Esportes

Micale pede respeito a Neymar e teme que ele e jovens abandonem a seleção

Técnico afirma que críticas ao craque são implacáveis, pede fim de caça a vilões


A partida decisiva contra a Dinamarca, em Salvador, às 22h (de Brasília) desta quarta-feira, o técnico Rogério Micale saiu em defesa de Neymar e usou o exemplo do craque para fazer uma série de alertas ao futebol brasileiro.

Sob clima pesado por conta dos dois empates sem gols, contra África do Sul e Iraque, da ameaça real de eliminação precoce na Olimpíada em casa e das vaias agressivas da torcida de Brasília nas rodadas iniciais, Micale criticou a repercussão sobre atitudes pessoais de Neymar, como a decisão de não dar entrevistas, e disse que os melhores jogadores da atual geração podem seguir o exemplo de Lionel Messi – que, segundo a imprensa local, já voltou atrás de sua intenção de não jogar mais pela Argentina – e desistir de defender a seleção brasileira.

– Se não analisarmos friamente, não tivermos uma transição dos craques, não o respeitarmos, logo eles não vão querer estar conosco. O Neymar quis estar na Olimpíada, e volto a dizer: ele assumiu uma situação e é muito cobrado por isso com 24 anos. São fatos para refletir.

– Enquanto ficarmos preocupados com tarjas de capitão, comportamentos pessoais, situações internas de relacionamento, e não abrirmos discussão para realmente entender o que está acontecendo no futebol brasileiro, no setor tático, comportamental, vamos continuar na mesmice. Queremos achar culpados, isso é um grande mal. Para avançarmos em algo melhor para o nosso futebol, a discussão deveria ser mais aprofundada, e não tão superficial em pontos que não agregam nada em situações de jogo. Perdemos muito tempo com isso. Temos que parar de achar vilões. Fizemos isso com Bernard na Copa do Mundo, o Rafael na última Olimpíada, sempre buscamos vilões e muitas vezes estancamos um potencial de avanço num futuro próximo. A Alemanha levou 12 anos para chegar onde chegou, mas nós queremos chegar lá com seis meses, não queremos passar por 11 anos e meio de preparação. Estamos lidando com jovens, se continuarmos matando, vamos colher a mesma coisa que estamos colhendo há anos.

O treinador também falou sobre a comparação feita entre Neymar e Marta, camisa 10 e principal jogadora da seleção feminina de futebol do Brasil, e sobre o garotinho do Rio de Janeiro que riscou o nome do jogador de sua camisa para escrever o da atleta.


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