Com programação diversificada, 29º Encontro dos Tambores celebra cultura hip-hop
Evento recebe apoio do Governo do Estado e fortalece as raízes e a cultura ancestral das comunidades negras no Amapá
O movimento hip-hop dominou o palco e a atenção do público que participou do 10º dia de programação do 29º Encontro dos Tambores, na noite de sábado, 23, no Centro de Cultura Negra Raimundinha Ramos, em Macapá. O evento, que conta com o apoio do Governo do Amapá, teve dança, batalhas de rimas e grafite, expressando resistência, inclusão e diversidade cultural.
A coordenadora da União dos Negros do Amapá (UNA), Cristina Almeida, destacou a representatividade que significa enaltecer um estilo tão importante dentro da cultura negra.
“Quando se fala em hip-hop, a gente se remete a resistência, a juventude excluída que tenta todos os dias afirmar a cultura da sua ancestralidade sem sofrer preconceito. O estilo faz parte da minha trajetória como política, pois fui autora da lei que instituiu a Semana Estadual de promoção do hip-hop. Fico emocionada em estar coordenando o evento onde essa lei pudesse estar se valendo num momento do mês da presença negra”, ressaltou Cristina.
A programação iniciou com a roda de conversa ‘Identidade Negra no Hip-hop’, seguido pelas preliminares das disputas de dança breaking, de rima, criação de ‘graffiti’ ao vivo produzidas durante todo o evento, exposições de grafites, além de músicas com DJs e outras apresentações artísticas.
Alberto Lima desenvolve desde 2009, o projeto social “Escola de breaking danças urbanas” para jovens, no Estádio Glicério Marques e no Residencial Jardim Açucena. Ele coordenada o grupo ‘Hip-hop Máxima Crew” e refletiu sobre a conquista de participar desta edição do Encontro dos Tambores.
“O estilo desempenha um papel essencial conectando a ancestralidade africana e indígena às expressões urbanas contemporâneas, com mensagens de resistência, identidade e inclusão, ele amplia a diversidade cultural do evento e aproxima as tradições das novas gerações”, ressaltou o coordenador, Bboy Alberto (nome artístico).
A atleta e atual campeã estadual de breaking, Laissa Miranda Santos, de 22 anos, conhecida como Layla, veio do município de Santana. Ela falou da representatividade feminina dentro do movimento.
“Sou mãe, sou mulher e para mim é uma grande conquista, pois me identifiquei com o Hip-Hop muito nova. O evento traz visibilidade para nós, principalmente por ajudar a motivar a participação de mais mulheres na cena”, destacou Layla.
A programação contou ainda com as apresentações dos tradicionais grupos, Marabaixo do Pavão e da União dos devotos de Nossa Senhora da Conceição do Igarapé dos Lagos, e encerrou com o show nacional de Renan Inquérito, referência no estilo com 25 anos de carreira e que esteve, pela primeira vez, em Macapá.
“Estar aqui hoje é muito significativo. É uma grande vitória do hip-hop do Amapá, do Norte e do Brasil, porque mostra que ele não tem fronteira. Estou muito feliz em conhecer a cultura afro-amapaense, a força da floresta, da África, junto com a força do povo, mostrando que hip-hop é quilombola, é indígena e é preto também”, lembrou o artista.
A programação, que tem entrada gratuita e segue até terça-feira, 26, é realizada pela União dos Negros do Amapá (UNA), com apoio da Fundação Estadual de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Fundação Marabaixo) e da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), com atividades diversas, desde palestras até apresentações artísticas do Amapá e da Guiana Francesa, além de shows nacionais do intérprete oficial da Mangueira, Douglas Diniz, com o projeto Mestres do Samba, e do rapper Renan Inquérito.
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