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Vírus do atual surto de febre amarela tem mutação genética inédita, diz Fiocruz

Segundo pesquisadores, não há registro anterior dessas alterações na literatura científica mundial. No entanto, mudanças genéticas não tiram eficácia das vacinas disponíveis.


Pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) finalizaram o sequenciamento completo do genoma do vírus responsável pelo atual surto de febre amarela no país. A partir dessa análise, eles encontraram variações inéditas em algumas de suas sequências genéticas. Não há registro anterior dessas mutações na literatura científica mundial, de acordo com a instituição.

A equipe de cientistas informa, no entanto, que a vacina usada atualmente protege contra diferentes genótipos do vírus, incluindo o sul americano e o africano, e que as alterações detectadas no estudo não tiram a eficácia de quem tomou uma dose.

“A vacina vai proteger certamente. Um exemplo disso é que em qualquer lugar do mundo que você tem variantes da febre amarela, a vacina protege com a mesma eficácia. A princípio não muda nada”, disse uma das pesquisadoras, Myrna Bonaldo.

Esse é o maior surto de febre amarela das últimas décadas. O último boletim do Ministério da Saúde confirmou 756 casos no país, com 259 mortes devido à infecção. Os casos continuam silvestres, com infecções em regiões de mata e/ou rurais. A doença é transmitida pelos mosquitos Sabethes e Haemagogus.

Hipóteses de mutação
Segundo Bonaldo, uma possibilidade para a mutação ter ocorrido é a capacidade do vírus se modificar geneticamente com frequência (não tanto como o da gripe), e também devido à baixa cobertura vacinal antes do surto na região do Rio de Janeiro e Espírito Santo.

A pesquisadora também detalhou como serão os próximos passos do estudo e destacou que ele serve para conhecer a capacidade circulação do vírus no país.

“O estudo dá ferramentas preciosas para fazer uma melhor vigilância sanitária e prever piores casos, além de saber que regiões do Brasil podem ser priorizadas na hora de uma vacinação”, disse.

A partir de agora, a equipe irá estudar o vírus em laboratório e comparar o tipos anteriores ao surto atual. Também tentarão estabelecer se esse caso pode ser mais agressivo ou não.

Bonaldo disse que os pesquisadores estão com mosquitos selvagens e urbanos, uma busca por entender se eles possuem o mesmo potencial de infecção.
“Vamos poder conhecer um pouco mais da biologia do vírus”, afirmou.


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