Deputado Roberto Góes alega dor para faltar à sessão da Câmara
Viagem do parlamentar ao Rio de Janeiro se deu com uma passagem de ida paga com verba da cota parlamentar.
A advogada do deputado federal Roberto Góes (PDT-AP), Gláucia de Oliveira, afirmou que o parlamentar sofre de dores nas articulações e que, por isso, teve que se ausentar de sessões na Câmara nos mesmos dias em que participou da posse de Marco Polo del Nero na CBF e de uma audiência em que o presidente da confederação era o depoente.
Góes, que também é presidente da Federação Amapaense de Futebol, apresentou atestados médicos para justificar faltas nos dias 16 de abril e 9 de junho de 2015.
No primeiro, viajou ao Rio de Janeiro para o evento na CBF e publicou fotos ao lado de outros cartolas no twitter.
No segundo, acompanhou o depoimento de Del Nero à Comissão de Esporte da Câmara, que aconteceu numa das salas da Congresso quase simultaneamente a uma sessão que era realizada no mesmo prédio.
Ele já vinha passando por um tratamento médico por dores nas articulações, então ele poderia ou não frequentar algumas atividades na Câmara, mas não estava impedido de se locomover – afirmou a advogada, em entrevista convocada por ela para comentar a condenação de Góes, considerado culpado pelo STF (Superior Tribunal Federal), nesta semana, por peculato.
“Esses atestados são de dores nas articulações. São diversos tratamentos, que ainda continuam. A Câmara tem uma junta médica. Ele não agiu dentro de nenhuma ilegalidade. A movimentação na Câmara é muito diferente. Quem vai ali pode verificar como é que funciona. Uma hora tem a sessão, daqui a pouco é suspensa e chamam todo mundo. Quem vê de fora não percebe o quanto ela é diferenciada”, completou Gláucia.
A viagem de Góes ao Rio de Janeiro se deu com uma passagem de ida paga com verba da cota parlamentar. Segundo a advogada, o deputado foi à cidade para um encontro do PDT que, coincidentemente, ocorreu no mesmo dia da posse de Del Nero.
“Ele tem o exercício legislativo que lhe dá o direito de ir e vir a qualquer federação do estado. É uma prerrogativa garantida perante a Câmara. O fato de ele ir ao Rio coincidiu com a posse do presidente Del Nero, mas o deputado estava indo a um encontro do próprio partido, que funciona no Rio de Janeiro”, disse.
Só em 2015, Góes teve 26 faltas (21% das sessões), 25 delas justificadas – 21 registradas como “licença para tratamento de saúde”. As ausências não justificadas são descontadas dos salários dos parlamentares.
A reportagem procurou o assessor de imprensa do PDT no Rio de Janeiro, Osvaldo Maneschy, que disse não se lembrar de evento do partido na data alegada pela advogada. Maneschy afirmou que faria uma pesquisa nos arquivos para saber se houve algum encontro – o que não foi concluído até a publicação desta reportagem. A advogada de Góes não atendeu às ligações após a entrevista.
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