De boxeador a refugiado: guerra na Síria mata atletas
Wessam Salamana representou o país em Londres 2012, mas há três anos não treina e vive na Alemanha após fugir pelo mar
Wessam Salamana passou semanas em um campo de refugiados em Saarbrüken, cidade ao sudoeste da Alemanha. Não domina a língua do país que o recebeu e vive com a esposa e o filho numa pequena casa com o dinheiro que recebe da assistência social alemã. Não tem emprego e vive um dia de cada vez, sem perspectiva futura. Wessam Salamana foi boxeador. Ficou em segundo lugar no campeonato asiático de 2012 e disputou as Olimpíadas de Londres 2012 pela Síria na categoria até 56kg.
De atleta olímpico a refugiado. De herói nacional a desamparado. A reviravolta na vida de Salamana é o melhor exemplo do que se transformou o esporte na Síria. O país está mergulhado em uma guerra civil desde julho de 2011. Lutam entre si o regime do ditador Bashar al-Assad (com apoio da Rússia e Irã), rebeldes da Coalizão Nacional e outras frentes contra o governo (com apoio dos Estados Unidos, Arábia Saudita e outros países ocidentais), e organizações terroristas como o Estado Islâmico (que luta contra todos).
Dados do Observatório dos Direitos Humanos sírio garantem que quase 350 mil pessoas morreram desde então. Entre elas crianças, jovens e atletas que alimentavam o sonho olímpico.
Levantamento do “Syria News” de maio de 2014 informa que 180 atletas sírios haviam morrido até aquela data. Outros 198 foram presos ou torturados.
Em meio ao caos, o número não foi atualizado desde então. Os atletas mortos tornam-se mártires e são “disputados”. O governo diz que os terroristas, a Coalizão Nacional e outras frentes rebeldes são as responsáveis pelas mortes em ataques suicidas, assassinatos e crimes de guerra. E os rebeldes garantem que o regime é quem mata, pois atletas, médicos, jornalistas e pensadores seriam potenciais alvos, podendo confabular contra o governo em prol da revolução por terem o apreço do povo.
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