Ciclo do Marabaixo 2023 inicia com encontro de gerações e celebração à fé, tradição e resistência
Calendário festivo iniciou neste sábado, 8, e se estende até 11 de junho, com apoio do Governo do Estado
Foi no rufar das caixas e no rodar das saias floridas que as comunidades negras do Amapá celebraram o início do Ciclo do Marabaixo, em homenagem à maior expressão cultural do estado. Este ano, o tema da festividade é “Fé, tradição e resistência”. A alegria do encontro de gerações nos barracões dos grupos que realizam o evento marcou o primeiro dia do calendário festivo, que segue até 11 de junho, o primeiro domingo após o feriado de Corpus Christis.
No Barracão da Tia Gertrudes, sede do grupo Berço do Marabaixo, os descendentes de Gertrudes Saturnino, que dá nome ao espaço, se reuniram para festejar. A coordenadora do grupo, Valdinete Costa, celebrou a festividade com suas filhas Lorena, 28, Loren, 25 anos, e Lorrany, 18, anos, e os netos Davi Luiz,7 anos, Jontas Valentim, 2 anos, e Anna Cecília, 9 meses.
“Hoje o sentimento é de alegria e gratidão pelo início de mais um Ciclo do Marabaixo, com culto à Santíssima Trindade. Nosso grupo envolve a família, não só minhas filhas e netos, mas minhas irmãs, sobrinhos e outros colaboradores. São gerações com a missão de perpetuar o Marabaixo”, diz Valdinete.
O Governo do Amapá apoia a realização do evento, que é coordenado pelos grupos Berço do Marabaixo, Associação Zeca e Bibi Costa (Azebic), Campina Grande e Santíssima Trindade da Casa Grande.
“O marabaixo é cultura, é tradição, é resistência. Nossa gestão tem compromisso com a cultura, mas esse compromisso é ainda maior com a nossa mais autêntica manifestação”, explica a secretária de Estado de Cultura, Clícia Di Miceli.
Retorno das tradições
Na avenida Mendonça Furtado, as caixas rufavam no barracão do grupo Azebic. Ali, a animação é em dose dupla, com o início do Ciclo e com o retorno do grupo após seis anos. A matriarca da família festeira, dona Irene Pereira, de 82 anos, diz que o clima é de muita alegria e gratidão, pois o retorno é o pagamento de uma promessa dela à Santíssima Trindade, depois de ficar um ano sem andar.
“O coração apertava de saudade. Nos nossos corações, a festa sempre aconteceu, mas agora temos a alegria de estar de volta e chamamos o público para conhecer nossa tradição”, diz dona Irene.
Os grupos serviram gratuitamente para os visitantes a tradicional gengibirra, a bebida que é o “combustível” dos festeiros, e o cozidão, enquanto os marabaixeiros dançavam.
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