“O Amapá já está sendo chamado lá embaixo de a última fronteir
O deputado federal Marcos Reátegui (PSC-AP) é tido como um dos grandes articuladores da visita de Eduardo Cunha ao Amapá, que ocorreu na sexta-feira com o projeto Câmara Itinerante. Para o parlamentar amapaense, tudo faz parte de uma estratégia de lideranças políticas locais, como seu irmão, Moisés Souza, que preside o Parlamento estadual, no sentido de carrear mais apoio em Brasília para as demandas do Amapá. Marcos Reátegui concedeu entrevista ontem ao programa Conexão Brasília, da rádio Diário FM, onde detalhou essas e outras estratégias para garantir respostas mais rápidas para as muitas demandas do estado em Brasília. Ele defende a vocação portuária do Amapá como mote para deslanchar obras de infra-estrutura que ajudem o estado a melhorar suas receitas e garantir qualidade de vida à população.
Diário do Amapá – Chamou a atenção de todos a forte articulação da bancada do Amapá junto ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que ratificou vários compromissos com o estado. Qual a avaliação que o senhor faz da visita dele a Macapá e Santana na sexta-feira?
Marcos Reátegui – Bem, essa bancada está em consonância com o tempo atual. O Amapá depois de se separar do Pará, ser transformado depois em Território [Federal] e em seguida veio para a condição de estado com a Constituição de 1988 e sempre nós tivemos as ajudas de Brasília, ajudas essas constitucionais, não eram favores. Eram simplesmente condições para que nós nos tornássemos um estado, e um estado independente. Pois bem, chegou um momento em que esses valores que são repassados para o estado se tornaram insuficientes para a manutenção do próprio estado. Daí a decisão de trazer o presidente Eduardo Cunha aqui novamente para repassar todas essas informações e contar com seu apoio.
Diário – O senhor fala sobre a dificuldade de caixa do estado, que dizem estar individado…
Marcos – Como todos sabem na administração passada do estado foram constituídos empréstimos muito grandes no BNDES, entre R$ 3 bilhões a R$ 5 bilhões. Esses valores do BNDES precisam ser pagos, afinal são empréstimos, não foram investimentos. Mas eles deveriam ter sido empregados na estruturação do estado para que ele pudesse através do desenvolvimento e da atuação empresarial ter a receita, a arrecadação para pagar esses empréstimos. Bom, não foi feito isso. A administração anterior não fez o que deveria ter sido feito e o empréstimos está aí, o prazo de carência está acabando e nós temos que passar a pagar esses valores. Então nós temos que buscar soluções agora.
Diário – Até porque se anunciavam muitas obras e serviços públicos com esse dinheiro.
Marcos – Isso. E se nós não conseguirmos utilizar bem o dinheiro emprestado, será ruim. Nós temos que ter a criatividade para fazer com que sejam alavancada as condições para quem gera riqueza, que não é o estado, são os particulares que produzem através do trabalho as riquezas, gerem essa condição para que haja um aumento na arrecadação do estado e ele possa assim pagar esses empréstimos.
Diário – Para se viabilizar, é isso?
Marcos – Como disse, tínhamos que encontrar uma maneira econômica para o estado do Amapá, agora não dá mais para esperar. E o Porto de Santana é a nossa saída, oferecida em função da condição geográfica que Deus nos deu.
Diário – Daí então essa mobilização política em torno da vocação portuária do Amapá, que em menos de quinze dias recebeu dois ministros de estado e o presidente da Câmara dos Deputados, que inclusive recebeu uma honraria no Parlamento Estadual, o que gerou mais comprometimento dele, não foi?
Marcos – Sem dúvida. Nós fizemos a parte que precisava ser feita em Brasília e o deputado Moisés Souza, que tem uma visão bem larga, abrangente mesmo sobre o que é necessário para o estado do Amapá, viu na nossa atuação que estariam prontas as condições para que a gente atue de forma moderna, como é necessário que um deputado federal atue. No meu primeiro dia de mandato, para se ter uma ideia, eu estava visitando o ministro Edinho Araújo, pedindo a ele que desse a atenção devida ao Porto de Santana, não para ajudar apenas o Amapá, mas para ajudar ao Brasil, porque o Porto de Santana vai ajudar os amapaenses, mas vai trazer divisas para o Brasil através de uma exportação muito mais fácil, com preço competitivo, porque é mais barato escoar os grãos pelo Amapá, é mais barato plantar hoje no Amapá, porque estamos mais perto dos grandes centros consumidores.
