Castelinho, 51 anos de garçom e muitos casos pra contar
Manoel Nunes Castelo já serviu presidentes do Brasil, ministros de estado, primeira-dama da Nação e celebridades musicais
Douglas Lima
Editor
Manoel Nunes Castelo falou na manhã desta quarta-feira (07), no programa ‘LuizMeloEntrevista’ (Diário FM 90,9), de uma comemoração em relação à sua profissão, o que muito o orgulha. Nesta data, ele, o ‘Castelinho’, completa 51 anos de garçom.
Desde os 22 anos de idade, atualmente está com 73, Manoel Nunes Castelo, o Castelinho, trabalha como garçom, atividade que abraçou em 5 de julho de 1972 para substituir o copeiro que faltara ao serviço no Bar Cacique, hoje não mais existente.
O Bar Cacique pertencia a Alice Gorda, que mais tarde se tornou Rainha Momo do Carnaval amapaense. Ficava na esquina da Avenida Cora de Carvalho com Rua Hildemar Maia. Em sua primeira vez de garçom Castelinho serviu os clientes, de bermuda e sandália.
Do Cacique, Castelo foi para o Merengue, boate que fez fama, passou pelo Juçarão, Círculo Militar e os clubes Amapá e Independente. O estabelecimento Cabana do Pai Tomás foi o último onde atuou antes de sua vida dar uma guinada, porém sempre servindo como garçom.
Verdadeiramente, a vida de Castelinho deu a guinada na própria Cabana do Pai Tomás. Quando lá servia, foram ao local o empresário Bira e o governador do então território federal do Amapá, Annibal Barcelos. O Comandante gostou do garçom que o servia, à primeira vista.
Em certo momento, o governador perguntou a Castelo sobre o que ele fazia, profissionalmente, além de servir. Castelo respondeu que nada. Na despedida, Barcelos disse para o já amigo que o procurasse no Palácio do Setentrião, pois ingressaria no governo.
A ida de Annibal Barcellos à Cabana do Pai Tomás foi num fim de semana. Na segunda-feira, quando ele chegou em casa, disseram a Castelinho que três telefonemas tinham sido dados do Palácio do Setentrião com a informação de que ele lá procurasse o governador.
Assim, o humilde e alegre Manoel Nunes Castelo entrou no serviço público. Foi lotado na Residência Oficial do Governador, para o ofício de garçom. No programa de rádio, Castelinho registrava: “Só na Residência Oficial passei 13 anos, sete meses e 17 dias”.
Depois da morte do Comandante Barcellos, Castelinho aderiu ao Programa de Demissão Voluntária do governo federal, mas ingressou na Prefeitura Municipal de Macapá, através de concurso, para também ser garçom. Aposentou-se agora há pouco na gestão de Furlan.
Dos cinco presidentes do Brasil, durante o governo militar, Manoel Castelo, como garçom, serviu três: Emílio Médici, Ernesto Geisel e João Batista Figueiredo. Na galeria dos chefões do país o garçom também assinala atendimentos a Collor Melo e José Sarney.
Com muito orgulho, no ‘LuizMeloEntrevista’, Manoel Castelinho disse que também já serviu o senador Davi Alcolumbre no tempo que o parlamentar amapaense ficou interinamente no cargo de Presidente da República.
Roseane Collor de Melo, quando como primeira-dama do país visitou o Amapá para inauguração do Projeto Minha Gente, na zona norte, foi gentil e elegantemente servida pelo competente e simpático Castelinho.
O garçom amapaense serviu o então ministro das minas e energia, César Cals, e o também então ministro da justiça, Ibrahim Abi-Ackel. De artistas, ele tem uma lista: Fafá de Belém, Sidney Magal, Agnaldo Timóteo, Ronnie Von, Beto Barbosa, entre outros.
Certa vez, atuando no Chapéu de Palha, Castelinho levou ’ bico’ de um cliente que consumira três cervejas e ia saindo sem pagar. O indivíduo correu, com o garçom atrás, e sumiu como num passe de mágica. De manhã foi descoberto que o mau pagador caíra num poço.
Não são raras as vezes em que o bom garçom tem que servir de analista para muitos ébrios sofrendo por amor passional ou com experiência de morte na família, entre outros problemas. “Isso é muito comum na minha profissão”, confessa.
Manoel Nunes Castelo, na entrevista, fez questão de dizer que está aposentado do serviço público, inclusive esperando transposição para o governo federal, mas não aposentado da profissão de garçom, a qual pretende exercer ainda por mais longos anos.
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