Presidente dos Correios aponta prejuízo de R$ 2 bi; sindicato alerta para risco de privatização
“A dramaticidade dos números é muito forte. Nós tivemos em 2015 um prejuízo de R$ 2,1 bilhões.
Em reunião da Comissão de Legislação Participativa da Câmara, nesta quinta-feira (11), o presidente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), Guilherme Campos, afirmou que a crise está se agravando cada vez mais na instituição com a presença de novas tecnologias.
Os Correios, alertou ele, não detém mais o monopólio da comunicação, e precisa se modernizar.
“A dramaticidade dos números é muito forte. Nós tivemos em 2015 um prejuízo de R$ 2,1 bilhões. Os resultados de 2016 ainda não estão fechados, mas também há um prejuízo de cerca de R$ 2 bilhões. A necessidade de transformações torna-se evidente.”
Dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos ( Dieese) mostram que, entre 2011 e 2016, a despesa e a receita dos Correios cresceram 53,5% e 32,8%, respectivamente. Mas, em relação aos trabalhadores, os gastos são equivalentes aos de outras empresas similares no mundo.
Trabalhadores
Para o presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios, José Rivaldo da Silva, as medidas tomadas pela direção da empresa não são suficientes e seguem no caminho da privatização. Segundo ele, ações como suspensão de férias e anúncio de demissão incentivada são uma forma de assédio e trazem insegurança aos empregados. Para Silva, é preciso investir na eficiência da entrega de correspondência, que ainda representa 50% do faturamento da empresa.
Esse número poderia ser maior, disse o sindicalista, se a fatura do cartão de crédito não chegasse atrasada e se houvesse mais funcionários na ponta para melhorar a entrega. “Porque em 2008 a empresa tinha 127 mil trabalhadores e, com o último plano de demissão, vai ficar com 112 mil. Ou seja, são 15 mil pessoas fora da empresa e continuamos dando conta do recado.”
O coordenador da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Correios, deputado Leonardo Monteiro (PT-MG), criticou a intenção do governo federal de fechar agências justamente nas pequenas cidades.
“Nós somos contra, estamos juntos com os trabalhadores, com a população brasileira que confia nossa Correios como uma das empresas sérias do País. Portanto, precisamos viabilizar as condições para que os Correios continuem sendo uma empresa pública e de qualidade.”
Os Correios têm cerca de 11 mil agências instaladas em 5.570 municípios. Há 354 anos, a empresa detém o monopólio dos serviços postais no Brasil.
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