“Ordem é voltar ao equilíbrio e deixar passar a tempestade”
Um dos maiores nomes no meio empresarial, como palestrante e entusiasta da inovação, o amapaense João Kepler está de volta à cena, com seu olhar apurado sobre o cenário da pandemia e as novas oportunidades da crise.
Cleber Barbosa
Da Redação
Diário do Amapá – O Quais são os principais desafios que as Startups têm enfrentado durante a pandemia e, consequentemente, a desaceleração da economia?
João Kepler – O mercado mundial já passou por diversas crises, e as startups se mostraram resistentes e resilientes graças ao seu crescimento exponencial e aos melhores retornos pós-crises. Apesar de a crise causada pelo novo coronavírus não ter precedentes e não sabermos ao certo o que vai acontecer, observamos, ao longo da História, que diversas grandes empresas de hoje foram criadas nos moldes das startups em momentos de pura adversidade. Foi durante crises que surgiram ideias incríveis como as startups Airbnb, Uber, Zoom e tantas outras.
Diário – Parece que estavam advinhando.
João – Porque é justamente nessas situações que empreendedores incomodados e insatisfeitos enxergam as oportunidades e desenvolvem alternativas e soluções para os problemas iminentes. Startups estão acostumadas a circunstâncias de extrema incerteza. Os empreendedores brasileiros são resilientes, desenvolvem modelos de negócios enxutos, digitais e escaláveis, trabalham em espaços colaborativos e em home office – em tese, fazem muito, com muito pouco. Por isso, o impacto das mudanças e o reflexo da crise costumam ser menores nessas empresas.
Diário – O momento ainda é de muita incerteza. É uma boa hora para buscar investimento?
João – Não tenho dúvidas de que os impactos da Covid-19 e do alongamento do confinamento deixaram o mercado de capital de risco (Venture Capital) apreensivo e, obviamente, mais lento. O foco mudou rapidamente para o apoio ao portfólio e um cuidado redobrado com as startups investidas. Na Bossa Nova Investimentos, por exemplo, a orientação para nossas startups se dá no sentido de redução geral e controlada de custos, apoiando com mentoria especializada e, eventualmente, soluções financeiras. A ordem é zerar o burnrate [custo operacional] e voltar ao ponto de equilíbro, até passar a tempestade.
Diário – Aumentando os riscos, é isso?
João – A boa notícia é que não corremos riscos de perder investimentos (writeoff) nesse período. Por outro lado, não paramos de investir e tampouco desaceleramos. Ao contrário, continuamos realizando novos investimentos em startups, desde o início da quarentena.
Diário – O que o chamado investidor-anjo está buscando em termos de resultados, como também de novos valores e estratégias?
João – Acreditamos em uma “ressaca positiva” no pós-crise e um 2021 produtivo e rentável. Assim como a Bossa Nova, muitas casas de investimentos em startups e Investidores-Anjo declararam publicamente que continuam investindo durante o isolamento. A maioria afirma que está em home office, embora operando e analisando oportunidades de investimento. Isso mostra que o mercado não parou. E isso é um sinalização importante para o mercado de investimentos e para o ecossistema brasileiro de startups.
Diário – Os chamados cenários, é por aí?
João – Aliás, investidores de fundos (Family Offices e LPs) sabem que, com essas taxas de juros, volatilidade nas bolsas, dólar subindo e mercado incerto em todos os sentidos, terão de alocar mais em investimentos menos líquidos. Percebem a importância dos relacionamentos de longo prazo, dos aprendizados e principalmente que podem agregar valor às startups em estágio inicial (early stage) com capital intangível, assim como com capital financeiro. Temos uma grande safra de empreendedores no Brasil, startups bilionárias, somos o quinto mercado global em tecnologia, Governo, Legislativo, academias, entidades e grandes empresas definitivamente entendem a importância das startups. Até por isso, creio que, não será esta crise, sem desprezar a força de destruição do coronavírus, que vai abalar o mercado de Venture Capital.
Diário – Quais setores ou tipos de solução estão se tornando mais relevantes e atraindo olhares?
João – Ao pensar ainda que, no geral, são negócios de alta aderência a conexões, integrações, adaptações ao mercado e de baixo endividamento, baixo custo e alta performance, as startups estavam adaptadas a trabalhar em home office, por exemplo, e a lidar com equipes reduzidas, orçamento mensal enxuto, dentre outras características.
Perfil
João Kepler – Empreendedor, investidor, autor de diversos livros acerca do assunto e premiado como um dos maiores Incentivadores do Ecossistema Empreendedor Brasileiro; Espalhador de Ideias Digitais e Melhores Práticas em Negócios.
Fornação e carreira
– João Kepler Braga é um Empreendedor Serial; Especialista em Comércio Eletrônico, Marketing Digital, Empreendedorismo e Vendas; Investidor Anjo, membro da AnjosDoBrasil;
– Finalista do prêmio Spark Awards como Investidor Anjo do Ano; Conselheiro da GCSM Global Council of Sales Marketing;
– Associado e Mentor na Seed Investimentos;
– Cotista e Mentor na Aceleradora StartYouUp;
– CEO na Plataforma B2B de Internet Ticketing ShowDeIngressos;
– Blogueiro e Colunista de diversos Portais no Brasil;
Atuação profissional
– Palestrante internacional; Escritor e autor de Livros e DVD´s, como: “Vendas 3.0″, “O vendedor na Era Digital” e “Vendas & Atendi-mento”; Incentivador do ecossistema empreendedor no Brasil e espalhador de Ideias.
Perfil profissional
– Um dos conferencistas mais sintonizados com Inovação, Investimentos, startups e Convergência Digital do Brasil;
Foto: Bruno Barbosa /DA
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