Descarte incorreto de medicamentos vencidos prejudica o meio ambiente, explica farmacêutico
Cerca de 20% de todos os remédios que utilizamos são descartados de forma irregular. Jogar remédios no lixo ou esgoto oferece riscos à saúde e ao meio ambiente
Existe uma farmácia no Brasil para cada 3.300 habitantes; e o país é o sétimo que mais consome medicamentos no mundo, segundo dados do Conselho Federal de Farmácia. Entre os remédios mais ingeridos estão: anticoncepcionais, analgésicos, descongestionantes nasais, anti-inflamatórios e alguns antibióticos que não precisam de receita médica. A tradicional “farmacinha”, é comum na casa dos brasileiros, principalmente para lares que possuem crianças e idosos.
Com acesso facilitado aos remédios, o grande desafio do país é fazer o descarte correto dos medicamentos em desuso ou fora do prazo de validade. Cerca de 20% de todos os remédios que utilizamos são descartados de forma irregular. O lixo convencional ou rede de esgoto é o destino da maioria destas substâncias químicas.
“Jogar remédios em locais não apropriados pode oferecer riscos à saúde e ao meio ambiente”, alerta Helison Carvalho, farmacêutico (CRF-AP 526), doutorando em inovação farmacêutica e coordenador do curso de Farmácia da Faculdade de Macapá (Fama). O descarte inadequado pode afetar o solo, águas superficiais ou lençóis freáticos.
Cada quilo de medicamento descartado incorretamente pode contaminar até 450 mil litros de água. As substâncias químicas dos medicamentos podem transformar-se em substâncias tóxicas e afetar o equilíbrio do meio ambiente.
O farmacêutico dá algumas orientações de como fazer o descarte correto dos medicamentos vencidos e aqueles que não serão mais utilizados pelo paciente:
• Procurar a farmácia ou drogaria mais próxima de sua casa e fazer a entrega de todo tipo de remédio em desuso, sejam comprimidos, cápsulas ou xaropes. O estabelecimento irá encaminhar esses materiais ao seu destino sem risco de contaminação.
• Nos hospitais e postos de saúde é possível fazer a entrega de agulhas ou lancetas usadas no tratamento de diabetes ou outras doenças. É importante armazenar esses materiais em um recipiente rígido que possa ser lacrado como garrafa pet.
• As bulas e caixas podem ser destinadas diretamente pelos consumidores para a reciclagem junto ao lixo convencional.
• É necessário estar atento a validade e as condições de armazenamento dos medicamentos para ter garantida sua eficácia. Tomar medicamentos vencidos pode levar a complicações graves, inclusive risco de intoxicação devido a substâncias químicas nocivas, formadas na degradação do medicamento.
• A farmácia caseira não pode substituir a consulta com o médico que é o profissional responsável pela prescrição de medicamentos.
No Brasil, já existem leis que regulamentam o descarte de remédios pela indústria e estabelecimentos de saúde, como as clínicas, hospitais e drogarias. Os medicamentos utilizados em casa passam agora também a ter uma política estabelecida. Foram dez anos de discussão, até que em julho do ano passado foi regulamentado em todo país o Decreto nº 10.388/2020. As medidas, entraram em vigor no mês de dezembro e contam com um prazo de até o ano de 2015 para todos os municípios, com população superior a 100 mil moradores, ter pelo menos um ponto de coleta de medicamentos. Poderá ser considerado crime ambiental o não cumprimento das regras de descarte de medicamentos domiciliares
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