Autista revela talento como design no Dia do Quadrinho Nacional, em Macapá
Programação durou dois dias na Biblioteca Pública e reuniu artistas dos mais diferentes segmentos.
Letícia Chucre, 19 anos, é autista e está concluindo o curso de Design. Mas, a paixão por desenhar surgiu bem antes, quando ela tinha apenas três anos. Desde então, os traços ganharam perfeição e a habilidade aprimorada permitiu que a jovem artista conclua um desenho em poucos minutos.
Motivada pelo talento da neta, a avó Íria Leite resolveu fazer uma surpresa levando Letícia à programação do Dia do Quadrinho Nacional, em Macapá, promovido pela Biblioteca Pública Elcy Lacerda em parceria com a Universidade Federal do Amapá (Unifap). O evento teve duração de dois dias com encerramento nesta sexta-feira, 2.
A surpresa, logo se transformou em diversão e encantamento para a jovem que demonstrou todo o seu entusiasmo ao participar do evento que retratou o mundo da imaginação e criatividade. “Minha felicidade é expressar meu amor através dos desenhos. Criar algo novo é incentivar as outras pessoas a também mergulharem no mundo da imaginação”, exclamou a desenhista que tem como principal influência os mangás – histórias em quadrinhos de origem japonesa. Ela também planeja se especializar em animação e criar um mangá de sua própria autoria.
Memória cultural
Além de celebrar a produção brasileira de quadrinhos, a programação abriu espaço para outras atividades que fazem parte da cultura pop, com palestras sobre o tema; maquiagem artística; momentos de leituras, caricaturas, cinema e concursos de K-POP e cosplay.
A estudante Amélia Gabriele, 17 anos, gostou do que viu na Biblioteca Pública. Adepta da cultura pop e da literatura de aventura, ela não escondeu sua empolgação e considerou um evento inovador. “Com as novas tecnologias, nossa geração tem deixado os impressos de lado e as conversas olho no olho. Programações como essa, resgatam a interação saudável”, analisou a estudante.
Outro visitante da programação, Alan Oliveira, sugeriu que o evento seja disseminado nas escolas. Ele, que também tem a habilidade em desenhar disse que só consegue levar os filhos à biblioteca no período das férias. “Meus filhos são, naturalmente, atraídos pelo universo dos quadrinhos e gostaria de mais eventos como esse”, desejou o pai.
O espaço também foi propício para aqueles que estavam em busca de uma renda extra, como é o caso da jovem Jillian Barbosa, 24 anos, que uniu, a admiração pela cultura anime, ao lucro. “Mesclar o ultrapassado ao moderno é criar uma nova tendência. Trazer cultura pop para a Biblioteca atrai um público diversificado”, observou.
O jornalista e coordenador do grupo de pesquisa em quadrinhos da Unifap, Ivan Carlos, enfatizou que mais que atrair o público para a Biblioteca Pública, eventos como esse estimulam a produção e pesquisa local, bem como a comercialização das produções. “Brevemente, o Amapá se tornará um celeiro de quadrinhos nacionais, a exemplo, no nosso vizinho Pará”, destacou Ivan que, também palestrou sobre a história do quadrinho paraense.
Concursos
Entre as atrações, o Dia do Quadrinho Nacional em Macapá, promoveu os concursos de K-POP, com a escolha dos melhores dançarinos caracterizados com personagem de animes – da cultura japonesa e de cosplay que selecionou os melhores figurinos de personagens de desenhos animados e de jogos eletrônicos populares. Os três primeiros lugares levaram troféus.
A atriz Fernada Façanha, que representa o segmento cosplay, foi caracterizada como personagem infantil princesa Merinda protagonista do Filme Valente da Disney. “Através da propagação das diferentes culturas, a identidade da Biblioteca está sendo resgatada”, avaliou.
Dia do Quadrinho Nacional
O Dia do Quadrinho Nacional foi estabelecido em 1984 em homenagem ao quadrinista Angelo Agostini. Em 30 de janeiro de 1869, ele publicou a primeira tira de “As Aventuras de Nhô Quim”, considerada uma das primeiras histórias em quadrinhos do mundo. A partir daí, a data passou a ser comemorada todo ano em diversas cidades.
Com 72 anos de existência, a Biblioteca Pública Estadual Elcy Lacerda tem buscado ir além de um espaço de literatura, para ser reconhecida como uma instituição que agrega todos os segmentos culturais desde a arte plástica, passando pela música, poesia, teatro, dança e sincretismo religioso, preservando a memória cultural amapaense.
“Estamos nos reinventando para proporcionar uma melhor experiência aos frequentadores da biblioteca e atrair novos usuários. Percebemos nesse evento, que estamos no caminho certo”, avaliou o gerente da Biblioteca Pública, José Pastana.
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