Alunos de escola quilombola escrevem livro de poesia sobre construção da identidade afro
Obra foi produzida por estudantes do ensino modular da comunidade de São Tomé do Aporema, em Tartarugalzinho
Durante os meses de maio e junho, 26 alunos do ensino modular da Escola Estadual Quilombola de São Tomé do Aporema, no município de Tartarugalzinho, produziram poemas que marcam as raízes étnico-racial da região. O talento e a sensibilidade dos jovens resultaram no livro “Identidade Afro – 1ª Antologia Poética do Quilombo de São Tomé do Aporema”.
A obra foi construída ao longo das aulas da disciplina “Projeto de Vida e Eletiva”, ministrada pelo professor do ensino modular, Ivaldo da Silva Sousa, de 51 anos, e representa um marco significativo na valorização e celebração das temáticas negras e culturais, herança das raízes quilombolas.
“É com imensa alegria e orgulho que tenho a honra de apresentar a primeira Antologia poética Identidade Afro, desenvolvida durante as aulas do sistema modular do ensino médio. Esta obra é fruto do talento dos nossos alunos da Escola Estadual Quilombola de São Tomé do Aporena”, ressaltou Sousa.
O aluno David Santana, de 15 anos, cursa o 1º ano do ensino médio na escola quilombola. Ele conta que nunca imaginou viver a experiência de produzir poesia, e mais ainda, de participar de uma obra literária.
“Foi gratificante participar do projeto desenvolvido pelo professor Ivaldo Sousa, pois além de aprendermos muito, o livro nos ajudou a construir nossa identidade negra. Antes dessa experiência, não tínhamos noção de muita coisa e por meio dele, aprendemos a gostar de nós mesmos e honrar nossa ancestralidade”, destacou Santana.
A obra foi apresentada durante a entrega de cerca de 700 kits pedagógicos produzidos pelo Governo do Amapá para os profissionais da educação modular. O professor Ivaldo, que é o organizador do livro, entregou um exemplar para a secretária de Estado da Educação, Sandra Casimiro.
Ensino modular
O Sistema Organizacional de Ensino Modular atende 562 comunidades, em 15 municípios do Amapá. São 72 escolas entre ribeirinhas, do campo e das florestas que atendem mais de 6,8 mil alunos. Os estudantes têm aulas presenciais em quatro módulos, com 50 dias letivos cada, para desenvolver o conteúdo programático e as avaliações.
Ao fim de cada módulo, há três dias para recuperação. O Ensino Modular no Amapá possui 540 docentes e 12 pedagogos. O sistema é uma estratégia para garantir o acesso à educação às comunidades que são afastadas dos centros urbanos. Em um sistema de rodízio, todos os estudantes têm acesso aos conteúdos necessários.
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