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Com alta de endividamento, cartão de crédito mantém consumo, mostra pesquisa

Modalidade é a que mais endivida brasileiros hoje no país, segundo CNC.


Uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostrou que oito em cada dez famílias (79%) brasileiras estão endividadas no Brasil atualmente. O cartão de crédito é o principal fator de endividamento: 86,2% dos lares brasileiros relatam estar com a fatura em mãos para pagar.

No Amapá, 72% das famílias estão endividadas, de acordo com o relatório. É o sétimo estado menos endividado da federação hoje – o último da lista é Goiás (60,5%), enquanto o primeiro é o Paraná (96%).

Segundo análise da CNC, esse contexto se explica pela inflação alta, que faz com que o crédito se torne um meio de recompor renda ao longo do mês para seguir consumindo. O mesmo acontece com redes de varejo.

Com isso, os juros médios cobrados no cartão atingiram 67%, o que representa a segunda maior taxa entre todos os tipos de dívida.


Vale lembrar que, segundo um levantamento do Banco Central, nos dois primeiros meses de 2022, a taxa total de juros dessa modalidade foi de 174,3% ao ano.

Ela é ainda maior, porém, se o cliente resolver pagar apenas o valor rotativo (mínimo) da fatura: em 2021, essa taxa foi de cerca de 349% ao ano. Porcentagens como essa são parecidas também quando a opção é por parcelar o valor total da fatura, por exemplo.

Especialistas têm dito que os recordes nas taxas de endividamento podem ser sinais de que o orçamento está acabando antes do fim do mês – ou até na metade dele. Para seguir consumindo, as famílias apostam no cartão de crédito, que é um meio rápido de acessar dinheiro, embora não seja o mais barato, por causa dos juros.

É por isso que, na orientação deles, negociar dívida é um fator importante nesta época do ano – em muitas instituições abrem brechas para dar descontos em dívidas antigas.

Mas há percepção de alguns deles é que isso representa, justamente, o aquecimento da economia. Outros, ao contrário, observam nessa lógica um sinal de que as coisas vão mal.

A pesquisa ainda mostra que 30,3% das famílias brasileiras estão inadimplentes hoje, o que significa que estão com dívidas em atraso. É o maior nível da série histórica iniciada há mais de uma década. Pior do que isso são as 10,6% de casas que relatam não ter condições de arcar com os boletos atrasados no momento.

“Os orçamentos domésticos seguem apertados, principalmente, das famílias de menor renda, com o nível de endividamento alto e os juros elevados, que pioram as despesas financeiras associadas às dívidas em andamento“, diz a CNC no relatório da pesquisa.

Chama atenção, de fato, que a maior parte das pessoas entrevistadas tenham relatado estarem com dívidas há pelo menos um ano (34%)e que, mais do que isso, metade delas esteja com uma parcela entre 10% e 50% da renda comprometida para arcar com essas despesas. É o caso de Matilde. “Quando eu recebo meu salário, praticamente metade dele vai para as dívidas que eu já tenho no início do mês, como o boleto do carro e o cartão de crédito”, finaliza.


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