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Advogado e historiador Dorival Santos lança livro sobre os bastidores da ditadura no Amapá

De autoria do historiador e advogado amapaense Dorival Santos, a edição, da Multifoco, prefaciado pela professora do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ, Cristina Buarque de Holanda, será lançada nesta sexta-feira, 7, durante coquetel no espaço Vitruviano.


“Entre a Tortura e a Matinta Pereira: Uma  abordagem Cultural da Ditadura no Amapá”, entra no mercado literário descrevendo fatos e efeitos deste período, contribuindo com os estudos sobre o assunto e desmistificando, com base em documentos e relatos, o que se passou no meio do mundo, região cercada por mitos, confundidos propositalmente com a realidade, descritos nesta publicação. De autoria do historiador e advogado amapaense Dorival Santos, a edição, da Multifoco, prefaciado pela professora do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ, Cristina Buarque de Holanda, será lançada neste sábado, 8, durante coquetel no espaço Vitruviano.
O tema, abordado exaustivamente após a abertura democrática, e que ganha sempre com uma nova página, com esta publicação, conta mais capítulo importante e lúcido, com base em documentos e fatos reais, mas com as peculiaridades amazônicas, que deram ao período, um caráter mitológico. Enquanto no resto do país, a repressão aos subversivos, sumiço e torturas, marcaram pessoas e épocas, no Amapá ficou conhecido como tempo do “engasga-engasga”, quando o Estado se apropriou de lendas e mistérios para relacionar aos comunistas e justificar ações repressivas.   
Os bastidores desta histórias são contadas por Dorival Santos, militante de causas sociais, nascido nos anos 60, ouvinte, expectador e leitor destes fatos, que buscou em fontes públicas e acervos privados, documentos e pesquisas, processos e anuários, matérias jornalísticas e depoimentos, embasamentos a publicação, e para explicar a conexão entre o imaginário e a realidade. Ele narra com responsabilidade, a forma como os então subversivos, engasgadores que eram o terror da cidade, foram elencados na imaginação popular, ao patamar dos seres como matinta pereira, curupira e iara, e viraram personagens de um cenário saído da imaginação dos repressores.
O livro relata as estratégias para justificar as prisões, como a relação criada entre as criaturas lendárias e os comunistas engasgadores, que agiam soturnamente e por coincidência de noite, quando providencialmente a energia falhava, justamente na hora que a população voltava para casa, criando um ambiente de terror. O pânico só era amenizado quando o Estado colocava nas celas lideranças comunistas, e então a energia era regularizada, acabando com a ameaça dos engasgadores, e a população podia andar tranquilamente em uma cidade pacata e sem medo.
Mestre em História Social do Trabalho e Doutor em Sociologia e direito, o autor entra no contexto social e econômico causado pelos governantes, que, para tirar de circulação opositores do regime, demitiam servidores públicos do então Território, atingindo diretamente a vida de uma considerável parcela de trabalhadores. “…este livro investiga uma prática corrente (e pouco comentada) da ditadura no Brasil: o cerceamento ou mesmo a extinção dos meios de sobrevivência material de cidadãos e suas famílias, condenados à miséria econômica pela impossibilidade de reinserção laboral”, cita Cristina Buarque.

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