Esportes

Não teve Copa, mas teve grana

Governo Federal ainda paga a conta para obras em centros de treinamento que não receberam nenhuma seleção


A Copa do Mundo acabou em julho de 2014, mas dois anos depois as contas continuam chegando. Para financiar centros de treinamento que jamais foram usados no Mundial, o governo federal gastará R$ 63 milhões em 21 cidades, distribuídas por 11 estados. O valor faz parte de um pacote de ações de “incentivo à Copa do Mundo Fifa 2014″, do Ministério do Esporte. Desse total, R$ 26 milhões já foram repassados e ainda há outros R$ 37 milhões a serem distribuídos.

As cifras foram levantadas no Portal da Transparência e confirmadas pelos estados e municípios agraciados. De tudo o que será investido, só R$ 2,5 milhões foram liberados antes do início do Mundial. Ou seja, o grosso do dinheiro – mais de R$ 60 milhões – foi (e será) gasto para “incentivar” uma Copa do Mundo que já acabou.

Apesar da aparente contradição, três especialistas em administração pública afirmaram que não há ilegalidade no manejo desses recursos. Haveria, no máximo, demonstração de ineficiência por parte do governo – tanto de quem liberou quanto de quem recebeu os recursos. Os repasses começaram quando o ministro do Esporte era Aldo Rebelo, seguiram com George Hilton e vão continuar com Leonardo Picciani.

Os critérios para aprovação dos convênios e o do volume de recursos eram confusos, sem padrão claro. A reportagem enviou uma lista de perguntas ao Ministério do Esporte, responsável pela liberação do dinheiro, que respondeu com uma nota de dois parágrafos,.

– O Ministério do Esporte tem como parte de sua missão permanente o fomento à prática esportiva e o aprimoramento da infraestrutura esportiva em todo o território nacional. Por isso, uma série de equipamentos públicos recebe recursos do Ministério para reforma, ampliação ou construção. Como parte do plano de nacionalização do legado esportivo da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, um conjunto de estruturas públicas foi e está sendo qualificado para atender as diversas regiões do País.


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