Setas, manchas e bolinhas: como Tite e sua comissão analisam os jogadores
Técnico não adere ao modismo do mapa de calor, e mostra que tipos de gráficos o ajudam a convocar a Seleção
De uns tempos para cá, você, viciado em futebol, certamente passou a ouvir falar mais em mapa de calor. À primeira vista, parece apenas o desenho de um campo cheio de manchas. Mas elas representam a área de atuação de um jogador durante uma partida, em gráficos feitos por programas de computador.
O modismo não atingiu o coração de Tite. O novo técnico da seleção brasileira, em visita à equipe olímpica ainda no início da preparação na Granja Comary, em julho, disse que não fazia tanto uso desse material. Ele preferia outro tipo de gráfico para analisar jogadores.
É um trabalho, digamos, mais artesanal. A reportagem teve acesso a dois gráficos que representam a movimentação de um jogador de meio-campo convocado por Tite. A comissão técnica observou duas partidas dele no estádio pelo Campeonato Brasileiro, e acompanhou, a mão, em tempo real, suas movimentações.
As bolas pretas representam seus atos ofensivos, e as vermelhas os defensivos. Os deslocamentos indicam a área preferida do jogador, onde ele se sente à vontade em campo. No segundo jogo, o do gráfico à direita, o meio-campista teve mais participação tanto na chegada ao ataque quanto na composição de marcação de sua equipe.
Mas por que o mapa de calor não seduz Tite? Porque, por exemplo, quando Neymar se desloca de uma lateral a outra para bater uma falta ou um escanteio, esses gestos são detectados e influenciam no resultado final. Se ele deixa o campo machucado para ser atendido ou vai à lateral reclamar de uma marcação, idem. Todas as ações são registradas, incondicionalmente.
O técnico gosta de ter uma noção melhor do que cada atleta faz quando sua equipe tem a posse de bola, e nos momentos de formação defensiva, com a bola sob domínio do rival. De que forma ele participa, onde ele se situa. A comissão crê que esse tipo de desenho é mais fidedigno ao que cada um pode desempenhar em campo.
Mas não foram apenas observações individuais que nortearam a escolha de Tite por seus 23. Fascinado pelo setor de meio-campo e por jogadores que ali atuam, ele e seus auxiliares Cleber Xavier, Sylvinho e Matheus Bachi também elaboram relatórios coletivos.
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