Entrevista

“O poço no Amapá será o pioneiro, o descobridor da jazida”, diz especialista amapaense

Um amapaense que deixou sua terra-natal no fim da década de 1980 em busca do mercado de petróleo e gás natural, atuando nas mais promissoras plataformas da Petrobras, planeja retornar e ajudar na implantação no Amapá


 

Cleber Barbosa
Da Redação

 

Diário – Você é natural de Serra do Navio aqui no Amapá, que colocou o Amapá no mapa da mineração, com certeza. Mas se mudou aí para o Espírito Santo faz quanto tempo?

Alfredo Silveira – Eu me mudei para cá em 1990, mas andei fazendo alguns trabalhos no Nordeste também, em Aracaju, também na exploração de águas profundas, mas a região que eu atuei por mais tempo foram mesmo as bacias de Campos, a de Santos e a do Espírito Santo.

 

Diário – Com toda essa experiência no setor de óleo e gás, como você recebeu a notícia de que poderia ter petróleo no Amapá?

Alfredo – Nós temos sim essa indicação e a Petrobrás pretende fazer essa primeira perfuração aí, chamado tecnicamente de poço pioneiro, e assim iniciar essa exploração no mesmo talude que as Guianas estão explorando, então as chances da gente encontrar petróleo aí no Amapá são muito grandes, mas só teremos a confirmação quanto fizermos a perfuração.

 

Diário – O que é exatamente o poço pioneiro?

Alfredo – É o poço que vai ser o descobridor da jazida, mas tudo leva a crer que a gente está na mesma mediação geográfica, que vamos perfurar na mesma profundidade da lâmina d’água, ou seja, no mesmo talude, então as chances de encontrarmos esse petróleo no Amapá são muito grandes realmente.

 

Diário – Como você pode analisar ou projetar o que poderá acontecer com a economia do Amapá se isso realmente vier a se confirmar? E sobretudo que ressalvas pode fazer em relação ante uma eventual corrida para cá por uma promessa do estado virar um novo eldorado?

Alfredo – Olha, por experiência própria, e até um certo conhecimento de causa, pois vim morar no Espírito Santo e trabalhar no Rio de Janeiro, então aconteceu algo aqui muito parecido com essa condição que a gente tem hoje aí, do vizinho estar produzindo petróleo, no mesmo talude. Aqui tivemos uma extensão da Bacia de Campos, o Campo de Roncador, foi sendo cada vez mais explorada em direção ao sul do Rio de Janeiro, norte do Espírito Santo, resultando que o campo exploratório ficou dividido nos dois estados, mostrando que no subsolo a extensão da jazida ultrapassa os limites territoriais da superfície.

 

Diário – Bem, a situação só é diferente daqui pois aí a divisa é entre dois estados brasileiros, aqui uma fronteira entre dois países, o que enseja questões legais, até de direito internacional, não é?

Alfredo – Verdade, isso aí acaba contribuindo para que a gente tenha uma expectativa muito boa de que isso tudo se concretize, afinal é a mesma bacia, o mesmo lençol, a mesma lâmina d’água, como também a profundidade dos poços que se pretende furar. Então dentro dessa linha de raciocínio só falta furar o poço mesmo!

 

Diário – Dos 15 poços que estão previstos pela Petrobras serem perfurados na Margem Equatorial necessariamente o primeiro tem que ser no Amapá?

Alfredo – Na realidade, em 2022 foi deslocada uma plataforma [navio plataforma] lá para a região da Bacia Foz do Amazonas, permanecendo por 30 dias, mas como não foi dada a autorização para a perfuração do poço, essa plataforma que eu inclusive já trabalhei nela inúmeras vezes, um navio de perfuração, que como não pode atuar aí foi deslocado e perfurou um primeiro poço na Margem Equatorial, mas na região do Rio Grande do Norte. Um navio como esse não pode ficar parado, uma unidade dessa tem um custo operacional altíssimo, em torn de US$ 500 mil [dólares] por dia, um navio de sexta geração, poderosíssimo, que perfura poços numa distância de 10 mil, 11 mil metros de profundidade.

 

Diário – Para terminar, se tiver petróleo no Amapá, você retornaria a seu estado de origem para trabalhar, teria mais esse gás, com o perdão do trocadilho?

Alfredo – Ah Cleber, você não tem noção do orgulho que eu vou sentir se eu conseguir realizar esse feito, pois está nos meus planos ajudar o meu estado, pois já contribuí tanto formação de pessoal, desenvolvimento de campos, enfim, isso tudo fora do meu estado, então sendo na minha terra com certeza que terei esse gás sim que você falou, farei isso com todo prazer, tirar toda energia de onde nem tenha para dar minha contribuição no que for necessário para que os amapaenses aproveitem as oportunidades do novo mercado que se abre a partir de agora sem dúvida! ■

 

 

Perfil

Alfredo  Souza Silveira é natural de Serra do Navio (AP), atua como consultor em engenharia de poços e engenharia submarina. Possui 32 anos de Experiência, em atuação direta executando Operações em Plataformas de Exploração de Petróleo e Navios de Serviços tipo: RSV, PLSV, SESV, FPSO.

 

Breve biografia

– Perfuração Exploratória

– Completação de Poços

– Manutenção da Produção de Campos maduros.

– Desenvolvimento de campos nas Bacia de Campos, Roncador, Albacora Leste, Marlin, Marlin Sul, Bacia do Espírito Santo: Golfinho, Jubarte, Peroá/Cangoá, Parque das baleias

Bacia de Santos:  Tupi (Pré sal), Libra, Sapinhoá, Guará,

 

Desafios profissionais

– Instalação de Equipamentos Submarino a cabo – SESV –  (4 anos)

– Instalação de Equipamentos Submarinos a Cabo: BAP, ANM, MCV.

– Carregamento dos Equipamentos nos portos: Vitória ou Niterói

– Setor de Equipamentos Submarinos – (13 anos)

– Instalação de ANMs com Sensores Eletrônicos e Sistema de Controle Multiplexado.

– Instalação da coluna de Produção com sensor permanente de fundo

-PDG.

 


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