Diário – Então vem em boa hora mesmo essa sacudida no setor com a mobilização da classe política, não é?
Marcos – É, o que precisava era dessa visão mais atualizada, mais moderna desses parlamentares como o deputado Moisés Souza, que vendo essa oportunidade se aproximou do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, e fez o dever de casa, agiu com simpatia, deu a ele condições para que olhasse para o Amapá, pois como disse o próprio presidente, normalmente os olhares são voltados para o Rio, para São Paulo, especialmente, que é a locomotiva do Brasil. Mas nós, apesar de estarmos na fronteira, aqui em cima do Brasil, estamos pela primeira vez na história recebendo um presidente da Câmara dos Deputados. Aliás recebendo duas vezes, olhando para a nossa economia e buscando junto conosco saídas para o desenvolvimento do estado, para tira-lo de uma situação que ficou muito ruim com a última administração.
Diário – Para ter força de alcançar as mudanças tem que ser com esse conjunto. É por aí?
Marcos – Nós estamos vislumbrando agora, através dessa nova postura, formar um grupo de pessoas voltadas a fazer realmente, a fazer uma coisa que vai refletir diretamente na vida dos amapaenses. Aquela expressão ‘gerar emprego e renda’ que sempre foi dita sem conotação de fato, sabe? Os amapaenses apenas ouviam isso sem ver se tornar realidade. Nós estamos vendo agora caminhar nessa direção.
Diário – É uma ação coordenada, como foco e objetividade, é isso?
Marcos – Sim, pois não é um plano que não diz de onde vem e para onde vai. É um plano estratégico em que grandes autoridades do Brasil estão juntas colaborando e indicando inclusive prazos.
Diário – O próprio Eduardo Cunha falou objetivamente em demandas a serem destravadas. O que já se tem, deputado?
Marcos – Ontem nós falamos da retomada das obras do aeroporto, que durante esse período enorme ficaram sem respostas sequer. E estamos falando também de investimentos em valores vultuosos para a construção do porto que vai ser o que já está sendo chamado lá embaixo de última fronteira econômica do Brasil. Esperamos realmente colocar em prática tudo isso. Estamos trabalhando muito, dando tudo de nós, saindo muitas vezes meia-noite, uma hora da manhã do Congresso Nacional trabalhando nesse sentido. A bancada tem se unido em torno disso e tentado mostrar inclusive com a ajuda de outros parlamentares, que não posso deixar de citar, a deputada Fátima Pelaes, que é do PMDB e que tem estado junto com a gente nessa luta.
Diário – É dessa mobilização política que falávamos no início, não é?
Marcos – Nós esperamos sim apresentar concretamente o que o povo merece e deseja: oportunidade de emprego.
Diário – Obrigado pela entrevista e parabéns por este início de mandato em Brasília.
Marcos – Obrigado. Estamos trabalhando pois a população merece respostas. Temos uma pauta importante lá na Câmara dos Deputados, inclusive relacionada à reforma política que se a gente fechar dentro do prazo ainda poderá valer para as próximas eleições com as novas regras que vamos aprovar nos próximos dias.
Perfil…
Entrevistado. O atual coordenador da Bancada Federal do Amapá no Congresso Nacional é o amapaense Marcos José Reátegui de Souza, que é advogado e delegado de carreira da Polícia Federal. Começou a carreira profissional como Gerente de Expediente do Banco do Brasil, em Macapá, entre 1990-1996; foi Assessor Jurídico do Tribunal de Justiça do Estado do Amapá, entre 1997-2000; Procurador do Estado do Amapá, entre os anos de 2003-2006; assumiu como Procurador Geral do Estado, na Procuradoria Geral do Estado, entre os anos 2006-2009; Delegado de Polícia Federal, tendo ingressado no Departamento de Polícia Federal, em 2009. Em 2014 disputou uma vaga para a Câmara Federal, sendo eleito pelo PSC com 12.485 votos.
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