Análise: São Paulo pode se orgulhar do que fez e deve pensar no futuro
Clube saiu do zero para cair diante do melhor do continente, com erros de arbitragem.
O São Paulo deixa a Libertadores moralmente fortalecido. Não se discute em momento algum a superioridade do Atlético Nacional, um time construído há anos, planejado, pensado, com dois técnicos de formação europeia – Juan Carlos Osorio e Reinaldo Rueda – e gosto pelo futebol bem jogado. Ao juntar as partidas do Morumbi e de Medellín, fica evidente na postura e na forma como arquiteta e controla as ações, a superioridade dos colombianos.
Como também é inegável que ambos os duelos estavam empatados quando os árbitros erraram contra o Tricolor: a expulsão de Maicon e o pênalti não marcado em Hudson. Não se pode justificar a eliminação, mas também não se pode ignorar falhas consideráveis.
Até se entregar diante do pênalti ignorado, no último minuto do primeiro tempo, o São Paulo teve atuação bastante digna diante do melhor time do continente. Superior ao desempenho do Morumbi. Além de posicionar seu time mais adiantado, impedindo que o Nacional tivesse tanta liberdade para o primeiro ato de suas jogadas – e sim, muitas delas são como peças teatrais –, a equipe brasileira ocupou os espaços de maneira muito mais consciente.
Na tarefa mais árdua do ano, o São Paulo chegou sem quatro importantes jogadores – Ganso, Maicon, Kelvin e João Schmidt –, com outros, como Mena e Hudson, sem condições físicas ideais, teve dois expulsos, erros de arbitragem e, ainda assim, fez bom papel. Inegável evolução para um time que, há meses, tomava 6×1 e parecia um bando de crianças contra adultos quando enfrentava seus principais adversários.
É justíssimo o orgulho da boa campanha na Libertadores, assim como é obrigatório que o clube, ao contrário do que fez em eliminações recentes, não mude uma vírgula de seu projeto, do bom caminho que passou a traçar depois do caos administrativo do ano passado.
Se havia brechas tão grandes como as listadas acima num jogo importante é porque o plano da Libertadores foi feito sem dinheiro, sem credibilidade, sem patrocínio, sem líderes. O São Paulo não tinha nada em janeiro, quando buscou Maicon e Calleri por seis meses, Kelvin e Mena por um ano, e Lugano para ter uma identidade. É natural que algo construído no “improviso”, mas também na competência de departamentos de negociações e análises, sofresse percalços.
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