Esportes

O Haiti na Javari: histórias de sonhos e amor ao futebol brasileiro

Pérolas Negras perde seus primeiros jogos, mas cativa a torcida local e mostra talento em campo


Fim do primeiro tempo de Pérolas Negras x América no estádio Conde Rodolfo Crespi, na Rua Javari, pela segunda rodada do Grupo 28 da Copa SP de Futebol Júnior. Prestes a cobrar um pênalti, Marckenson Fenelon olha fixamente para a bola. O camisa 10 da equipe haitiana, convidada para disputar a competição, tem a chance de empatar a partida. Da arquibancada, ouve-se o grito.

– É pelo seu pai, Fenelon!

Ele desperdiça a cobrança, mas no rebote o camisa 7 Dany Camille cabeceia para a rede. Festa total da comissão técnica e dos jogadores. E também dos torcedores do Juventus que assistiram ao primeiro jogo do dia, contra o São Caetano, e ficaram para incentivar os haitianos, pressionando o árbitro e gritando a cada bela jogada. A Rua Javari, por mais um dia, foi um pedaço do Haiti no Brasil.

No fim, o Pérolas Negras acabou eliminado com a derrota por 2 a 1, mas o resultado era o que menos importava. Fenelon, que chegou a passar por Cruzeiro e Botafogo e deve jogar o Campeonato Carioca Sub-20 pelo Boavista, foi o jogador mais festejado após o gol, mesmo sem ter convertido o pênalti, jogando para escanteio um abatimento não apenas pelo lance. Ele perdeu o pai durante a Copinha, mas mesmo assim seguiu em frente.

Em português, ele revela que o pai foi ao jogo entre Brasil e Haiti em 2004 com os irmãos, mas ele, ainda criança, ficou com a mãe, que não gosta de futebol. A ausência na partida, no entanto, não diminuiu em nada a adoração do meia pelo futebol brasileiro, explicitada quando a pergunta é sobre o ídolo no esporte.

– No Brasil? Neymar. No mundo? Neymar. Antes eram Kaká e Ronaldinho, mas agora é o Neymar – diz, sem pestanejar.


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