Amor e tiros: a história da brasileira na disputa da primeira medalha no Rio
Rosane jamais havia apertado um gatilho na vida até o nascimento de Edward, seu segundo filho, hoje com 14 anos. A gravidez foi complicada, e o bebê foi dado à luz prematuro, de apenas seis meses. Frágil, ficou mais de dois meses na UTI. A mãe quase entrou em surto. Para não pirar, resolveu seguir o exemplo de seu marido na época, Richard Ewald: começou a atirar.
Amores e tiros se misturam na história de Rosane Budag, 42 anos, a brasileira que disputará a primeira prova valendo medalha da Olimpíada do Rio. A partir das 8h30 do dia 6 de agosto, quando o mundo seguirá falando sobre a cerimônia de abertura dos Jogos, a catarinense estará de arma em punho no estande de tiro de Deodoro para a prova de carabina de ar 10m. Será o maior momento da carreira de uma atleta que começou a atirar para aliviar a tensão de um parto prematuro. Ex-esposa de um atirador, hoje ela namora outro colega – Felipe Wu, forte candidato a subir ao pódio horas depois da estreia dela.
Rosane jamais havia apertado um gatilho na vida até o nascimento de Edward, seu segundo filho, hoje com 14 anos. A gravidez foi complicada, e o bebê foi dado à luz prematuro, de apenas seis meses. Frágil, ficou mais de dois meses na UTI. A mãe quase entrou em surto. Para não pirar, resolveu seguir o exemplo de seu marido na época, Richard Ewald: começou a atirar.
Era a forma de, por alguns minutos, esquecer o mundo. Atiradores costumam dizer que uma das principais características do esporte é a capacidade de isolamento. Falam que quando uma pessoa está mirando um alvo, pensa exclusivamente no alvo – consegue abafar tudo que está em volta. Ao atirar, Rosane percebeu que conseguia deixar de ser uma esposa, uma gerente comercial de multinacional, uma mãe preocupada: conseguia virar apenas uma atiradora. Foi seu anestésico, foi seu calmante.
– Eu vivia sempre estressada. Aí tive meu segundo filho, prematuro, de seis meses. Ele ficou setenta e poucos dias na UTI. Eu, megaestressada, resolvi dar uns tirinhos no clube. Com seis meses, bati o recorde brasileiro. Meu ex-marido era atirador, praticava tiro olímpico, e eu acompanhava, mas nunca me envolvia, não tinha tempo para isso, vivia viajando e trabalhando. Quando aconteceu isso com o Edward, tive que ficar em casa. E resolvi dar uns tirinhos. Era uma coisa que me distraía. O tiro desestressa porque te faz parar de pensar em coisas periféricas e focar naquele momento. Acalma muito – conta Rosane.
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