Itaipu rompe barreira inédita dos 100 milhões de MWh de geração de energia
O volume de energia gerada de janeiro até agora é 33% superior ao previsto no Tratado de Itaipu, que estabeleceu como produção 75 milhões de MWh anuais.
A Usina de Itaipu é a primeira hidrelétrica do mundo a gerar 100 milhões de megawatts-hora (MWh) em menos de um ano, segundo a empresa brasileiro-paraguaia. A marca foi alcançada nessa terça-feira (20), às 23h16. O volume de energia gerada de janeiro até agora é 33% superior ao previsto no Tratado de Itaipu, que estabeleceu como produção 75 milhões de MWh anuais.
Os 100 milhões de MWh produzidos pela Usina de Itaipu seriam suficientes para atender ao mercado brasileiro de eletricidade por um período de dois meses e 16 dias e o paraguaio, durante sete anos e 17 dias.
No sábado (17), Itaipu já havia quebrado o recorde mundial de geração de energia elétrica ao ultrapassar os 98,8 milhões de MWh produzidos pela Usina Três Gargantas, na China, em 2014. Com o resultado, a empresa binacional reassumiu a liderança no setor.
Uma combinação de fatores contribuiu para o bom desempenho, de acordo com a empresa: a afluência regular do Rio Paraná, a alta demanda de eletricidade no Brasil e no Paraguai, a otimização do uso dos recursos naturais e a elevada performance dos equipamentos.
Segundo o diretor técnico executivo de Itaipu, Airton Dipp, a usina deve fechar o ano com produção acima dos 102 milhões de MWh. “Repetir essa marca é possível, mas superar os 102 milhões de MWh é muito difícil, porque temos uma limitação que são os 14 mil megawatts instalados de potência. Eles limitam a produção a uma faixa nesse nível”, disse. “É claro que tem as condições hidrológicas [de chuvas], que foram favoráveis em 2016, e também a alta demanda [por energia] de Brasil e Paraguai. Este ano foi excepcional e dificilmente vai se repetir”.
Bandeira tarifária
“O aumento de geração de Itaipu – e também da maioria das hidrelétricas brasileiras, beneficiadas pela regularização das chuvas no país este ano – contribui para diminuir os gastos do consumidor brasileiro com a eletricidade”, disse, em nota, o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek. Segundo ele, esse é um dos principais impactos positivos gerados pelo crescimento da hidroeletricidade este ano no Brasil.
A bandeira tarifária será verde em dezembro. No mês passado, ela foi amarela. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o que determinou a volta da bandeira para o patamar verde foi a condição hidrológica mais favorável, que subiu o nível dos reservatórios de hidrelétricas e permitiu o desligamento das usinas termelétricas, mais caras.
Desde que foi implementado o sistema de bandeiras tarifárias, em janeiro de 2015, até fevereiro deste ano, a bandeira se manteve vermelha, primeiramente com cobrança de R$ 4,50 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos e, depois, com a bandeira vermelha patamar 1, que significa acréscimo de R$ 3,00 a cada 100 kWh. Em março, passou para amarela, com custo extra de R$ 1,50 a cada 100 kWh, e de abril a outubro ficou verde, sem cobrança extra. No mês passado, a bandeira passou para a cor amarela novamente.
Na semana passada, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) sinalizou que a bandeira verde vai vigorar durante todo o verão.
Itaipu e Três Gargantas
Segundo projeções de Itaipu, este ano Três Gargantas, que fechou novembro com a geração em torno de 83 milhões de MWh, deve ter uma produção total de 90 milhões de MWh.
Com 22,4 mil megawatts (MW) de potência instalada, ante 14 mil MW de Itaipu, a usina chinesa começou a operar a plena carga em 2012. No entanto, embora com capacidade instalada de equipamentos superior, Três Gargantas só conseguiu produzir mais do que Itaipu em 2014, quando o Brasil enfrentava grande seca e a geração hídrica foi prejudicada.
Histórico
Desde a entrada em operação, em maio de 1984, Itaipu já gerou 2,4 bilhões de MWh, o que representa a maior produção de energia acumulada do mundo. Essa energia seria suficiente para suprir o consumo de todo o planeta por 40 dias.
Itaipu responde por 18% de toda a energia elétrica consumida no Brasil e atende a 82% do consumo paraguaio de eletricidade. A usina gera 2,7 mil empregos diretos: 1,4 mil no Paraguai e 1,3 mil no Brasil. Para construí-la, foram necessários U$$ 27 bilhões, captados em órgãos nacionais e internacionais, incluindo as rolagens financeiras. Atualmente, a dívida é US$ 10 bilhões. Cerca de 60% dos custos anuais têm como destino o pagamento dessa dívida. O pagamento total da dívida ocorrerá no primeiro trimestre de 2023, segundo a empresa.
A construção da usina é resultado de intensas negociações entre o Brasil e o Paraguai, iniciadas ainda na década de 1960. Em 26 de abril de 1973, foi assinado o Tratado de Itaipu, instrumento legal para o aproveitamento do potencial hidráulico do Rio Paraná. Em maio de 1974, foi criada a empresa Itaipu Binacional, para construir e gerenciar a usina.
Agência Brasil
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