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Em nome da filha: brasileira diz não ao aborto e brilha na esgrima paralímpica

Em nome da filha: brasileira diz não ao aborto e brilha na esgrima paralímpica


O sucesso na esgrima depende de escolhas precisas: o momento exato de atacar, a hora de se defender, onde desferir o golpe. Para Mônica Santos, este exercício de tomar decisões difíceis, sob pressão, começou muito antes da busca por uma medalha na Rio 2016. Principal atleta feminina do Brasil no esporte, a gaúcha tornou-se paraplégica “por opção”. Parece um mau uso das palavras, mas foi a realidade de quem preferiu encarar o desafio de aprender a viver enquanto cadeirante a abortar na primeira gravidez. Na Paralimpíada, enquanto Mônica tentará surpreender as favoritas ao título do florete na categoria A, Paolla, hoje com 13 anos, estará na torcida gritando pela mãe.

Mônica tinha 18 anos quando soube que estava grávida. Em meio à alegria pela maternidade, veio o susto. Uma fraqueza até então inexplicável nas pernas foi atribuída à descoberta de um angioma medular. Ouviu dos médicos que o aconselhável seria interromper a gestação para evitar que a lesão pressionasse ainda mais a medula, o que poderia causar até tetraplegia. A gaúcha contrariou a recomendação e assumiu o risco. Deu à luz Paolla, e posteriormente se submeteu à cirurgia para a retirada do angioma. Perdeu o movimento das pernas, mas pôde carregar a filha nos braços.

– Me tornei cadeirante em 2002 por opção. Eu estava com dois meses de gestação quando tive um angioma medular e optei por ter a neném e ficar paraplégica. Não foi uma questão religiosa. Foi uma questão humana. Acho que, se cada um tivesse um pouquinho mais de humanização, o país estaria bem melhor. No momento eu nem pensava em ser contra aborto ou a favor. O fato é que eu queria ter um bebê, ali era uma vida, e eu não queria tirar aquela vida. Acho que era um ser humano desde o momento que estava ali batendo o coraçãozinho, disse Mônica.


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