainda no dia 29 de janeiro para eventualmente ter algum recurso até o dia 30 e depois 6 de fevereiro tem a resposta final. Quem não tiver direito à isenção tem que pagar até o final do dia da inscrição que é no dia 9 de fevereiro.
Diário – E sobre instituir um Concurso Unificado a cada dois anos. Isso realmente está no horizonte. O concurseiro já pode esperar uma outra edição, a segunda edição, em 2026?
Esther – Olha, essa é a nossa vontade. Óbvio que tudo depende do orçamento, que a gente tem autorização de vagas que permita fazer um concurso como esse, porque não tem sentido fazer um concurso desse tamanho para poucas vagas. Ele faz sentido para muitas vagas. São 6.640 vagas. A gente ainda inovou numa coisa importante, que é quem tiver no cadastro de reserva pode ser chamado para uma vaga temporária nos órgãos onde foi feito concurso. Quando o órgão precisa de um servidor temporário, ele precisa fazer um processo que é quase tão demorado quanto um concurso para um servidor efetivo.
Perfil
Esther Dweck – Dweck formou-se em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) no ano de 1998. Em 2006, obteve seu doutoramento também pela UFRJ, ao defender a tese Uma Análise da Interação Micro-Macro com base em um modelo dinâmico multissetorial de simulação sob orientação de Mario Luiz Possas.
Algumas experiências
– Dweck havia atuado no Grupo de Trabalho sobre Planejamento, Orçamento e Gestão da equipe de transição.
– Professora associada do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Dweck tem doutorado em Economia da Indústria e da Tecnologia pela instituição, com período-sanduíche na Scuola Superiore Sant’Anna di Studi, na Itália.
– Além disso, é coordenadora do Grupo de Pesquisa em Economia do Setor Público da UFRJ e tem experiência de pesquisas sobre regime fiscal, participação do Estado e crescimento liderado pela demanda.
– Entre 2011 e 2014, a professora atuou no cargo de chefe da Assessoria Econômica do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Nos dois anos seguintes, foi Secretária de Orçamento Federal da pasta.
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