Em nome do pai e do filho, Zé da Vila lembra origens em passeio pelo bairro
A idolatria ao pai italiano, os sete anos como jornaleiro, o início no salão, o sambista e a decepção que o afastou dos gramados
A Vila Isabel dá samba. Deu Noel Rosa e Martinho da Vila. Mas das quadras do boêmio bairro da Zona Norte não saem apenas pés habilidosos para passos, mas também para passes e dribles. Zé Ricardo é da Vila, não vacila e une um pouquinho de tudo citado em sua personalidade.
Em passeio pelas ruas do bairro até à Associação Atlética Vila Isabel, berço do futebol de salão, onde passaram Ricardo Gomes e Athirson e legião de craques, o técnico do Flamengo ouviu incentivo, pedidos para não deixar Jorge sair e recebeu carinho dos rubro-negros.
Na Vila, o Zé é muito mais do que o técnico do Flamengo. É o Zé do samba na rua 28 de setembro, do futebol de salão e de sangue italiano, que não troca macarronada por nada. Nem por feijoada. É ainda o Zé da banca de jornal, que herdou do pai no Centro e passou recentemente para o tio. O pai, Alessandro Mannarino, que chegou imigrante italiano ao Brasil com 15 anos, é seu ídolo.
– Era um exemplo em liderar. Meu pai nunca precisou me bater, nunca me bateu, nunca elevou a voz. Educava pelo exemplo. Passava o dia todo trabalhando, a vida era sofrida na banca de jornal, onde se acorda muito cedo e se chega tarde em casa. Mas era uma alegria quando ele chegava em casa, lembra, emocionado.
Moro aqui há 12 anos, desde que casei, mas antes morava no Maracanã e aqui foi onde nasci e, praticamente, fui criado. Quando eu era muito novo meus pais me traziam para a rua 28 de setembro, a gente sentava em frente ao clube (Vila Isabel), passavam blocos, escolas de samba de grupos menores, ficava acompanhando até altas horas. Gosto muito de samba, todo ano quando posso acompanho na Sapucaí. Já desfilei em quase todas as escolas do grupo A. Não tenho escola única para torcer. Isso é diferente do futebol, porque o torcedor gosta do seu time e torce contra os outros. Hoje, o pessoal mais antigo acaba me reconhecendo um pouco nas ruas, mas é sempre legal esse carinho. Lógico que faz parte do dia a dia as críticas também e não tem problema.
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