O Brasil descobre os talentos da Amazônia
Cantora nascida em Macapá (AP) que com seu trabalho rompeu os limites de sua terra e leva em sua música o marabaixo, os batuques, entre tantos outros ritmos do Amapá, para o mundo. Ela conversa sobre o momento da carreira
Cleber Barbosa
Da Redação
Diário do Amapá – A primeira pergunta é sobre há quanto tempo você está aí em São Paulo para a gravação de seu novo álbum e se encontra açaí por aí?
Patrícia Bastos – Estou aqui há um mês e meio mais ou menos e sim, a gente até encontra açaí sim, mas não é igual ao nosso claro, tem um lugar chamado Quintal Paraense, e eu mandei buscar um dia desses, bem caro aliás, só que não dava nem meio litro [do nosso] aí dividi para mim e meu filho. [risos]
Diário – Aliás, sobre ser macapaense, você é da Av. Cora de Carvalho, então vamos começar por aí, o que tem nessa rua que sai tantos artistas dali?
Patrícia – É verdade, ali é uma rua de artistas, não sei o que é, vai passando de pai para filho, então é uma rua de família onde de vez em quando a gente encontra um parente. Ali teve o estúdio do nosso saudoso Ivo Cannuty onde eu gravei várias coisas lá, várias músicas.
Diário – E sobre a gravação desse novo álbum aí em São Paulo. Quantos são ao todo?
Patrícia – Sim, esse é meu oitavo álbum. Eu lancei três nas plataformas digitais e outros ficaram guardadinhos. Esse se chama A Voz da Taba, meu terceiro trabalho produzido pelo Dante Ozzetti, que no disco Sou Caboca ele produziu três músicas, mas tivemos três antes, que foi Pólvora e Fogo, que também já está nas plataformas digitais, depois veio Patrícia Bastos in Concert, que foi gravado no Teatro das Bacabeiras, e logo em seguida eu ganhei o [Prêmio] Pixinguinha, que logo veio o [álbum] Sobretudo, outro álbum que eu estava fazendo e foi bem pouco divulgado.
Diário – Quando aconteceu a grande virada na sua carreira Patrícia, ou seja, quando o chamado Sul maravilha se rendeu ao seu talento?
Patrícia – Eu acho que foi quando eu decidi cantar o meu lugar, saí e produzi um disco com músicas do Amapá, da Amazônia, enfim, falando das nossas coisas, acho que esse foi meu primeiro passo. Ainda sem esquecer as nossas raízes, fiz um outro trabalho onde eu quis fazer uma pegada universal, mostrando os nossos poetas, a novidade que a gente tem no Brasil, esse outro Brasil que o Brasil precisa conhecer. Isso foi muito legal, mas acima de tudo é preciso fazer um trabalho de qualidade, com bons arranjos, com boa mixagem, uma boa masterização e uma capa bonita. Então eu acho muito importante fazer um trabalho ao nível daquilo que a gente ouve né? Eu gosto muito de ouvir música também, a minha vida não existe, o meu dia não existe se eu não estiver ouvindo música, desde a hora que eu acordo, na hora que estou tomando banho, na hora que estou preparando o meu café, até a hora que estou saindo de casa estou sempre ouvindo música, ouvindo coisas novas e comparando com o que eu sempre gostei de ouvir.
Diário – Como o que por exemplo?
Patrícia – Os grandes discos, como Maria Betânia, Gal Costa, Caetano Veloso, enfim coisa de qualidade.
Diário – Por falar em Caetano, ele tem uma participação neste seu álbum, como isso foi construído?
Patrícia – Olha esse álbum encerra um trilogia na verdade, com o Zulusa, o Baton Bacaba e agora A Voz da Taba, trazendo muita música do Amapá também, muito batuque, muito marabaixo, como também nossa música de fronteira como o Cassicó, o Zouk, então é um disco bem dançante. Esse álbum também passou na Caixa Cultural para fazer os shows, então vou estar agora em São Paulo dias 2, 3, 4 e 5 pela Caixa e 17 na Casa de Francisca, aí depois Rio de Janeiro e Fortaleza em janeiro e fevereiro, então são viagens para divulgar bastante esse trabalho, o Amapá e nossa música. E aí tem essa cereja do bolo que foi a gravação com o Caetano Veloso, que eu sempre fui muito fã, desde criança sempre muito apaixonada pelo canto dele, pela poesia, enfim, quando ele abre a boca é só poesia e me emociona muito. Eu andei fazendo alguns trabalhos, atendendo ao chamado da Paula Lavigne, para representar a Amazônia, representar a nossa música, enfim, e o Caetano sempre estava presente, então a gente conversou um pouco e eu sempre ia cantar o Jeito Tucuju, então era um projeto que eu sempre tive vontade de chamar o Caetano para cantar comigo, até que um dia eu criei coragem e através do [senador] Randolfe, que é muito amigo dele e meu também, ele fez essa ponte, aceita com muito carinho. Além da faixa nesse álbum ele também estará num clipe que sairá em breve também, só aguardar!
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