Relação de amizade evita corrida nuclear na América do Sul
José Sarney, do Brasil, e Raul Alfonsín, da Argentina, mantiveram cordialidade entre os dois países.
É lançado nesta segunda-feira, 20, o livro digital “Origens da cooperação nuclear – uma história oral crítica entre Argentina e Brasil”. A obra aborda em um dos seus temas a contenção de uma corrida nuclear na América do Sul na segunda metade dos anos 1980, em virtude da amizade pessoal que existia entre os então presidentes do Brasil, José Sarney, e da Argentina, Raul Alfonsín, que morreu em 2009.
O livro, organizado pela Fundação Getúlio Vargas e colaboradores, mostra a transcrição de conferência acerca do tema acontecida em março de 2012, no Rio de Janeiro. Conforme a obra, nos aos 80 Brasil e Argentina não tinham interesse de assinar o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), que só seria ratificado em 1995, pelo segundo país, e em 1998 pela República Federativa do Brasil.
Sarney e Alfonsín, amigos pessoais, visitaram, juntos, as usinas nucleares de Pilcanyeu, na Argentina, em 1987, e Aramar, no Brasil, em 1988. os dois presidenetes bateram fotos se cumprimentando, na visitas. Nos dois eventos foi firmada a certeza entre os dois mandatários de que os seus países não tinham nada a esconder um do outro sobre os seus programas nucleares.
José Sarney afirma ter confiado em Raul Alfonsín desde o primeiro encontro entre os dois, em 1985. O livro lançado nesta segunda-feira apresenta a seguinte declaração do presidente brasileiro: “Expus que nossa divergência com a Argentina era baseada numa tese do século dezenove de que quem tivesse o domínio do rio Prata tinha o domínio da América do Sul, que era obsoleta. Ele concordou”.
A iniciativa das visitas presidenciais foi do ãrgentino para que o Brasil soubesse até que ponto os dois países tinham avançado. Sarney reconheceu, na ocasião, que em programa nuclear a Nação vizinha estava dez anos à frente da brasileira. Isso ensejou que o Brasil se esforçasse para que poucos anos depois ficasse parelha com a Argentina.
José Sarney e sua equipe de trabalho na Presidência da República apelidaram as articulações entre ele e Raul Alfonsín de “diplomacia da foto”, em referência a uma fotografia que correu o mundo mostrando os dois mandatários apertando as mãos.
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