Tamanho é documento? Saiba por que os baixinhos dominam a ginástica
Menor atleta da Rio 2016, Flávia Saraiva é exemplo de que ginastas baixos levam a melhor
É difícil não se encantar com Flávia Saraiva. O carisma da ginasta de 16 anos arrebata fãs, que se impressionam com os movimentos difíceis e precisos. Como pode uma garota de apenas 1,33m e 31kg voar em piruetas e mortais? É justamente a baixa estatura um ponto forte da Pequena Notável. Na ginástica artística, tamanho é documento, e quem é menor leva a melhor. Mesmo que haja perfis de biotipos variados nessa modalidade, há duas regras básicas: ser magro e ser baixo.
– É o esporte dos mais baixos. Precisa ter o centro de gravidade mais próximo da terra. Isso faz com que os baixinhos tenham mais equilíbrio. Um cara do basquete é mais desengonçado. Imagina um cara daquela altura fazendo ginástica? Para ele rodar no ar seria muito mais difícil. Você tem mais massa corporal para girar. Então é um esporte em que pessoas mais baixas têm mais habilidade. Hoje, mesmo entre os mais baixos se vê um biotipo mais diferenciado. Agora, gordura? Nem pensar. É sempre magrinha e com uma musculatura bem definida – explica Georgette Vidor, coordenadora da seleção brasileira feminina de ginástica artística.
Atleta mais baixa do Time Brasil, Flavinha é o exemplo máximo de que ginastas mais baixos levam vantagem. Com 5m de comprimento e apenas 10cm de largura, a trave de equilíbrio parece maior para ela do que para ginastas altas – a jovem é candidata ao pódio no aparelho. Há mais espaço e segurança para a brasileira fazer sequências de mortais, com um elevado controle corporal justamente por ter baixo centro de gravidade.
A Pequena Notável puxa para baixo a média de altura da equipe feminina de ginástica do Brasil, que tem 1,48m de estatura média – a média nacional para mulheres é 1,61m. O grupo segue a tendência internacional. A maioria das ginastas na Rio 2016 tem entre 1,48m e 1,55m. Dona de 10 ouros e 14 medalhas nos três mundiais deste ciclo olímpico, Simone Biles figura como maior estrela da modalidade e é favorita a cinco dos seis títulos femininos nos Jogos. A altura de 1,45m também é um trunfo da americana de 19 anos, que chama a atenção pela potência muscular especialmente no solo e no salto.
– Agora com os especialistas, ficou um pouco diferente. No salto, você já vê meninas mais parrudas, como a Simone e a Giulia (Steingruber, suíça). Nas paralelas temos dois biotipos: o das inglesas, que são grandes e mais fortes, e as chinesas, muito magrinhas – contou Georgette.
Entre os homens, a regra é a mesma: ginastas baixos, magros e com musculaturas bem definidas. A maioria dos ginastas já garantidos tem entre 1,58m e 1,68m – a média da equipe brasileira é 1,66m de altura, enquanto a média nacional para homens é 1,73m.
– Lógico que não pode ser um atleta muito alto e tem que ser magro. Hoje já vê alguns de estatura mediana. São atletas com pernas leves e ombros largos. Nas décadas de 70 e 80 eram ainda mais baixos. Agora está mais variado, mas não pode ter mais de 1,73m. Fica mais difícil – contou Renato Araújo, técnico-chefe da seleção masculina brasileira de ginástica artística.
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