“O uso de máscaras é o que mais salva vidas nessa pandemia”.
Relembrar o ano de 2020 pode parecer tenebroso, mas um grupo de médicos ressalta que essa pode ser a melhor forma de começar 2021 em boa saúde. São os coordenadores da plataforma que esclarece dúvidas de futuros médicos na Internet.
Cleber Barbosa
Da Redação
Diário do Amapá – Doutor, o uso de máscaras não só pelos profissionais de saúde, mas por parte da população ainda será o mais recomendado?
Felipe Magalhães – Utilizar máscaras reduz consideravelmente o contágio de doenças respiratórias virais, bem como protege da poluição em casos crônicos. A Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), por exemplo, é a maior responsável pelas complicações fatais envolvendo o Covid-19, porém ela não é proveniente apenas desse vírus pandêmico. A SRAG atingiu muitas pessoas antes do coronavirus, em um panorama geral, em 2019, essa síndrome e outras doenças respiratórias, como pneumonia, insuficiência respiratória e demais que não foram conclusivas, mas provenientes do trato respiratório, mataram mais de 250 mil pessoas, segundo dados do Portal da Transparência..
Diário – E o que dizer sobre a alegação de que esse como outros protocolos estão cansando a população?
Felipe – O uso da máscara é um dos pontos mais visíveis do mundo em pandemia – e para algumas pessoas o mais incomodo – mas é também um dos pontos que mais salvam vidas. As máscaras ainda farão parte de nossas vidas e vão salvar nós mesmos ou as pessoas que amamos até que a pandemia de fato acabe.
Diário – Os cuidados comuns para profissionais da saúde, como a constante higienização das mãos também tem chamado a atenção. É um legado desse período?
Ana Elisa Almeida – A higienização das mãos é indiscutivelmente a medida mais eficaz na prevenção de infecções, não só da COVID 19, mas também do resfriado comum, gripe, diarreia, conjuntivite, infecções relacionadas à saúde e outras. A via de transmissão está relacionada com ações simples como contar dinheiro, falar ao telefone, fazer compras e não higienizar as mãos após, sendo que a mesma mão suja é a que entra em contato com olhos, nariz e boca. A higiene das mãos pode ser realizada através de práticas simples e bastante eficazes utilizando água e sabão ou preparações alcoólicas a 70%, deixando assim as mãos livres de contaminação microbiana potencialmente prejudicial..
Diário – E os efeitos psicológicos dessa pandemia?
Ana Elisa – O monitoramento dos vazamentos tornam-se ainda mais importante com a Lei Geral de Proteção de Dados, a LGPD, já que as empresas são obrigadas agora, além de se proteger, detectar possíveis vazamentos, reagir rapidamente e trabalhar na correção da causa raiz para evitar incidentes semelhantes.
Diário – Outro caso marcante em 2020 foi o ataque sofrido pelo Twitter, não é?
Carolina Stoffel – Depressão, ansiedade e estresse são apenas algumas das questões mais potencializadas quando falamos em saúde mental, principalmente em 2020. Muitas foram as pessoas afetadas e que ainda serão. No entanto, alguns hábitos foram aprendidos durante o caminho até aqui. Cada vez mais percebeu-se a relevância do acompanhamento especializado para expor suas questões, e os atendimentos on-line cresceram exponencialmente como importante ferramenta nesse período de pandemia. Mas não só isso, muitos buscaram qualidade de vida em outros aspectos com desenvolvimento de estratégias para instaurar estilos de vida mais saudáveis. Uma rotina de autocuidado que envolva atividades físicas e boa alimentação tem grande impacto em tratamentos.
Diário – E para este ano, o que o senhor projeta?
Carolina – Alguns minutos diários de atenção e cuidado às nossas próprias necessidades podem trazer muitas coisas boas. Criar o hábito de cuidar do corpo e da mente é essencial para prevenir doenças, desestressar e, sobretudo, se amar. Todo autocuidado, desde beber mais água, meditar, pintar, fazer atividade física, cuidar dos nossos pensamentos, entre outros, nos deixam mais próximos de um convívio saudável conosco e com tudo o que nos cerca. E você, já se amou hoje?
Diário – Para fechar, e a novidade do PIX?
Felipe – Está claro que 2020 foi um ano atípico e repleto de desafios, mas de conhecimentos adquiridos também. Aprendemos questões importantes sobre higiene pessoal, transmissão de vírus e saúde mental, e por mais que reviver alguns momentos do último ano possa parecer tenebroso, médicos afirmam que essa é exatamente a melhor forma de começar 2021 em boa saúde.
Perfil
Felipe Magalhães
Médico e diretor científico do Jaleko, graduado na Universidade Federal Fluminense, com residência clínica médica no Hospital Adventista Silvestre e residência em nefrologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente é também coordenador da comissão de residência médica do Hospital Federal da Lagoa.
Sobre o Jaleko
-Em 2011, antes de pensar em tempos de isolamento social, os médicos Lucas Cottini e Guilherme Weigert já pensavam a frente de seu tempo. Ainda estudantes, sentiam a necessidade do aprendizado moderno e prático. Diante de tantos problemas encontrados pelos então estudantes em relação à logística, desenvolveram o esboço de uma plataforma que entregasse tudo o que o aluno sentia necessidade em sala de aula.
Ana Elisa Almeida
– É graduada pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, residente de Infectologia no Complexo Hospitalar Universitário Prof. Edgar Santos/ UFBA e professora do Jaleko.
Carolina Stoffel
– Médica graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e especialista em psiquiatria pela Universidade Federal Fluminense. Professora de psiquiatria no Jaleko, responsável técnica da Saúde Mental do Município de Guapimirim e médica Psiquiatra CAPS de Guapimirim.
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