Esportes

Derrota mostra que Spider precisa se adaptar à nova realidade

Idade e derrotas para Weidman derrubaram aura de “invencível” de Anderson Silva


O vencedor da luta entre Anderson Silva e Michael Bisping pode ser discutido nas rodas de bate-papo, escritórios e em bares. Cada um tem a sua opinião. Eu tenho a minha, você tem a sua, e vida que segue. Mas o perdedor da luta não há como discutir: foi o Spider. E se engana que a derrota aconteceu apenas após 25 minutos de luta em Londres. Ela aconteceu antes do Spider sequer pisar na belíssima O2 Arena, continuou durante o duelo, e se consolidou somente após o último torcedor ir para casa.

Não é novidade para ninguém que Anderson Silva é autoconfiante. Mesmo adotando um discurso humilde e moderado, ele age como se suas lutas fossem uma formalidade, quase um detalhe em cada evento do qual participa. Anderson, com muita razão e com justiça, conquistou o status de superestrela de um esporte duríssimo. Guardadas as proporções, é o mesmo que comparar Michael Jordan a uma partida contra, digamos, o Milwaukee Bucks. Jordan era maior que o jogo. Anderson Silva também. O problema é que Jordan sabia lidar com isso. Anderson, não. Não só Jordan, mas todos os imensos ídolos esportivos mundiais tinham (e têm) a faca nos dentes, o sangue nos olhos. Queriam (e querem) ganhar tudo. Quanto mais, melhor. Anderson não. Para ele, aparentemente, ganhar é mais que um detalhe. É uma certeza, quase uma formalidade. O que vale é o show.

Durante a semana em Londres, viu-se de tudo por parte do brasileiro: show de canto no hotel, imitações de policiais com os colegas de equipe, brincadeiras infantis e tentativas de jogos mentais com seu adversário, Michael Bisping. O brasileiro não aceitou a oferta de um aperto de mãos do inglês por duas vezes, o que é aceitável dentro da promoção de uma luta de MMA – já houve coisas bem piores. Mas a tentativa de imitar Bruce Lee na encarada antes do “media day” mostrou o grau de desconcentração de Anderson. Ele queria ser uma estrela maior do que já era. Queria mostrar que iria brincar de super-herói, e ganhar quando quisesse. As declarações à imprensa – algumas debochadas, outras irritadas e poucas realmente sérias – deixavam à mostra uma pessoa farta dos compromissos chatos e repetitivos. Ali estava alguém ansioso para sair e ir para o seu mundo, compartilhado com poucos e seletos parceiros, e só aparecer na hora do show. A hora de encantar o mundo.


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